Por: Paulo Basso
Na última sexta-feira (12/03), diversas entidades e mais de duas centenas de populares participaram da passeata contra o Sistema Integrado Grande Irmão, implementado pela concessionária de transporte público de Poços de Caldas – Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas – no último dia 06 de março.
A passeata, que se concentrou na Praça do Museu, circulou pelas ruas centrais da cidade sob palavras de ordem como: “Amigo da Onça”, “Roleta, vou pular roleta”, “Cansado estou eu de ser explorado” (em referência ao dono da concessionária, Flávio Cançado) dentre outras, aglutinando transeuntes, retirando aplausos e gritos de solidariedade por parte da população que a presenciava em seu trajeto.
O Sistema Integrado, segundo o site da própria empresa, deveria ser “...um projeto de reestruturação e modernização do Transporte Coletivo Urbano de Passageiros, idealizado e desenvolvido pela Prefeitura Municipal em parceria com a...” referida empresa, objetivando “aumentar a acessibilidade da população, através da diversificação das opções de deslocamento, realizado por uma nova rede de linhas alimentadoras e troncais, possibilitando maior oferta de viagens nos bairros, reduzindo o tempo das viagens e proporcionando maior agilidade com menor custo de deslocamento”. Entretanto os fatos vem contradizendo esta versão idealizada.
Inicialmente convidadas, e não participando da pré-organização do protesto, a União da Juventude Socialista e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, tiveram uma presença marcante e decisiva. As bandeiras da UJS e da CTB, únicas a serem erguidas durante a passeata, deram a cor e o tom do evento. Inicialmente um movimento sem uma coordenação definida, muitos gritavam que se tratava de um evento espontaneo. Aos poucos foi criando forma, força e organização. Com a presença de várias entidades, sindicatos e partidos políticos o protesto ressentiu-se de uma coordenação antecipada, de uma pauta de reivindicações e de uma comissão de negociação.
O presidente do PCdoB em Poços de Caldas, Paulo Basso, o coordenador regional da CTB, Antônio Anésio da Silva Filho, e o presidente da UJS, Breno de Assis Munhoz, juntamente com lideranças do PT Poços de Caldas, identificaram estas lacunas e propuseram a solução, que foi anunciada em um discurso, na escadaria da prefeitura pelo presidente do PCdoB. Deliberou-se que a manifestação tinha cumprido seu objetivo inicial, que era chamar a atenção das autoridades locais para o problema e ser uma caixa de ressonancia para as reivindicações da população poçoscaldense. Mas que era necessária uma maior organização, a definição de uma pauta comum de reivindicações e a criação de uma comissão de negociação: “Minhas amigas e meus amigos, nossa força, a força do povo, dos trabalhadores, está em nossa capacidade de organização.
Não podemos criar indisposições entre nós mesmos. Se hoje não é possivel tirarmos uma comissão de negociação, a qual o prefeito acatou receber, nos organizemos o mais rápido possível. Estamos propondo que as lideranças e demais interessados, hoje aqui presentes, se reúnam nos próximos dias, para definirmos nossa pauta de reivindicações e a comissão de negociação. Na terça-feira, o diretor da Circullare, Flávio Cansado, estará na Câmara Municipal. Devemos mobilizar o maior número de pessoas possivel para esta sessão, e na próxima sexta-feira faremos uma passeata muito maior que esta, mobilizando dez vezes o número de pessoas hoje aqui presentes. Pois estamos, a partir de agora, mobilizados vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trinta dias por mês até alcançarmos nossos objetivos”. A proposta foi aplaudida e acatada pelos presentes.
Mobilização permanente até a conquista dos objetivos
Uma pauta mínima conjunta foi apresentada pela União da Juventude Socialista e pelo Partido Comunista do Brasil na reunião de coordenação, marcada para segunda-feira, 15 de março, com as demais entidades participantes. Dentre os principais tópicos desta pauta encontram-se: a definição da concepção de sistema integrado, já que o modelo em voga acresce valores em cada parada nas estações; resolução da problemática do tempo de percurso; fim da diferenciação entre usuários que possuem cartão e os que pagam em dinheiro; fim do valor minimo para a colocação de creditos nos cartões; volta das linhas diretas; discussão dos meios de transporte alternativos: vans e moto-táxis dentre outros.
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Paulo Basso é professor de História e presidente do Comitê Municipal do PCdoB em Poços de Caldas.
Fotos: Paulo Basso.
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