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20 de abr. de 2010

Movimentos denunciam censura e falta de liberdade em Minas Gerais

Vozes minoritárias e censuradas pela mídia mineira realizaram, na tarde dessa terça-feira (20/4), em Belo Horizonte, o ato público “Minas em Defesa da Liberdade”. Foi um ato de “repúdio às práticas antissindicais do atual governo, e sua afronta aos movimentos sociais”, conforme declarações de Celina Arêas, Secretária Nacional de Formação e Cultura da CTB.

A manifestação ocorreu antecipadamente à festa pelo 21 de Abril, Dia da Inconfidência Mineira, organizada tradicionalmente na cidade histórica de Ouro Preto. A Praça Sete, espaço de manifestações populares no centro da capital mineira, foi o local escolhido para o evento paralelo à festa da elite. Sintomaticamente, nenhum veículo de comunicação compareceu.

Celina Arêas
Os protestos dessa terça-feira foram centrados no ex-governador Aécio Neves (PSDB), afastado para participar do processo eleitoral. No governo liderado por Aécio, a festa da Inconfidência Mineira foi esvaziada, transformando-se num evento oficial de governo. O cerimonial tucano isolou a Praça Tiradentes e, como conseqüência, os militantes foram substituídos por passivos espectadores, devidamente credenciados.

O elitismo da dupla tucana Aécio Neves/Antônio Augusto Anastasia também é condenado pelos manifestantes populares. “É um governo de obras, a serviço das empreiteiras e mineradoras, descompromissado com o desenvolvimento social e com as forças populares” denunciou Luiza Lafetá, presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes).

Antônio Miranda falou no ato público em nome da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores). Ele destacou a necessidade de se combater a recente onda intervencionista na organização sindical. “Vivemos uma liberdade vigiada e limitada. Essa não queremos”, declarou referindo-se à greve do setor rodoviário da Região Metropolitana de Belo Horizonte, no mês de fevereiro de 2010. O movimento foi reprimido com multas impraticáveis, determinadas pela Justiça do Trabalho.

Greve na educação também é ignorada pela mídia

Entre os casos recentes de silêncio midiático e blindagem publicitária da dupla Aécio Neves/Antônio Augusto Anastasia está a greve dos trabalhadores da educação pública estadual, iniciada no dia 8/4.

No primeiro dia de greve, foi realizada uma passeata com 5 mil trabalhadores na região central da capital mineira. No dia 15/4, foram mais de 7 mil manifestantes, segundo números do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação). Nenhuma das manifestações recebeu destaque nos jornais, apesar da vigilância militar e da interferência no trânsito.
Segundo o conselheiro do Sind-UTE, Rafael Calado, a greve é motivada pelo cumprimento do Piso Nacional do Magistério. O sindicalista afirmou que a negociação com o governo tem sido “difícil” e marcada pela “coerção no ambiente escolar”.

De acordo com Rafael Calado, há denúncias de inspetores e diretores que “ameaçam o estágio probatório de concursados”. Alguns diretores também estariam ameaçando cortar o ponto dos grevistas, segundo as denúncias. A adesão à greve chega a 65%, segundo o Sind-UTE.

Verônica Pimenta/Jornalista - CTB Minas

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