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17 de set. de 2010

Salários sobem e desemprego cai

Por: Thomas Ferreira Jensen*
 
Publicado no Site Brasil de Fato  em 15/09/2010 

Estudo divulgado em 26 de agosto pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que 97% dascategorias de trabalhadores que negociaram reajuste de salários no primeiro semestre deste ano conquistaram aumentos iguais ou acima da inflação medida pelo INPC, do IBGE. Trata-se de desempenho melhor que o obtido pelas mesmas 290 unidades de negociação nos anos de 2008 e 2009, quando o percentual de negociações com reajustes iguais ou superiores ao índice foi, respectivamente, 87% e 93%.

Entretanto, a proporção dos aumentos reais (acima da inflação) em percentuais próximos do índice inflacionário continua elevada. Aproximadamente 63% dos reajustes em 2010 resultaram em ganhos reais de até 2% acima da inflação. No acumulado dos três anos (2008-2010), 89% das negociações acompanhadas obtiveram ganhos acima do índice inflacionário; 3% se igualaram ao índice e 8% ficaram abaixo, ou seja, acumularam perdas. Apesar do resultado positivo, os aumentos reais, em sua maioria, ainda estão abaixo dos ganhos de produtividade, ou seja, a produção física de mercadorias e serviços e o faturamento das empresas têm crescido bem acima da remuneração paga aos trabalhadores.

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Os resultados do estudo indicam que as entidades sindicais estão conseguindo fazer da reposição das perdas inflacionárias o patamar mínimo da negociação dos reajustes salariais. Dentre os fatores que contribuíram para o resultado dos reajustes salariais no primeiro semestre de 2010 destacam-se a retomada do crescimento econômico no Brasil, sobretudo na indústria, com reflexos no aumento da contratação de trabalhadores com registro em carteira; os aumentos reais concedidos ao salário mínimo oficial, que têm afetado positivamente as negociações das categorias profissionais de menor remuneração; e a redução no percentual dos índices adotados como referência nas negociações para reposição inflacionária. A inflação medida pelo INPC-IBGE no 1° semestre de 2010 foi a menor dos últimos três anos. Em 2010, a média da inflação acumulada em 12 meses para cada data-base do  primeiro semestre foi de 4,89%. Em 2008 e 2009, as médias foram, respectivamente, 5,67% e 6,06%.

Além disso, a queda nas taxas de desemprego verificadas no primeiro semestre também impulsionou os melhores resultados das negociações coletivas. Em julho, a taxa de desemprego recuou para 12,4%, frente aos 12,7% registrados em junho, no conjunto das sete regiões metropolitanas onde é realizada a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) – Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo e no Distrito Federal. Em julho de 2009, a taxa de desemprego estava em 14,8%. Segundo a PED, estavam desempregados em julho deste ano 2,729 milhões de trabalhadores.

Esta conjuntura sinaliza que as categorias que negociam reajustes salariais no segundo semestre – como metalúrgicos, químicos, bancários e comerciários – devem conquistar percentuais de aumento real próximo do que estão reivindicando, ou seja, perto de 5% acima da inflação esperada, que não deve ultrapassar 4,5%.


* Thomas Ferreira Jensen é economista do Dieese.

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