Rogerlan Augusta de Morais*
No período de 25 de novembro a 10 de dezembro, (Dia Internacional de não violência contra as mulheres e Dia Internacional dos Direitos Humanos, respectivamente) ocorreram inúmeras manifestações por ocasião dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Importante lembrar que dia 20 de novembro é o dia Nacional da Consciência Negra e se discute e denuncia a dupla discriminação sofrida pela mulher negra.
Ocorreu no dia 24 de novembro de 2010, em Brasília, no auditório do Congresso Nacional Nereu Ramos, Manifestação Pública contra a Violência à Mulher promovida pelas Centrais Sindicais juntamente com a Coordenadoria Sindical do Cone Sul- CSCSS.
Foto: Passeata das mulheres trabalhadoras durante o período eleitoral, Láldert Carvalho
Essa manifestação foi importantíssima e contou com a presença de vários seguimentos de defesa da mulher, além da Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) Nilcéa Freire, deputadas(os), e mulheres representando as Centrais Sindicais da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.
Nesse dia, vários foram os relatos sobre os tipos de violência cometidos contra a mulher expondo os índices altíssimos dessas agressões. Não obstante, termos uma vasta legislação de proteção à mulher, crimes e violências física e emocional continuam a prevalecer em nossa sociedade.
Em especial nessa manifestação, muito se falou na proteção à família. Foi ressaltada insistentemente a preocupação com os/as filhos(as), irmãs(os) que presenciam o espancamento constante de suas mães e irmãs pelas pessoas que na verdade deveriam oferecer carinho, respeito, amor, proteção: os pais e maridos. O que acontecerá com essas crianças no futuro? Reproduzirão a violência presenciada na infância? Serão vítimas de seus maridos? Negarão qualquer tipo de aproximação afetiva? Penso que as conseqüências são inimagináveis.
Foto: Dia da Consciência Negra, 2010. Láldert Carvalho
Essa discussão leva a uma análise muito mais profunda, do que simplesmente criar leis e denunciar a violência. É preciso também tratar as vítimas que na maioria das vezes carregam consigo a doença emocional da rejeição, insegurança, medo, desprezo por si mesma, desesperança, e outros inúmeros sentimentos que impedem uma pessoa de viver feliz e com dignidade.
É importante que a sociedade se indigne com todo tipo de agressão física ou emocional e denuncie essa prática repugnante, ou, do contrário estaremos contribuindo para uma forma de vida retrógrada em que tudo é resolvido pela força física.
Nesse sentido, dezesseis dias de ativismo contra a violência à mulher é um período em que se discute publicamente a questão e é muito importante para não deixar cair no esquecimento, o sofrimento de tantas mulheres que lutam desesperadamente para viver com dignidade. Mas, temos que ter em mente que a sociedade deve abraçar essa causa durante os 365 dias do ano.
* Secretária Geral CTB Minas
Nenhum comentário:
Postar um comentário