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17 de dez. de 2010

FALSO DILEMA

Marcelino da Rocha*

O anúncio recente de que a Fiat Automóveis destinará 30% dos R$ 10 bilhões que planeja investir no país de 2011 a 2014 à instalação de uma nova unidade no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, desencadeou uma reação por parte de parlamentares tucanos e demistas em Minas Gerais, que acusam o presidente Lula de ter influenciado a decisão tomada pela montadora em prejuízo dos interesses do Estado que, em 1972, abrigou sua primeira fábrica no país.


Além de bairrista, o posicionamento destes parlamentares traz embutido o que podemos chamar de um falso dilema. Para o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, da maneira como será levada à prática, a partilha anunciada pela Fiat apenas reforça a importância dada à unidade instalada em Minas Gerais. Afinal, os R$ 7 bilhões a serem investidos no Estado consolidam-na como a maior do grupo em todo o mundo. Afora isso, os R$ 3 bilhões que se destinarão à construção de uma nova fábrica em Pernambuco, além de servirem de estímulo à descentralização de riquezas em nosso país, ratificam um dos princípios que têm orientado o governo Lula desde sua posse, em 2003: trabalhar por um Brasil menos desigual, em que mais brasileiros tenham acesso ao emprego e a uma renda mensal que lhes possibilite viver com dignidade.

 O que é importante observar, neste caso, é se todo o investimento que será feito pelo governo de Pernambuco para alojar a nova fábrica será retribuído à altura pela montadora na forma de empregos e salários. Da mesma maneira que esperamos que o investimento previsto para Minas Gerais se reverta também em favor dos trabalhadores que fizeram da Fiat líder do mercado pelo oitavo ano consecutivo e permita multiplicar o número de postos de trabalho na cadeia de fornecedoras de autopeças instalada em seu entorno.

O brado dos parlamentares do PSDB/DEM nos leva ainda a perguntar qual tem sido a preocupação destas bancadas para com as atuais condições de trabalho dos metalúrgicos da Fiat, que, apesar de produzirem mais e com a mesma qualidade, ainda recebem salários inferiores aos que são pagos em outras regiões do país e são alvo de intensa rotatividade da mão-de-obra, que os obriga a conviver com o permanente fantasma da demissão.

Por último, sem abandonar a posição contrária à guerra fiscal que opõe atualmente Estados da Federação, consideramos no mínimo contraditório que estes mesmos parlamentares ainda não tenham se colocado em favor de um debate aprofundado sobre as alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) cobradas atualmente em Minas Gerais, que já levou dezenas de empresas a trocarem o Estado por outras regiões do país. São temas como estes que gostaríamos de ver levados a debate pelos parlamentares mineiros. Pelo bem de Minas Gerais e de seus trabalhadores.


Marcelino da Rocha é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e da FIT Metal, Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil.

Um comentário:

  1. Valdirene Dias19 dezembro, 2010

    Parabéns,Marcelino pela sua colocação em favor dos menos favorecidos. É por aí que vamos acabando aos poucos com a desigualdade em nossa Nação. Me orgulho muito de fazer parte de uma família como o PCdoB que agrega pessoas como você! Saudações Socialistas.Valdirene.

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