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16 de fev. de 2011

O País não pode abandonar a onda de crescimento

A gritaria dos analistas de mercado em torno do deslocamento da taxa de inflação do centro da meta, com tendência de alta como se deu no último período, tem tido grande impacto no governo Dilma. Isso explica a elevação da taxa básica de 10,75 para 11,25%, as medidas de limitação do crédito ao consumidor e mais recentemente o anúncio do corte de cerca de R$ 50 bilhões no Orçamento da União. Acrescente-se a resistência governista em aumentar o mínimo acima dos R$ 545.


Murilo em panfletafem na porta da FIAT (Betim) 11/02/2011

Essa pressão exercida através de diversos órgãos de imprensa não é novidade. Ela é fruto do pensamento hegemônico desde a implantação do Plano Real em torno da manutenção da estabilidade da moeda a qualquer custo. No período FHC, tais custos foram sentidos na carne pelos trabalhadores, como desemprego em massa, arrocho salarial, juros estratosféricos, estagnação econômica, baixa taxa de investimento e por aí vai.

A intenção é se apropriar dos rumos e do projeto de governo Dilma reorientando-o para os interesses conservadores. No Plano de governo pelo qual ela foi eleita, e muito bem votada, não consta tal plataforma conservadora. Pelo que se sabe, nem o tucano José Serra sequer assumiu claramente qualquer compromisso com os preceitos monetaristas.

O que faz um governo de esquerda desviar-se de sua plataforma e assumir preceitos que não são seus - pelo menos em campanha eleitoral? Pelo que sabemos, o Lula, para ganhar a eleição no 2º turno de 2006, teve que demarcar com as diretrizes neoliberais de seu opositor. Em 2010, parecia não haver nenhum candidato monetarista, todos falavam que eram desenvolvimentistas. Por que só agora o monetarismo volta a dar as caras?

Uma coisa é certa, não adianta somente vencer uma eleição. A cada dia, o novo governo está em disputa. Cansada de derrotas eleitorais, a elite financeira está querendo corroer o governo por dentro e por todos os lados. Ao seu lado, conta com um corpo de pensadores bem treinados e formados em universidades estadunidenses e que aqui no Brasil, assim como nos EUA das mega-fraudes financeiras, servem ao capital parasitário, especulativo e que não “prega um prego” na economia. As conquistas do último período do governo Lula estão ameaçadas...


*Murilo Ferreira da Silva é diretor da CTB Minas e do Sindicato dos Professores do Estados de Minas Gerias (Sinpro Minas).




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