O
torturador Ariovaldo da Hora e Silva foi denunciado, na manhã desta
segunda-feira, 26, pelo movimento social Levante Popular da Juventude por ter
participado de sessões de tortura durante o regime militar.
Pela
manhã, cerca de 70 pessoas fizeram uma manifestação em frente à residência
Ariovaldo, no bairro da Graça, em Belo Horizonte. Com
faixas, cartazes e tambores os manifestantes distribuíram cópias de documentos
oficiais do Dops contendo relatos das sessões de tortura ocorridas durante a
ditadura, com a participação de Ariovaldo, para conscientizar a população
vizinha ao criminoso.
Ariovaldo
foi escrivão da Polícia Federal na Delegacia de Vigilância Social e delegado da
Polícia Civil em Minas
Gerais , onde exerceu atividades no Departamento de Ordem Política
e Social (Dops) entre 1969 e 1971, quando cometeu crimes contra a humanidade,
em especial a tortura de Jaime de Almeida, Afonso Celso Lana Leite, Cecílio
Emigdio Saturnino e Nilo Sérgio Menezes Macedo, entre outros.
Durante
a manifestação, vizinhos se mostraram surpresos com o fato do
Ariovaldo ter sido torturador do regime militar. “Não sabia que o ‘Seu
Ari’ era um torturador. Tenho na família um caso de perseguido pela ditadura
e vou divulgar isso”, disse um morador da região. O denunciado permaneceu em
casa ouvindo e assistindo a manifestação, tendo aparecido na janela por alguns
segundos.
Ariovaldo
da Hora e Silva é citado na obra Brasil Nunca Mais (Projeto A), acusado de
envolvimento com a morte de João Lucas Alves e de ter praticado
tortura contra presos políticos.
Na
primeira comissão constituída para tratar do recolhimento dos documentos do Dops
ao Arquivo Público Mineiro (APM), em 1991, ele foi designado para representar a
Secretaria da Segurança Pública do Estado de Minas Gerais (Sesp). Em 1998, foi
Coordenador de Informações da Coordenação Geral de Segurança (Coseg).
As
ações de denúncia de diversos torturadores que continuam impunes foram
realizadas nesta segunda-feira, simultaneamente, em diversas capitais do País. O
Levante Popular da Juventude exige a apuração da verdade e punição aos crimes
cometidos pela ditadura militar.
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