Mais
um trabalhador morreu no Centro-Oeste de Minas vítima de acidente de trabalho
na indústria de fogos. José Antônio Bernardes, 61 anos, era empregado da Fogos
Record, localizada na Fazenda Capão Vermelho, na zona rural de Lagoa da Prata.
A
morte, ocorrida no dia 4, foi a segunda registrada este ano na região, que
concentra dezenas de fábricas do ramo. No dia 8 de maio, outros dois trabalhadores perderam
suas vidas em uma explosão na fábrica de fogos de artifício Estrela, em Santo
Antônio do Monte. Em 2011, foram quatro mortos em acidentes na região.
Para
o Sindicato dos Trabalhadores das Fábricas de Fogos de Artifício de Santo
Antônio do Monte, Lagoa da Prata e Itapecerica (Sindifogos), as mortes estão
relacionadas às más condições de trabalho nas fábricas e a jornadas extenuantes
de trabalho. Impedido pelos proprietários de fiscalizarem as empresas, o
Sindicato tem denunciado os casos ao Ministério Público do Trabalho.
Após
as últimas mortes, fiscais do Ministério do Trabalho estiveram na região
verificando a situação das fábricas de fogos. Em contato com o Sindifogos, os
fiscais disseram que a fiscalização deverá ser intensificada, com visitas às
fábricas pelo menos a cada dois meses.
Para
o presidente do Sindicato, Antônio Camargo dos Santos, somente com uma
fiscalização constante e com a punição exemplar dos fabricantes que não estão
cumprindo a legislação os acidentes poderão ser minimizados.
“O
Sindicato tem feito o que pode para que as empresas ofereçam boas condições de
trabalho e segurança para seus empregados. Mas, como somos impedidos de entrar
nos locais de trabalho, só mesmo com a ajuda do Ministério Público do Trabalho
será possível evitar a ocorrência de novos acidentes”, disse o presidente do
Sindifogos.
Para que tragédias como estas não se repitam, o
Sindifogos, por meio da CTB Minas, encaminhou ofícios às autoridades trabalhistas,
Procuradoria Federal do INSS, Exército Brasileiro e ao Conselho Nacional de
Justiça denunciado as mortes dos trabalhadores e pedindo providências urgentes
para a melhoria das condições de trabalho e de segurança nas fábricas de fogos.
A
CTB Minas também solicitou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a
realização de uma audiência pública para debater os acidentes no trabalho.
Para a CTB, a vida humana não é mercadoria e a segurança no trabalho é direito
fundamental.
“Basta
de tragédias nas fábricas de fogos. O Poder Público precisa tomar medidas efetivas
para se evitar que mais trabalhadores sejam assassinados em pleno exercício de
suas atividades pela ganância do capital que explora e mata”, disse o presidente
em exercício da CTB Minas, José
Antônio de Lacerda, o Jota.
Multa
Durante
a fiscalização em Santo Antônio do Monte, uma fábrica de fogos foi multada em
R$ 5 mil por não oferecer copos descartáveis a seus empregados. “Essa situação
é um exemplo da precariedade das empresas da região e da falta de respeito dos
empresários para com os trabalhadores. Se não oferece copos descartáveis, que
segurança os trabalhadores desta empresa vai ter no chão de fábrica?”,
questionou a diretora do Sindifogos Silvânia de Sousa Pinto.
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