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29 de mai. de 2013

3º Encontro da CTB Minas reafirma disposição de luta dos mineiros para avançar nas mudanças com valorização do trabalho


A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB Minas) realizou nos dias 24 e 25 de maio seu 3º Encontro Estadual, no clube do Sesc de Contagem, cidade operária da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Recepcionados pelo então presidente em exercício da CTB Minas, José Antônio de Lacerda, o Jota, a abertura do Encontro contou com a presença de mais de 200 pessoas, entre delegados representantes de sindicatos de todo o Estado filiados à Central, observadores e convidados, dentre eles o presidente nacional da CTB, Wagner Gomes; os secretários nacionais da Central Vilson Luiz da Silva (Finanças) e Joílson Antônio Cardoso (Política Sindical e Relações Institucionais); e o presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo.
Também prestigiaram o evento a deputada federal Jô Moraes e o vereador de Belo Horizonte Doutor Sandro (PCdoB); a coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador, Marta de Freitas; além de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimento e Ensino (Fitee), Nova Central, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entre outras entidades.
O Encontro foi aberto com a eleição da Mesa Diretora do Encontro e da Comissão Eleitoral. Na sequência, após a execução do Hino Nacional Brasileiro, houve a exibição de um vídeo sobre as lutas empreendidas pela CTB Minas na atual gestão.
Em seguida, as autoridades que compuseram a mesa saudaram a plenária e, logo depois, o então presidente licenciado da CTB Minas e vereador de Belo Horizonte, Gilson Reis, discorreu sobre a conjuntura mineira.
“Em Minas Gerais existe um governo que tenta cooptar o movimento sindical e construir, a partir das bases sindicais, o seu projeto de ‘governança’, fundamentalmente na luta política de 2014. Nós compreendemos que aqui em Minas Gerais o movimento sindical deverá exercer todas as suas funções, toda a sua luta e mobilização no sentido de desmascarar esse governo que, ao longo de dez anos, vem desrespeitando o movimento sindical, os servidores públicos estaduais, a Educação e a Saúde”, disse.
Segundo Gilson Reis, cabe os sindicalistas, na luta política em Minas, criar as condições para fazer a luta política nacional. “Não é possível que parte do movimento sindical ainda hoje considere, como alternativa de governo para o nosso País, o senador da República Aécio Neves. Sabemos que Aécio representa o que existe de mais atrasado na história de Minas Gerais, o projeto neoliberal, que conseguimos destruir com a eleição do presidente Lula, em 2002”.
Para o ex-presidente da CTB Minas, a pauta e a plataforma de Aécio Neves é a da retirada de direitos, das reformas autoritárias, da luta contra os movimentos social e sindical e da construção da chamada “governança” a partir do choque de gestão em escala nacional.
Na sua avaliação, a CTB terá novos e grandes desafios pela frente, como a luta pelo socialismo, uma batalha que considera importante, fundamentalmente no período de crise do capitalismo. “A CTB propõe um sindicalismo classista, unitário, combativo e de luta. Um sindicalismo do campo e da cidade, que construa a unidade entre os trabalhadores rurais e urbanos numa nova perspectiva de sociedade, direitos trabalhistas e de direitos sociais. E é por isso, que depois de cinco anos de sua fundação, a nossa central se expande cada vez mais. A CTB se afirma como uma das maiores centrais sindicais do País e é assim, com luta, unidade, comprometimento e organização que vamos continuar a contribuir na luta dos trabalhadores e na luta de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista”.
Orgulho
A noite de abertura do 3º Encontro da CTB Minas foi encerrada pelo presidente nacional da CTB, Wagner Gomes, com uma explanação a respeito da conjuntura nacional. Ele falou que o Brasil passa por uma grande disputa, na qual deverá decidir sobre qual rumo tomar. “Os banqueiros, latifundiários e empresários defendem interesses opostos aos da classe trabalhadora, e isso só vai mudar se os trabalhadores lutarem para que o governo tome um caminho favorável aos trabalhadores e trabalhadoras”, disse.
Neste sentido, Wagner Gomes avalia que a participação das centrais sindicais e dos movimentos sociais também é fundamental. “Temos uma responsabilidade muito grande de, juntamente com as pessoas progressistas, fazer com que País tenha um rumo, que é avançar nas mudanças com valorização do trabalho”.
O presidente nacional da CTB também ressaltou a importância de se eleger deputados federais e estaduais e até mesmo um presidente ou presidenta da República ligados aos interesses dos trabalhadores. “Isso é questão de primeira ordem para o movimento sindical brasileiro, determinante para continuarmos com o projeto iniciado por Lula há 10 anos”.
Sobre a possibilidade de o PSDB lançar a candidatura do senador de Minas Aécio Neves à presidente nas próximas eleições, Wagner Gomes, que o classificou de “filhote piorado de FHC”, foi taxativo. “Esse moço não aguenta a primeira marretada. Vai ter que sair candidato porque eles não têm outro”.
Wagner Gomes também falou com orgulho dos quase seis anos de fundação da CTB, fundado em 14 de dezembro de 2007, na capital mineira. “Podemos dizer com satisfação que hoje a CTB é uma das centrais mais respeitadas do Brasil. A CTB não pertence a ninguém, mas aos trabalhadores de qualquer religião ou partido. É com esse espírito que todo trabalhador deve se sentir muito à vontade na CTB, uma central que tem como oxigênio a pluralidade de ideias, o tratamento democrático e a luta intransigente em defesa dos trabalhadores”.
Em nome da CTB nacional, Wagner Gomes agradeceu aos sindicalistas de Minas Gerais pela contribuição na construção da CTB nestes últimos seis anos. “Minas contribuiu muito com as filiações e também com ideias. Os mineiros não produzem só Aécio Neves, mas também brasileiros e patriotas que defendem seu País com unhas e dentes, principalmente das mãos do filhote do Fernando Henrique Cardoso”, concluiu.
Nova direção
O segundo dia do Encontro teve apresentação do balanço político e financeiro da entidade no último período e debate sobre a alteração estatutária - dentre as mudanças aprovadas pela plenária, estão a alteração do nome do Encontro Estadual para Congresso Estadual e a criação da Diretoria de Igualdade Racial. Também foram definidos os delegados e delegadas de Minas para o 3º Congresso Nacional da CTB; e eleita a nova Direção e do Conselho Fiscal da Central no Estado.
A nova diretoria, eleita por unanimidade, é presidida pelo metalúrgico Marcelino da Rocha, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região e presidente da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal).
Em seu primeiro discurso como presidente da CTB Minas, Marcelino agradeceu aos participantes do Encontro, que o homenagearam cantando “parabéns a você” pelo seu aniversário, que ocorreria no dia seguinte. Agradeceu, ainda, aos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, entidade na qual, segundo ele, se formou enquanto cidadão e sindicalista, e ao ex-presidente do Sindicato e advogado Edmundo Vieira, a quem creditou todo o “crescimento político e ideológico” adquirido em sua trajetória enquanto trabalhador e militante do movimento sindical.
“Os maiores aprendizados que tive até o presente momento são a humildade e a sabedoria de ouvir e respeitar todos aqueles que nos delegam qualquer tarefa de representação política. Nós, que temos a responsabilidade de dirigir a CTB Minas no próximo período, devemos fazer valer tudo aquilo que foi construído até o momento. E isso não cabe apenas a esta direção que acaba de ser eleita, mas a todos os companheiros, da cidade e do campo, que acreditam que um Brasil novo é possível”.
Desafios

Para Marcelino, a nova diretoria da CTB Minas terá pela frente o grande desafio de fazer com que, até o próximo Congresso Estadual, todos tenham orgulho de ter construído as condições necessárias para que o Estado tome um novo rumo - um Estado complexo, onde ainda se ouve falar sobre as relações do atraso patrocinado pela elite mineira monopolista. “Portanto, temos que escrever uma nova página, cujo trabalho se inicia neste Encontro e continua no ano que vem”.
Sobre a tentativa de o PSDB de FHC retomar o governo central, o novo presidente da CTB Minas disse acreditar que “a história do PSDB no Estado está com os dias contados”. “Isso não depende apenas da CTB, mas de uma aliança de forças para derrotar esta estratégia dos tucanos mineiros de quererem retomar o governo do Brasil. Mas não podemos e não vamos permitir isso aconteça”.
Por fim, Marcelino disse que a nova Direção da CTB Minas deverá enfrentar muitos desafios, mas que se manterá firme no propósito de colocar a Central onde ela merece estar, que é na linha de frente dos interesses dos trabalhadores.
Diálogo
Presente durante todo o Encontro, o presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo, disse que a CTB tem a obrigação de dialogar mais e melhor com seus sindicatos de base, fazendo compreender que a Central é cada um de seus sindicatos filiados. “Mas não podemos também ter uma visão utilitarista da Central, achando que os problemas umbilicais do nosso sindicato vão ser resolvidos pela central sindical. É preciso entender que a central sindical é um todo e que para existir necessita essencialmente dos sindicatos. Sem sindicato não tem central sindical. E a central sindical tem que ter uma política ampla, saber ouvir e enxergar o que a base está pensando”.
Segundo Adilson, são muitas as bandeiras que estão colocadas e constituir um fórum próprio, unitário, da CTB, que vai reunir e congregar a UJS, UNE, Contag, Ubes, Unegro, organizações de luta pela moradia, movimento LGBT, entre outras, é uma necessidade. “Não podemos enxergar o sindicalismo como uma ilha. Somos parte de um processo. É necessário que a gente possa também ter uma posição visionária deste processo”.
Para aproximar o sindicato da realidade dos trabalhadores, o sindicalista baiano defendeu a criação de comitês de base, a necessidade de se discutir o papel das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs), de os dirigentes sindicais se voltarem mais para dentro das empresas, de se intensificar o debate sobre a democratização e se ampliar a luta para garantir a representação dos trabalhadores nas empresas públicas e privadas.
Socialismo
De acordo com Adilson, a grande tarefa do movimento sindical é pautar o debate para as reformas estruturantes, como a reforma do Judiciário. “Não vejo caminhos para alterarmos o quadro político sem a reforma do Judiciário. O Judiciário não pode ter o poder supremo. Condenar sem ter direito a defesa. por isso que o movimento sindical tem que levantar a bandeira da reforma do Judiciário”.
Ele também falou sobre a necessidade de se democratizar a mídia, que hoje está concentrada nas mãos de cinco famílias. “A gente faz um Encontro como este, com mais de 200 participantes, e quase nada é publicado sobre o assunto. Para a mídia burguesa, somos invisíveis. Por isso, temos que lutar para democratização da comunicação”.
Por fim, Adilson reiterou que a saída para os trabalhadores é manter acesa e viva a bandeira do socialismo, que considera ser o ideal maior da classe trabalhadora e do sindicalismo classista. “Não lutamos por resultado econômico, mas por transformações sociais. Precisamos e podemos ir além. E isso somente será possível se tivermos a capacidade de ganhar mentes e corações. Este é o grande desafio de uma central classista que tem como definição muito clara do seu papel a luta pelo desenvolvimento com valorização do trabalho”.
Balanço
O vice-presidente da CTB Minas, José Antônio de Lacerda, o Jota, considerou positivo o balanço da entidade na gestão que se encerrou com a realização do 3º Encontro Estadual. “Naturalmente, não é fácil a construção de uma central. Mas também compreendemos que nosso balanço é positivo, em que pese todas as dificuldades em aprender em construir uma central. E o desafio de construir uma central democrática, classista, ampla, plural e de luta foi uma tarefa que conseguimos conquistar. Muito ainda há que ser feito nesta estrada da construção da CTB, mas, com certeza, nós já pavimentamos a construção desta estrada e vamos continuar construindo uma central muito forte, como temos feito”, avaliou.
Para Jota, além de suas questões organizativas, uma central sindical tem que ter visão política e de classe. Neste sentido, a CTB tem se envolvido nas questões políticas e sindicais com bastante vigor e com a compreensão de que é preciso também elevar o nível de consciência dos trabalhadores para fazer as mudanças que a gente precisa em nosso País.
O vice-presidente também ressaltou que a CTB é a única central que tem em seus quadros trabalhadores urbanos e rurais. “Unir o campo e a cidade em torno de bandeiras unificadas, para nós, é uma grande vitória”.
Um dos principais legados que a direção anterior deixa para a atual gestão, na opinião de Jota, são os núcleos de base, “muito importantes para a formação e futuro da CTB”. Para ele, são os núcleos de base que vão, de fato, levar a política da Central a outras bases, para fazer uma disputa sindical com mais precisão.
A unidade existente na CTB também é uma marca da entidade. “Aqui, não votamos nem disputamos nada. Fazemos tudo na unidade e no consenso com debate. Por tudo isso, nossa central é vitoriosa”, expressou. Para Jota, que ocupou a presidência da CTB Minas por vários meses, o Encontro proporcionou aos participantes bandeiras concretas e objetivas. “Agora, cabe a cada um de nós participarmos das lutas ativas do povo. Essa é nossa função”.
Filiações
Durante o Encontro, três sindicatos ingressaram nas fileiras da CTB Minas: o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Itajubá e Micro-região do Alto Sapucaí, Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Paracatu e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Passos e Região.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Passos e Região, Joaquim Júlio de Almeida explicou que a diretoria da entidade decidiu se filiar à CTB porque chegou à conclusão de que “é a única central que realmente está ligada aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros”.
Além de Passos, o sindicato abrange nove cidades do Sudoeste do Estado. “Somos o primeiro sindicato da Construção Civil e do Mobiliário a se filiar à CTB Minas. Aproveito a oportunidade para parabenizar a direção pelo Encontro e também à nova diretoria”, disse Joaquim Almeida.
Democratização da mídia
Em visita ao Encontro, Diogo Oliveira Santos, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, fez uso da palavra para divulgar e pedir o apoio dos sindicalistas ao projeto de lei de iniciativa popular para uma mídia democrática.
“Para construirmos um país mais democrático e desenvolvido precisamos avançar na garantia ao direito à comunicação para todos e todas. Isso significa ampliar a liberdade de expressão, para termos mais diversidade e pluralidade na televisão e no rádio. Ainda que a Constituição Federal proíba os oligopólios e os monopólios dos meios de comunicação, poucas famílias concentram empresas de jornais, revistas, rádios, TVs e sites de comunicação no País. Isso é um entrave para garantir a diversidade”, afirmou.
Participação
O 3º Encontro da CTB Minas contou com a participação total de 228 pessoas, sendo 169 delegados (65% homens e 35% mulheres) e 59 observadores (40 homens e 19 mulheres). O número de trabalhadores urbanos foi de 118, sendo 80 homens (68%) e 38 mulheres (32%). Já o número de trabalhadores rurais chegou a 51, sendo 29 homens (56%) e 22 mulheres (54%). O total de entidades representadas foi de 66, sendo 35 de trabalhadores urbanos e 31 de rurais.

Fonte: CTB Minas. Texto e fotos: Eliezer Dias.

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