Por Rogerlan Augusta de Morais
Diretora do Dep. Jurídico do SAAEMG
O SAAEMG rende suas
homenagens a todas as mulheres, em especial às Auxiliares de Administração
Escolar, estas que compõem mais de 65% da categoria. Pelo simples fato de ser escola o
nosso local de trabalho, poder-se-ia imaginar que as relações neste espaço
fossem de vanguarda. No entanto, não é o que acontece! Nos estabelecimentos de ensino é marcante a diferença salarial
entre gêneros. Enquanto a média salarial dos trabalhadores é de R$ 1.751,84, a
das trabalhadoras fica em apenas R$ 1.310,47, ou seja, a média salarial da
mulher trabalhadora no estabelecimento privado de ensino é 33% menor do que a
do homem. O SAAEMG registra a importância da
igualdade de gênero como forma de alcançar uma sociedade mais justa e
equilibrada.
Origem
Em 1903, profissionais
liberais norte-americanas criaram a Women´s Trade Union League. Esta associação
tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores
condições de trabalho.
Em 1908, mais de 14 mil
mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as
operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan “Pão
e Rosas”, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma
melhor qualidade de vida.
Em 1910, numa conferência
internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem
àquelas mulheres, comemorar o 08 de Março como Dia Internacional da Mulher.
O dia 08 de Março é, desde
1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher. No dia
08 de março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque
entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de horário
de mais de 16 horas, por dia, para 10 horas. Estas operárias, que recebiam
menos de um terço do salário em comparação aos salários pagos aos homens, foram
fechadas na fábrica onde foi provocado um incêndio. Cerca de 130 mulheres
morreram queimadas.
No Brasil, o dia é amplamente
divulgado também através da “Marcha das Margaridas”, estratégia política construída pelas
mulheres trabalhadoras rurais para combater a fome, a pobreza e a violência
sexista. Margarida Alves foi brutalmente
assassinada pelos usineiros da Paraíba, em 12 de agosto de 1983 e tornou-se um
grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e
dignidade.
Importância
Entendemos
que, na verdade, a mulher não precisa de um dia específico. O seu dia são todos
os dias, pois são atuantes, guerreiras e batalhadoras em seu cotidiano. Cumpre
várias jornadas diárias, desdobrando-se no papel de trabalhadora, mãe, esposa,
filha e amiga sem descanso e, muitas vezes, sem o reconhecimento de seus
esforços para dar conta de tantas tarefas.
O dia 08
de março deve ser lembrado e discutido como um marco, um basta à sociedade
machista que discrimina e marginaliza a mulher dificultando seu acesso à
educação, sua participação na política, em cargos de liderança nas empresas,
sociedade que a considera como um ser inferior ou propriedade de homens que
para fazer valer seu machismo, no auge da ignorância assedia, bate, estupra e
até mata em nome de um amor doentio e perverso.
Essa data
deve chamar a atenção para questões que ainda hoje retratam a inferioridade da
mulher como, por exemplo, a discriminação profissional. O IBGE mostra em sua
última pesquisa (2009) que enquanto 61,2% das trabalhadoras tinham 11 anos ou
mais de estudo, ou seja, pelo menos o ensino médio completo, para os homens
este percentual era de 53,2%. Destaca-se ainda que a parcela de mulheres
ocupadas com curso de nível superior completo era de 19,6%, superior ao dos
homens, 14,2%. Ainda assim, o rendimento de trabalho das mulheres, estimado em
R$ 1.097,93, continua sendo inferior ao dos homens (R$ 1.518,31). Em 2009,
comparando a média anual dos rendimentos dos homens e das mulheres,
verificou-se que, em média, as mulheres ganham em torno de 72,3% do rendimento
recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era 70,8%.
Diante de
tantas dificuldades e de tantos empecilhos que obstaculizam a ascensão da
mulher em várias áreas, o Governo, através da Secretaria de Políticas para
Mulheres, elaborou o Plano Nacional de Políticas para Mulheres, que traz como
pontos principais:
1 - Igualdade no mundo do trabalho e autonomia
econômica.
2 - Educação para igualdade e cidadania.
3 - Saúde integral das mulheres, direitos sexuais
e direitos reprodutivos.
4 - Enfrentamento de todas as formas de violência
contra as mulheres.
5 - Fortalecimento e participação das mulheres
nos espaços de poder e decisão.
6 - Desenvolvimento sustentável com igualdade
econômica e social.
7 - Direito à terra com igualdade para as mulheres
do campo e da floresta.
8 - Cultura, esporte, comunicação e mídia.
9 - Enfrentamento do racismo, sexismo e
lesbofobia.
10 - Igualdade para as mulheres jovens, idosas e
mulheres com deficiência.
Sabemos
que no dia-a-dia a luta por igualdade de gênero em todos os âmbitos é árdua,
mas, ainda assim o tempo tem mostrado que temos avançado. Não obstante tantos
entraves e perversidades, as mulheres estão cada vez mais conquistando o seu
espaço e o seu lugar na sociedade. São incansáveis e jamais fogem à luta. Tudo
que querem é ser respeitadas.
Fontes
IBGE:
Secretaria de Políticas para as Mulheres: http://spm.gov.br/
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