No segundo ano do governo Lula, em 2004, as centrais sindicais se reuniram e organizaram a Marcha Nacional do Salário Mínimo, que levou à Brasília cerca de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras empunhando as reivindicações da classe trabalhadora e encaminhando-as aos ministros de Estado e ao presidente da República e assim defender a criação de uma política de valorização do salário mínimo. “As centrais sindicais combinaram realizar uma marcha por ano para levar ao governo as reivindicações unificadas e dar visibilidade aos interesses da classe trabalhadora”, pondera Wagner Gomes, secretário-geral da CTB.
Em 2005, a 2ª Marcha Nacional do Salário Mínimo levou à capital federal mais de 15 mil manifestantes, ainda exigindo a criação da política de valorização do mínimo e de melhorias nas condições de vida e de trabalho, mas esta foi essencialmente de “apoio ao presidente Lula e dar o recado de que a classe trabalhadora contra a aventura golpista com alarde midiático no que taxaram de ‘mensalão’”, preconiza Wagner. Segundo o dirigente cetebista, atuando nessa marcha como presidente da CUT, “os trabalhadores se mostraram dispostos a tudo para defender o governo e continuar empunhando as bandeiras do avanço social, como a reforma agrária, fim do Fator Previdenciário, redução da jornada, sem redução do salário”, entre outros quesitos.
No ano seguinte, a 3ª Marcha das centrais levou mais de 20 mil trabalhadores à Brasília lutando por uma política de permanente valorização do salário mínimo e correção da tabela do Imposto de Renda. Já na 4ª edição da manifestação passou a ser denominada Marcha da Classe Trabalhadora (nome que permanece até hoje), em 2007, mais de 40 mil trabalhadores e trabalhadoras compareceram ao planalto central avançaram nas reivindicações aumentando o caráter classista das reivindicações e mostrando que a classe trabalhadora tem proposta de desenvolvimento para o país. Entraram em pauta a redução da jornada de trabalho, mais e melhores empregos, fortalecimento da seguridade social e a reivindicação de políticas públicas que combatessem as desigualdades sociais. Segundo Wagner, em 2007, “o movimento sindical foi fundamental para o sucesso da marcha do MST, que levou mais de 100 mil trabalhadores de todos os cantos do país a Brasília”.
A primeira com a presença da CTB como central sindical ocorreu em 2008, na 5ª Marcha da Classe Trabalhadora, que levou cerca de 50 mil manifestantes do Brasil inteiro para a capital federal. Com o lema “Desenvolvimento com Valorização do Trabalho”, as centrais sindicais em levaram ao ex-presidente Lula a defesa do emprego, a garantia de renda e medidas para evitar prejuízos à classe trabalhadora com os impactos da crise internacional deflagrada nos países ricos no ano da marcha.
“Em 2008 foi estabelecido com o governo um acordo para a aplicação de uma política de valorização do salário mínimo para vigorar até 2023 e assim aproximar o mínimo daquilo que o Dieese considera o básico para a família dos trabalhadores viverem bem”, reforça Wagner. Além disso, enfatiza ele, nesse ano foi sancionada por Lula a Lei 11.648formalizando as centrais sindicais , permitindo assim o recolhimento de impostos sindicais.
Mas para isso ocorrer, a central deverá ter filiação de, no mínimo, 100 sindicatos distribuídos nas cinco regiões, filiação de, no mínimo, 20 sindicatos em pelo menos três regiões, filiação de sindicatos em, no mínimo, cinco setores de atividade e filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 5% do total de empregados sindicalizados nacionalmente.
Em 2009, a 6ª Marcha da Classe Trabalhadora leva a Brasília cerca de 60 mil manifestantes defendendo o projeto de lei que destina as propriedades rurais que utilizem mão de obra análoga ao trabalho escravo para a reforma agrária, os recursos do pré-sal serem utilizados para o combate às desigualdades sociais, combate à precarização do trabalho, que vinha em marcha pelo mundo como receita de combate à crise do capital mundial.
As centrais deram uma parada estratégica e não ocorreram marchas de 2010 a 2012. Em 2010 aconteceu a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) que determinou a Agenda da Classe Trabalhadora e deu novos rumos ao movimento sindical. Em 2011 e 2012, as centrais sindicais realizaram juntamente com representantes do empresariado nacional o Grito de Alerta em defesa da produção e do emprego. “Os gritos foram importantes para levar milhares de trabalhadores às ruas em favor de mudanças na política econômica para valorizar a produção, a indústria, o emprego e o salário”, enfatiza Wagner.
Mais de 50 mil trabalhadores e trabalhadoras marcharam em Brasília pelo “Rumo que a Classe Trabalhadora Quer” na 7ª Marcha pelo fim do fator previdenciário, redução da jornada, 10% do PIB para a educação e para a saúde, reforma agrária, valorização das aposentadorias, ratificação das convenções 151 e 158 da OIT, regulamentação da PEC das Domésticas e mudanças na política macroeconômica.
Wagner Gomes reforça a luta das centrais para manter a lei de valorização do salário mínimo como foi acordado com Lula para vigorar até 2023, porque o Congresso alterou para vigorar somente até 2015, mas “confiamos na presidenta Dilma em manter a vigência acertada com o ex-presidente”, acentua o sindicalista. “Mesmo sabendo que setores da base do governo trabalha para acabar com essa política já no ano que vem”, sintetiza.
Isso tudo porque no governo FHC o salário mínimo não passava de 80 dólares por mês e atualmente ultrapassa os de 300 dólares. “Por isso, setores empresariais trabalham tanto contra essa política”, reforça o sindicalista. Mas o fim dessa política pode prejudicar o desenvolvimento do país e empobrecer a classe trabalhadora. Aliás, sinaliza Wagner que nos três atos que as centrais sindicais promoveram no governo FHC só conseguiram ser recebidos pelo cassetete da polícia, “não chegando nem perto do Congresso e muito menos obtendo audiência com o ex-presidente”, denuncia.
A 8ª Marcha da Classe Trabalhadora começa nesta quarta-feira (9) na Praça da Sé, centro de São Paulo avançando nas reivindicações para mostrar o país que a classe trabalhadora quer ao levar para a rua a defesa de um modelo de desenvolvimento com distribuição de renda. As reivindicações da 8ª Marcha são:
- Igualdade de Oportunidades para homens e mulheres
-Transporte Público de Qualidade
- Não ao PL 4330 da terceirização
-10% do orçamento da União para a saúde
- Continuidade da valorização do salário mínimo
- Correção da tabela do IR
- Redução da jornada
“Com a realização das marchas, as centrais foram entendendo a cada ano a necessidade de avançar nas reivindicações, saindo de uma pauta estritamente sindical e passando a opinar sobre as políticas de governo. As centrais foram além e levaram unificadamente as propostas da classe trabalhadora sobre os rumos do governo para a valorização do trabalho e a distribuição mais justa da renda”, garante Wagner Gomes. Por isso o lema dessa marcha é Por Mais Direitos e Qualidade de Vida.
Serviço:
8ª Marcha da Classe Trabalhadora
9 de abril (quarta-feira)
Concentração na Praça da Sé, São Paulo, às 10h
9 de abril (quarta-feira)
Concentração na Praça da Sé, São Paulo, às 10h
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB
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