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9 de jun. de 2014

Por causa da Copa, a velha mídia reforça “complexo de vira-latas”


ctb
A resposta que a presidenta Dilma deu ao apressado ex-jogador Ronaldo quando este cobrou publicamente suposto atraso em finalizações de estádios de futebol onde a Copa será disputada trouxe à tona expressão utilizada pelo dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues nos anos 1950 com o mesmo propósito que a presidenta.
Dilma respondeu que a Copa será um sucesso e que o brasileiro tem que superar o “complexo de vira-latas”. Nelson Rodrigues em crônicas esportivas, ainda antes de o Brasil conquistar o primeiro título do mundial em 1958, utilizou o termo para designar parte da elite tupiniquim que se recusa a assumir sua brasilidade e demonstra preconceito com a classe trabalhadora, a quem essa parcela da elite chama de brasileiros (em tom pejorativo), como se os trabalhadores pertencessem a outro país e não no mesmo em que eles nasceram.
copa1958
A velha mídia nos últimos anos vem reforçando esse sentimento para ampliá-lo além da restrita classe média conservadora. A tática consiste em bombardear o público com notícias ruins, principalmente sobre corrupção (se for contra o governo federal ou à esquerda, com comprovação ou não). A estratégia é minar a autoestima dos brasileiros. Principalmente difundem aos borbotões preconceito contra os movimentos sociais e a classe trabalhadora.

A polêmica evidenciou na internet o documentário Complexo de Vira-latas, dirigido por Leandro Carproni, baseado em crônica esportiva de Nelson Rodrigues com várias entrevistas. Produção da Cabrueira Filmes e Sem Cortes, ao filme tem participação de Bruno Aranha, Bruno Silveira, Diego Silva, Nathália Bomfim, Priscila Chibante e Wallace Soares. Basta entrar no Google e pesquisar o nome do filme. Vale a pena assistir.
De acordo com Nelson Rodrigues o "complexo de vira-latas" só foi vencido quando o Brasil foi campeão em 1958 sob a liderança de atletas negros, principalmente a dupla Pelé e Garrincha, repetindo a dose em 1962, desta vez com Amarildo no lugar de Pelé contundido. O mais importante, no entanto, está em levantar a discussão sobre o o tema e o povo brasileiro mostrar que não é melhor nem pior, mas sim diferente dos outros povos e ainda bem que somos assim.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

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