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3 de out. de 2015

"Resistir ao imperialismo é essencial para a classe trabalhadora mundial", diz Adilson Araújo

"O Brasil passa por um momento de instabilidade política, motivada pela ofensiva conservadora de parte da elite que não aceita o resultado das eleições do ano passado. E o nosso país adquiriu uma liderança a nível mundial que a defesa da democracia no país é fundamental para a manutenção das conquistas da classe trabalhadora na América Latina", diz Adilson Araújo, presidente da CTB, na abertura do Ato Mundial Anti-imperialista, em São Paulo.
Para ele, "neste ato anti-imperialista, a classe trabalhadora reafirma o seu propósito de continuar na luta contra essa ofensiva neoliberal e conservadora que afeta diretamente a vida de quem produz a riqueza e vê muito pouco do que produz". Adilson acentua que "resistir ao imperialismo a todo custo é essencial para a classe trabalhadora mundial".
Confira abaixo a íntegra do discurso proferido pelo dirigente:
Companheiras e companheiros
O acirramento da luta de classes e dos conflitos internacionais é a característica principal da conjuntura mundial e, em particular, da realidade do Brasil e da América Latina, que hoje vivem às voltas com uma forte onda conservadora.
Para onde quer que voltemos os olhos nos deparamos com um cenário crítico, muitas vezes dramático e mesmo trágico, como é destacadamente o caso dos naufrágios no Mediterrâneo, das guerras no Oriente Médio, do desemprego em muitos países.
O fio condutor desses acontecimentos é a crise global e sistêmica do capitalismo, que se arrasta há quase oito anos e que se manifesta simultaneamente na economia e na geopolítica. É um sinal dos limites históricos do capitalismo e da decomposição da ordem mundial fundada na hegemonia dos EUA e do chamado Ocidente.
Vivemos, por consequência um tempo desafiador para o movimento sindical classista, as forças democráticas, revolucionárias e anti-imperialistas em todo o mundo.
A classe trabalhadora é a maior vítima da crise. Sofre uma feroz ofensiva neoliberal. Vive o drama da estagnação econômica e do desemprego em massa, que atinge mais de 200 milhões de desempregados, segundo dados da OIT. Direitos sociais e trabalhistas estão a ser suprimidos ou flexibilizados. A soberania das nações é colocada em xeque e atropelada em várias regiões.
Na Europa, sob o manto da austeridade fiscal e o comando imperialista da Alemanha, os governos e a troika estão empenhados na destruição do chamado Estado de Bem Estar Social. Em alguns países, como é o caso da Grécia, há uma queda acumulada de 25% do PIB. Lá e na Espanha metade da juventude está desocupada. A conversão ao euro, assimétrica e desigual, resultou para muitas nações na perda da soberania sobre a política econômica, ditada e imposta pela cúpula da União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.   
Na Ucrânia, os EUA e a Otan armam e respaldam política e ideologicamente um governo de extrema direita, afrontando e cercando os russos. No Oriente Médio o imperialismo quer derrubar a qualquer custo o governo da Síria, patrocina terroristas e semeia a guerra para preservar e fortalecer seu domínio. Na Ásia estimula hostilidades contra a China no mar do Sul, enquanto na América Latina está associado à onda conservadora e neofascista que ameaça a Venezuela, Argentina, Equador e Brasil.
Devo lembrar que em novembro próximo celebram-se 10 anos da derrota da ALCA, um acontecimento histórico de invulgar relevância para todos nós. Um marco do novo cenário político que vem sendo criado na América Latina e no Caribe desde a primeira eleição de Hugo Chávez na Venezuela em 1998.
Este processo mudancista é diversificado, compreende diferentes experiências, mas encontra seu fator de unidade no propósito comum dos governos progressistas, em sintonia com os interesses da classe trabalhadora e dos povos da região, de criar uma zona de paz no continente e desenvolver projetos integrados e soberanos de desenvolvimento orientados para o bem-estar da população.
Dele resultaram a Alba, a Unasul, a Celac e iniciativas em diferentes campos visando a integração econômica e política da região, num movimento que, apesar de suas limitações, objetivamente contraria os desígnios e os interesses do império, pois traduz de fato um novo arranjo geopolítico que converge com as iniciativas do Brics e a ascensão da China. E o império contra-ataca. O dedo-duro dos EUA está por trás dos recentes conflitos fronteiriços entre Venezuela e Colômbia, que vêm sendo mediados pela Celac (e não pela OEA) e o Equador (ao invés dos EUA).
A paz é um anseio dos nossos povos. A guerra é o objetivo descarado de Washington, que também está surfando na onda conservadora que se ergueu na América Latina e ameaça a democracia, a soberania, os direitos sociais e a paz. A exemplo do que ocorreu no Paraguai, no Brasil a direita neoliberal conspira abertamente para dar um golpe branco na presidenta Dilma, agitando sem base legal a bandeira do impeachment.
Esses acontecimentos mostram que o processo mudancista na região corre sério risco. Defender a democracia, a soberania e a integração latino-americana, denunciar e desmascarar o golpismo e barrar a ameaça de retrocesso neoliberal é a tarefa mais imediata e prioritária da luta anti-imperialista no continente americano é um dever indeclinável do sindicalismo classista. É preciso preservar o que conquistamos até aqui para avançar na direção de transformações mais profundas, na direção do socialismo.
Reiteramos neste ato a ativa solidariedade da CTB à revolução bolivariana e a Cuba.
Pelo fim do criminoso bloqueio a Cuba
Abaixo o imperialismo
Viva a FSM
Viva a CTB
Viva o internacionalismo proletário
Viva o socialismo    
Marcos Aurélio Ruy - Portal CTB

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