Mesmo com a crise, o Brasil continua sendo um paraíso para o
setor financeiro. Segundo dados do Banco Mundial, o spread médio dos
bancos brasileiros, que indica os ganhos das instituições financeiras
com juros, é o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Madagascar e
Malavi, países do continente africano.
Os dados, referentes a 2014, mostram ainda que o spread no Brasil
está à frente de diversos outros países menos desenvolvidos (e com
maiores riscos de crédito), como Serra Leoa e Congo, que possuem uma
Renda Nacional Bruta (GNI, do inglês Gross National Income) per capita
de US$ 700 e US$ 380, respectivamente, duas das menores do mundo. O GNI
per capita brasileiro é de US$ 11,3 mil.
No ano passado, com a queda da atividade econômica pressionando as empresas, e os avanços da inflação e do desemprego sufocando a renda dos consumidores, os bancos do País passaram a estimar aumentos nos calotes e a elevar as taxas, para cobrir as potenciais perdas nos financiamentos.
No ano passado, com a queda da atividade econômica pressionando as empresas, e os avanços da inflação e do desemprego sufocando a renda dos consumidores, os bancos do País passaram a estimar aumentos nos calotes e a elevar as taxas, para cobrir as potenciais perdas nos financiamentos.
Sem que os juros que os bancos pagam para pegar dinheiro emprestado
do mercado (taxa de captação) subissem no mesmo ritmo, os spreads
ficaram ainda maiores - o indicador é resultado da diferença da taxa de
captação e os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos (taxa de
aplicação).
De acordo com o Banco Central (BC), enquanto a taxa média de captação
das instituições brasileiras subiu 3 pontos percentuais em 12 meses até
novembro, para 14,8%, a taxa de aplicação cresceu 10 pontos
percentuais, para 48,1%.
"A gente tem um sistema de intermediação financeira que servia para a
época da hiperinflação e não para a realidade de hoje", avaliou Roberto
Luis Troster, professor de economia da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe) e ex-economista-chefe da Federação Brasileira dos
Bancos (Febraban).
De acordo com o especialista, o Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF), cobrado em todos os empréstimos, e os compulsórios (recursos que
as instituições financeiras são obrigadas a recolher para o BC), além da
pesada regulação e regulamentação do mercado financeiro brasileiro,
aumentam os custos da atividade bancária e levam as instituições a
ampliarem os spreads."Os compulsórios do Brasil também estão entre os
maiores do mundo", afirmou.
O Relatório de Economia Bancária e Crédito de 2013 do BC mostra que o
spread brasileiro é usado, basicamente, para atender a quatro
componentes: a inadimplência (que representa 28,5% do indicador), os
compulsórios (6,8%), os impostos indiretos (25,9%) e o lucro dos
bancos(38,8%). Assim, se o banco ganha R$ 1 milhão, sua margem
financeira é de R$ 380,8 mil.
Tarifas aviltantes
Que os bancos seguem obtendo lucro não é novidade. No entanto, parte
do lucro está ligada também à quantidade de taxas cobradas. Em muitos
casos, os bancos chegam a cobrar tarifas indevidas, conforme afirma o
Banco Central.
Ao todo, são nove os serviços que são proibidos de serem tarifados.
Três exemplos são a tarifa de liquidação antecipada, a TEC (Tarifa de
Emissão de Carnês e Boletos) e a TAC (Tarifa de Abertura de Crédito). A
lista continua ainda com as cobranças na manutenção sobre contas
inativas, pacotes de serviços com valor superior ao saldo da conta
corrente, pacotes de serviços essenciais, tarifa de manutenção de conta
salário, cobrança de segunda via de cartão e tarifa de atualização de
cadastro.
Por isso, segundo o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia,
Augusuto Vasconcelos, o consumidor deve ficar atento aos extratos e
faturas. Caso algum desses serviços seja cobrado, o correntista pode
solicitar ao banco que realize o cancelamento da cobrança, conforme
orienta o dirigente.
De acordo com Vasconcelos, “só as tarifas bancárias quitam toda a
folha salarial do banco e ainda sobra, enquanto isso, trabalhadores e
clientes são desrespeitados cotidianamente”. Só nos últimos 10 meses, o
BC recebeu 7.046 reclamações por cobranças irregulares de tarifas.
Dentre elas, 2.307 foram consideradas procedentes. Taxa de serviços não
contratados somam 46% dos casos e cobranças indevidas no cartão de
crédito, 22,5%.
Portal CTB com agências
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