A nova presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) é Marianna Dias, estudante de Pedagogia da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), e foi eleita com 79% dos votos dos delegados do 55o Congresso da UNE, encerrado neste domingo (18), em Belo Horizonte. Para ela, os estudantes estão chamados a cumprir mais uma vez um papel histórico de lutar em defesa da democracia.
A estudante Marianna Dias, apesar de muito jovem, já tem uma larga experiência no movimento estudantil. Integrou o diretório acadêmico de Pedagogia da Uneb, presidiu a União dos Estudantes da Bahia (UEB) e era diretora de Relações Internacionais da UNE. Marianna integra a União da Juventude Socialista (UJS), organização juvenil que encabeçou o movimento Vem Quem Tem Coragem que uniu diversas correntes do movimento estudantil para participar do 55o Conune.
Ao assumir a presidência da histórica entidade dos universitários brasileiros, Marianna considera que a UNE tem três grandes desafios no campo político. O primeiro é fazer com que as pessoas acreditem na política. Para ela “quando as pessoas deixam de acreditar que a política pode transformar a vida delas, a gente tem mais dificuldade de estabelecer mudanças no Brasil”. A líder estudantil considera que a política não pode ser vista como sinônimo de sujeira, de corrupção, de coisa ruim. Para ela é essencial disputar a consciência dos jovens, dos estudantes, no próximo período.
Outro desafio, segundo a nova presidenta da UNE, é fazer muita mobilização e colocar muito estudante na rua. O objetivo é “barrar os retrocessos, o avanço desse projeto que não foi aprovado pelas urnas no Brasil”, afirmou. O terceiro desafio é contribuir para que a democracia seja restabelecida no Brasil através do voto. Segundo Marianna, “a UNE tem feito uma campanha muito grande pelas Diretas Já, mas a próxima gestão terá ainda mais responsabilidade de falar sobre isso”.
Prova de amor
Marianna Dias considera que a UNE tem um grande papel junto à juventude brasileira. Para ela a entidade “faz os estudantes acreditarem na política, faz os estudantes acreditarem que a educação é transformadora e luta para que os estudantes tenham acesso ao ensino superior no Brasil”. Até mesmo em termos de perspectiva de vida, a UNE dá esperança para que os estudantes. “A UNE é uma grande prova de amor ao Brasil”, afirmou.
Sobre a importância do 55o Conune, Marianna afirma que o evento contribuiu para comemorar em alto estilo os 80 anos da UNE porque os estudantes voltam paras suas universidades animados e com coragem para transformar o Brasil. Ela considera que “fazer parte da luta política é tudo que o Brasil precisa e esta geração de jovens que confia na UNE, que constroi a UNE sairá do congresso para construir uma grande greve geral e reconstruir a democracia no Brasil”.
Unidade em defesa do Brasil
Ao ser apresentada aos participantes do congresso como candidata a presidenta, Marianna discursou para os milhares de estudantes reunidos no ginásio Mineirinho. Ela destacou a trajetória da UNE ao completar 80 anos de fundação em seu maior congresso. Lembrou que a entidade surgiu em 1937 para convocar os estudantes brasileiros para defender o Brasil de forma unitária. Destacou que a UNE nasceu clamando pela liberdade ao fazer parte da campanha contra o nazi-fascismo. Também ressaltou o protagonismo da entidade na campanha pelo Petróleo é Nosso para defender a soberania do Brasil. A mesma UNE lutou contra a ditadura militar, que levou diversos militantes, diversos estudantes brasileiros por conta da repressão, por conta da violência e do autoritarismo. “Lutamos e conquistamos a redemocratização do Brasil bravamente para que a liberdade, para que a soberania, para que os direitos do povo pudessem ser resguardados. Também não nos furtamos, na década de 1990, de lutar contra o neoliberalismo e a tentativa de retirar os direitos dos trabalhadores, contra as privatizações”, afirmou a dirigente estudantil.
Ainda se dirigindo aos estudantes de todo o Brasil, Marianna destacou “que o momento que o Brasil vive exige que as forças democráticas e populares se unifiquem”. Para ela, a história da UNE demonstra que era necessário conformar uma grande unidade de forças para dirigir as lutas da entidade. Destacou que o Brasil conseguiu construir um país melhor, em situação de quase pleno emprego, de democratização da universidade, como demonstrava a cara do congresso estudantil. Nordestina, citou a transposição do Rio São Francisco, que levou água para o Nordeste. “Eu sei e o meu povo do Nordeste sabe que a fome e a miséria, que a seca e a fome não podem ser a cara do Brasil”, afirmou.
Para Marianna, só com muita unidade será possível transformar o Brasil. “Tenho a convicção de que com a força de sete milhões de universitários do Brasil nós seremos vitoriosos. Porque Honestino Guimarães disse que nós voltaríamos e seríamos milhões. E nós estamos aqui e nós somos milhões! E nós vamos derrotar o presidente golpista da República e construir uma grande jornada de luta, uma grande greve geral”, afirmou sob forte emoção. Para ela, a vitória só será possível com a união de todo o conjunto do campo democrático e popular.
Ao encerrar seu discurso, a nova presidenta afirmou: “nós somos os estudantes e este congresso da UNE representa a esperança que o povo brasileiro pode ter numa juventude que não abandona o Brasil, que não abandona a luta política, que acredita que através da unidade nós construiremos futuro melhor. Viva a Frente Brasil Popular! A unidade é a bandeira da esperança e nós somos a esperança do Brasil. A UNE somos nós, nossa força, nossa voz”.
Portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário