A Comissão do Trabalho, da
Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
(ALMG) realizou, na última sexta-feira (12/04), em Belo Horizonte, uma
audiência pública para discutir a Reforma da Previdência. O encontro, que
contou com a presença da presidenta da CTB-MG, Valéria Morato, reuniu cerca de
cinco mil trabalhadores de todas as regiões de Minas e também de outros Estados
e foi pedido pelo presidente da comissão, deputado Estadual Celinho do
Sinttrocel (PCdoB-MG) e pelo deputado Federal Vilson da Fetaemg (PSB-MG).
A maioria dos participantes eram de trabalhadores rurais que gritavam várias palavras de ordem como “A previdência é nossa, não do sistema financeiro” e Não vai passar, não vai passar”. A proposta de Emenda à Constituição (PEC) número 6/2019 penaliza os brasileiros ao aumentar a idade mínima da aposentadoria das mulheres de 55 para 62 anos, e dos homens, de 60 para 65, com um mínimo de 20 anos de contribuição, sejam eles trabalhadores rurais ou urbanos.
O senador Paulo Paim (PT-RS) também
participou da audiência e alertou que apenas o sistema financeiro vai lucrar
com a reforma da Previdência.
“A reforma acaba com o sistema de
previdência e com a seguridade social e só beneficia os bancos que lucraram, no
último ano, R$ 100 bilhões. Aliás, é importante lembrar que a expectativa
desses bancos é dobrar esse lucro com a proposta de capitalização”, disse ele.
A presidente da CTB-MG, Valéria
Morato, lembrou que as mulheres serão as mais prejudicadas pela reforma da
Previdência por exercerem dupla e até tripla jornada de trabalho. Ela informou
que a CTB-MG segue realizando várias audiências públicas no interior do Estado
para alertar a população sobre a reforma.
“Estamos conseguindo
furar o bloqueio da mídia comercial durante as audiências públicas que estamos
realizando no interior de Minas Gerais. Os trabalhadores têm demonstrado muita
força e unidade nesse momento. Nós lutaremos para que essa reforma não passe”,
avisou ela.
O deputado Estadual Celinho do
Sinttrocel (PCdoB-MG) ressaltou que a audiência realizada na última sexta-feira
marcou a história da ALMG.
“Foi a maior audiência pública já
realizada na assembleia, com a participação dos trabalhadores e trabalhadoras
rurais. A avaliação é muito positiva nesse sentindo. É neste momento que a
gente consegue mostrar toda a crueldade e a injustiça daqueles que querem
acabar com a previdência pública brasileira”, afirmou ele.
Já o deputado Federal Vilson da
Fetaemg (PSB-MG) alertou para o impacto da reforma da Previdência na vida dos
trabalhadores rurais e também para a economia das cidades. Ele explicou que os
recursos da aposentadoria ajudam a movimentar o comércio, mas se a reforma for
aprovada muitos trabalhadores não conseguirão aposentar-se.
“Nós vamos continuar
mobilizando os trabalhadores e esclarecendo o povo sobre essa proposta de
reforma da Previdência. Esse é o caminho para derrubarmos essa medida que
penaliza todos os trabalhadores”, disse ele.
Crime
Dona Conceição Lucas da Silva
trabalha na zona rural da cidade de Senhora de Oliveira, cidade distante 170 Km
de Belo Horizonte. Com 53 anos de idade e 40 de trabalho na roça, dona
Conceição afirma que aumentar a idade das mulheres do campo para conseguir o
benefício da aposentadoria é um crime.
“O governo sempre tenta
descontar nos trabalhadores e nos mais fracos. Essa reforma é isso. Eles querem
que a gente, que já leva uma vida tão difícil na roça, seja penalizado mais uma
vez. Não vamos aceitar”, disse ela.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais da cidade de José Raydan, cidade distante 345 km de BH,
também avisou que os trabalhadores não irão aceitar a aprovação da reforma da
Previdência. Segundo ele, essa medida, se aprovada, vai levar a miséria para o
campo.
“Os mais velhos vão morrer de fome e os jovens não
conseguirão aposentar-se. Com isso, a miséria vai se instalar na roça, uma vez
que 90% dos municípios são sustentados pela aposentadoria rural”, afirmou ele.
Ao final da audiência, os trabalhadores seguiram até a Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte.
Ao final da audiência, os trabalhadores seguiram até a Praça da Estação, no centro de Belo Horizonte.
Fotos: Anderson Pereira
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