A reunião foi realizada no mesmo dia em que o governo federal anunciou uma lista com 17 empresas públicas a serem privatizadas. Segundo notícias publicadas pela imprensa, o presidente Jair Bolsonaro salientou que o processo deve começar pelos Correios. O anúncio motivou pronunciamentos de presentes no encontro.
O deputado Celinho Sintrocel
(PCdoB), que preside a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência
Social da ALMG, falou que é preciso lutar contra o desmonte das instituições e
a perda da soberania nacional, propostos pelo governo federal. Ele contou que,
em todos os países onde empresas como os Correios foram privatizadas,
houve redução da qualidade do serviço.
“A entrega do nosso País não pode ser permitida. Os pobres e
trabalhadores vão pagar a conta”, disse. O deputado manifestou ainda
preocupação com a possibilidade de demissão em massa, caso a iniciativa
prospere.
A deputada Beatriz
Cerqueira (PT), que solicitou a reunião, chamou os participantes a se
levantarem das cadeiras e darem as mãos em um ato contra a medida.
Para ela, o serviço dos Correios não deve ser prestado por uma empresa privada.
“O momento é muito grave”, afirmou a parlamentar.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares do Estado, Robson Gomes Silva,
defendeu que é importante esclarecer para a população alguns aspectos sobre o
assunto e mobilizá-la contra a privatização dos Correios. Em sua opinião, a medida acarretaria
de imediato no aumento das tarifas para a
sociedade.
Outro impacto para a população, conforme ressaltou, seria
a extinção da entrega de cartas e encomendas
nos interiores no País, nos aglomerados e favelas. Ele disse ainda que ninguém privatiza
o que não dá lucro. “Os Correios não foram criados para dar lucro, mas mesmo
assim são uma empresa altamente lucrativa”, disse.
Desmonte
Robson Gomes acrescentou
que o desmonte dos Correios é
intencional e visa a um processo de privatização. O presidente da Associação Mineira
dos Aposentados, Pensionistas e Aposentáveis dos Correios, Paulo Arlindo
Magalhães, também defendeu esse ponto de vista e questionou a quem interessa a
privatização da empresa.
Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos e Similares de Uberaba e Região, Wolnei Cápolli
Dias, perguntou qual vai ser o futuro dos trabalhadores dos Correios. “Não
entendemos a passividade da nossa categoria”, lamentou.
Reforçou as palavras de Wolnei o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Empresa de Comunicação Postal, Telegráfica e Similares de Juiz
de Fora e Região, João Ricardo Guedes. “Hoje o presidente confirmou a intenção
de privatizar os Correios. Agora, não nos resta outra medida a não ser irmos para
a luta”, enfatizou.
Trabalho
O assessor político do
Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares
(Sintect-MG), Pedro Paulo de Abreu Pinheiro, destacou que a produtividade
exigida dos funcionários dos Correios é alta, quando comparada a outros países,
e o salário, muito menor.
População não conhece
papel dos Correios
De acordo com o diretor de Relações Funcionais da Associação dos
Profissionais dos Correios (ADCAP), José Maria dos Santos Silva, apesar de
utilizar os Correios, a população não os conhece a fundo. Ele explicou que os
Correios existem para cumprir previsão contida na
Constituição Federal de manter o serviço postal.
Conforme contou, não se trata de uma estatal dependente do
governo e, portanto, não dá prejuízo à União.
“O que dá lucro nos Correios é o mercado de encomendas. O de cartas não dá. Mas
a empresa não foi criada para dar lucro e sim para manter o serviço postal”,
afirmou.
Além disso, acrescentou que a empresa tem agências em todos os municípios do Brasil, um País de grandes dimensões, onde a
logística é complexa.
José Maria destacou ainda que a tarifa postal praticada pelos
Correios fica abaixo da média mundial e que a qualidade operacional melhora
desde o segundo trimestre de 2018. “Nesse contexto, não se justifica falar em
privatização. Seria motivo de orgulho em qualquer lugar”, pontuou.
A deputada Andréia de Jesus (Psol) falou que a precarização do
trabalho nos Correios já pode ser percebida há um tempo. Ela enfatizou que a
privatização leva à perda de soberania do País.
Fonte: CTB-MG com informações da ALMGTrabalhadores se levantaram das cadeiras e deram as mãos em ato contra a iniciativa - Foto: Willian Dias
Foto: Jota
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