Em nome do lucro acima de tudo e
de todos, a mineradora Vale continuou a operar mesmo sabendo dos riscos de rompimento
da Barragem B1, em Brumadinho-MG, desde 2015. Essa é a conclusão do relatório
de Análise de Acidente de Trabalho divulgado nessa
terça-feira (25), em Belo Horizonte, pela Superintendência Regional do Trabalho (SRT). O crime ocorreu
em janeiro deste ano e resultou na morte de 249 pessoas, outras 21 continuam
desaparecidas.
Presente durante a divulgação do relatório, a coordenadora
do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador e Trabalhadora
de Minas Gerais (FSPSSTT-MG), Marta de Freitas, afirma que o relatório revela o
descaso que as empresas mineradoras têm com os trabalhadores.
“A Vale não acionou o plano de
emergência, não avisou os órgãos públicos, não avisou os trabalhadores. Ou
seja, a empresa assumiu o risco de matar. Tudo em nome do lucro”, disse ela.
Após esse crime da Vale, a
Comissão de Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou,
em fevereiro deste ano, a proibição da construção de barragem a montante. Esse método
de construção, o mesmo utilizado pela Vale em Brumadinho e em outras centenas
de cidades mineradoras, consiste em represar a água da mineração com o próprio
rejeito.
A lei, porém, ainda não foi regulamentada
pelo megaempresário e governandor de Minas Gerais Romeu Zema (Novo).
“Precisamos cobrar do Estado que
resolva essa situação o mais rápido possível”, afirma a coordenadora do FSPSSTT-MG,
Marta de Freitas.
Desde que foi privatizada em 1997
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Vale tem colecionado
vários acidentes. Só em Minas Gerais, este é o segundo crime cometido em menos
de cinco anos. Em 2015, uma barragem da empresa se rompeu em Mariana e deixou
19 mortos.
Meio ambiente
Além das dezenas de mortes, o
rompimento dessas barragens coloca em risco o meio ambiente em todo o Estado.
A lama que desceu da barragem em
Mariana, por exemplo, poluiu todo o Rio Doce e chegou até o mar pelo Estado do
Espírito Santo. Nesse percurso, matou centenas de espécies de peixes e prejudicou
vários povos e cidades que dependem do rio para sobrevier.
Já em Brumadinho, a lama da
barragem alcançou o Rio Paraopeba e também dizimou centenas de peixes.
Foto: Anderson Pereira/Arquivo CTB-MG
Marta de Freitas: Coordenadora do FSPSSTT-MG
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