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27 de set. de 2019

Vale sabia do risco da queda de barragem em Brumadinho desde 2015


Em nome do lucro acima de tudo e de todos, a mineradora Vale continuou a operar mesmo sabendo dos riscos de rompimento da Barragem B1, em Brumadinho-MG, desde 2015. Essa é a conclusão do relatório de Análise de Acidente de Trabalho divulgado nessa terça-feira (25), em Belo Horizonte, pela Superintendência Regional do Trabalho (SRT). O crime ocorreu em janeiro deste ano e resultou na morte de 249 pessoas, outras 21 continuam desaparecidas.

Presente durante a divulgação do relatório, a coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador e Trabalhadora de Minas Gerais (FSPSSTT-MG), Marta de Freitas, afirma que o relatório revela o descaso que as empresas mineradoras têm com os trabalhadores.

“A Vale não acionou o plano de emergência, não avisou os órgãos públicos, não avisou os trabalhadores. Ou seja, a empresa assumiu o risco de matar. Tudo em nome do lucro”, disse ela.

Após esse crime da Vale, a Comissão de Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, em fevereiro deste ano, a proibição da construção de barragem a montante. Esse método de construção, o mesmo utilizado pela Vale em Brumadinho e em outras centenas de cidades mineradoras, consiste em represar a água da mineração com o próprio rejeito.

A lei, porém, ainda não foi regulamentada pelo megaempresário e governandor de Minas Gerais Romeu Zema (Novo).

“Precisamos cobrar do Estado que resolva essa situação o mais rápido possível”, afirma a coordenadora do FSPSSTT-MG, Marta de Freitas.

Desde que foi privatizada em 1997 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a Vale tem colecionado vários acidentes. Só em Minas Gerais, este é o segundo crime cometido em menos de cinco anos. Em 2015, uma barragem da empresa se rompeu em Mariana e deixou 19 mortos.

Meio ambiente

Além das dezenas de mortes, o rompimento dessas barragens coloca em risco o meio ambiente em todo o Estado.

A lama que desceu da barragem em Mariana, por exemplo, poluiu todo o Rio Doce e chegou até o mar pelo Estado do Espírito Santo. Nesse percurso, matou centenas de espécies de peixes e prejudicou vários povos e cidades que dependem do rio para sobrevier.

Já em Brumadinho, a lama da barragem alcançou o Rio Paraopeba e também dizimou centenas de peixes.

Foto: Anderson Pereira/Arquivo CTB-MG

                                        Marta de Freitas: Coordenadora do FSPSSTT-MG


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