O Sindicato dos Metalúrgicos de Betim
e Região realizou dois atos públicos pelo fim dos acidentes e por melhores
condições de trabalho e segurança nas fábricas da base, na tarde da última segunda-feira
(28) - Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho.
Os atos públicos, nas portarias das
metalúrgicas Tower Automotive e
Nemak/Teksid do Brasil, reuniram dirigentes da entidade e representantes
da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB
Minas) e do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador
(FSPSST).
Portando faixas com dizeres como
“Basta de acidentes, melhores condições de trabalho já!” e “Menos doenças e
mais saúde nas fábricas”, os dirigentes do Sindicato e das demais entidades
denunciaram as más condições de trabalho nas fábricas da região e cobraram
medidas imediatas das empresas para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores.
“Saímos de casa para trabalhar, mas
não sabemos se vamos voltar. Alguns voltam mutilados e outros nem voltam. Temos
que responsabilizar a ganância patronal e estas empresas que mutilam e matam
trabalhadores”, disse o vice-presidente do Sindicato, Paulo Moreira dos Santos.
Ele lembrou que a luta não deve ser
apenas para melhorar as péssimas condições das máquinas causadoras de doenças e
acidentes no trabalho. “Também é preciso combater o assédio moral e a pressão
por horas extras nas empresas, que têm abalado psicologicamente os
trabalhadores, contribuindo significativamente para a ocorrência de doenças e
acidentes”, observou.
O vice-presidente do Sindicato defende
que os trabalhadores não se submetam a condições precárias de trabalho e, além
de denunciar os casos de precariedade ao Sindicato, devem exigir da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e da Segurança do Trabalho da empresa
em que trabalham medidas de prevenção às doenças e acidentes.
“A cada dia, tem se tornado mais comum
operários trabalharem com remédios e atestados médicos no bolso. Temos que
acabar com isso. Precisamos trabalhar sim, mas com respeito, dignidade e
democracia nas fábricas.
Para que isso aconteça, nós,
trabalhadores e Sindicato, temos que nos manter unidos e mobilizados”,
sinalizou o vice-presidente.
Exército de inválidos
Presente na manifestação na Tower, a
coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador, Marta
de Freitas, considera que as empresas, ao impor más condições de trabalho a
seus empregados, têm criado “um exército de inválidos”.
“São jovens de até 29 anos que estão perdendo
seus dedos, mãos e braços e a própria vida nas fábricas, quando deveriam estar
ali para ganharem o pão de cada dia para sustentar suas famílias e serem
felizes. É hora de darmos um basta nisso, não podemos mais conviver com esta
situação”, enfatizou.
Segundo Marta de Freitas, o 28 de
abril, antes de ser o dia em memória às vítimas de doenças e acidentes do
trabalho, deve ser um momento de reflexão e de luta de todos os trabalhadores
por melhores condições de trabalho.
Risco na Tower
Escolhida para receber a primeira das
manifestações do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, a
Tower Automotive voltou a ser motivo de preocupação para os trabalhadores da
empresa e a direção do Sindicato.
Nesta segunda-feira, o Sindicato
recebeu denúncia de um trabalhador relatando que uma prensa (foto), instalada
próximo do local do acidente ocorrido no dia 13 de março, estava com duas tampas
presas somente por um parafuso cada, colocando em risco os inúmeros
trabalhadores que transitam próximo à máquina.
“As tampas poderiam se soltar e cair
na cabeça de alguém, causando mais um grave acidente. O fato foi comunicado pelos
trabalhadores à manutenção do 3º turno da Tower por volta de 3 horas da manhã,
mas, até o final do turno, o problema permaneceu sem solução”, criticou o
diretor do Sindicato Robson Teixeira, que trabalha na empresa.
No dia 13 de março, um metalúrgico
perdeu as duas mãos numa prensa da Tower.
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