Páginas

30 de abr. de 2014

Sindicalistas pedem reestruturação do Ministério do Trabalho durante audiência sobre acidentes de trabalho


Mais um pedido de socorro de todos os trabalhadores de todas as categorias profissionais. Assim o presidente da CTB-Minas, Marcelino Rocha, considerou a realização da audiência pública da Comissão da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social  da Assembleia Legislativa (ALMG) que aconteceu na tarde desta terça-feira (29/04). Convocada a requerimento do deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), a audiência fez parte das atividades que  marcam o Dia Mundial em Memória das vítimas de acidentes de trabalho, celebrado em 28 de abril.
A audiência também serviu para confirmar o desmantelamento do Ministério do Trabalho. Marcelino chamou a atenção para a necessidade de um governo que tenha compromisso com a classe trabalhadora e faça os investimentos necessários para que a fiscalização e estruturação do Ministério do Trabalho para que possa ser um suporte no combate aos acidentes e doenças do trabalho.

“As novas formas de adoecimento físico e mental combinado com os velhos acidentes de mutilações e mortes, colocam uma necessidade urgente de um enfrentamento mais organizado contra a sanha capitalista de tudo que visa o lucro sem respeito a vida” alertou Marcelino. 
Só em 2012, mais de 705 mil pessoas foram vítimas de acidentes de trabalho no País; desse total, 2.731 morreram e 14.755 ficaram permanentemente incapacitadas. Isso significa que, por dia, 30 trabalhadores sofrem sequelas definitivas e oito morrem. O Brasil possui a quarta taxa de mortalidade decorrente de acidentes laborais no mundo. Os dados, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2012, foram apresentados na audiência pública. 
A audiência, que reuniu todas as Centrais Sindicais, auditores fiscais, juízes do trabalho e trabalhadores em geral, teve o objetivo de debater as condições de trabalho em Minas Gerais.
O deputado Celinho do Sinttrocel chamou a atenção para o lobby de empresários do agronegócio interessados em promover mudanças na Lei Federal 12.619, que regulamenta a jornada dos motoristas profissionais. As alterações, segundo ele, trarão prejuízos para a categoria, que ocupa o segundo lugar em índices de acidentes no País e o primeiro no Estado de Minas Gerais.
Segundo o deputado, o aumento da jornada de trabalho dos motoristas se configura como uma ameaça e um retrocesso. “O Brasil é hoje a sexta economia mundial e possui a quarta taxa de mortalidade decorrente de acidentes do trabalho do planeta”, denunciou. Ele ressaltou que a maioria das pessoas vitimadas são jovens adultos entre 20 e 35 anos, 31% dos quais na faixa até 29 anos, “no auge de sua força produtiva e com famílias recém-criadas”.
O deputado citou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) segundo os quais na região Sudeste, a cada grupo de 100 trabalhadores, um é portador de lesões por esforço repetitivo (LER). “Minas Gerais ocupa o segundo lugar no vergonhoso ranking nacional”, disse. Além da LER e dos acidentes de trabalho, asmas, dermatoses, distúrbios mentais, lesões osteomusculares, perdas auditivas induzidas por ruídos e pneumoconioses estão entre as doenças laborais mais recorrentes.
Ele ainda apontou dados divulgados pelo senador Paulo Paim (PT-RS), segundo os quais as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho geram, por ano, um gasto superior a R$ 70 bilhões em saúde. Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, existem hoje mais de 200 patologias relacionadas ao mundo do trabalho.

O deputado Celinho do Sinttrocel e vários convidados também defenderam a preservação da NR12, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho que dispõe sobre referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Segundo denunciaram, há também um forte lobby de parte do patronato que busca flexibilizar essa norma.



A coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador de Minas Gerais, Marta de Freitas, e o auditor fiscal Marcos Ribeiro Botelho, do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, denunciaram “o sucateamento do Ministério do Trabalho e do Emprego” e defenderam mais investimentos no setor, inclusive com a abertura de mais vagas em concursos para auditores fiscais.
“Os auditores, que têm o dever de fiscalizar as condições de trabalho nas empresas, estão trabalhando em condições indignas”, acusou Marta de Freitas. Segundo ela, o Brasil conta com apenas 2.800 auditores fiscais, dos quais somente 2.000 estão nas ruas - os demais trabalham em atividades internas, igualmente importantes e necessárias.
País gasta R$ 100 bilhões por ano com acidentes de trabalho

Outro auditor fiscal do trabalho, Ricardo Ferreira Deusdará, os acidentes de trabalho consomem de 3% a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil - cerca de R$ 100 bilhões por ano. “Esse dinheiro poderia ser aplicado em saúde, educação, transporte e habitação para melhorar as condições de vida da população”, disse. Segundo ele, o trauma decorrente “é terrível porque envolve perdas, mutilações e sofrimento psíquico intenso”.
Ricardo Deusdará denunciou ainda que as empresas, de modo geral, se eximem da obrigação de investir em segurança coletiva, fixando-se apenas nos equipamentos de proteção individual, os chamados EPIs, como capacetes e máscaras, que são necessários mas nem sempre resolvem o problema. Muitas indústrias, segundo ele, trabalham com máquinas e equipamentos obsoletos.
Com informações da ALMG




Nenhum comentário:

Postar um comentário