Envolver todas as centrais
sindicais, em nível nacional, na agenda de luta dos trabalhadores em
mineradora. Lutar contra o teto de 50 salários de indenização para acidentes de
trabalho, imposto pela reforma trabalhista do governo Temer. Essas e outras
ações foram decididas durante reunião de emergência das centrais sindicais
realizada na manhã de hoje, na sede da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB-MG), na cidade de Belo Horizonte,
que discutiu o crime cometido pela mineradora Vale, em Brumadinho. Participaram
do encontro dirigentes sindicais, movimentos estudantis e sociais.
A presidenta da CTB-MG,
Valéria Morato, afirmou que o eixo das próximas ações será em torno do mundo do
trabalho, uma vez que o crime em Brumadinho já é considerado o maior acidente
de trabalho ocorrido em mineradoras no Brasil.
Além do mais,
não se trata apenas de um crime ambiental. É um crime de lesa pátria. É um
crime contra a organização dos trabalhadores, contra o direito do trabalho em
local seguro. Com o processo de terceirização e da Reforma Trabalhista, foi
negada a dignidade humana nos ambientes de trabalho.
Uma das ações defendidas
durante o encontro é a derrubada da nova regra aprovada pela Reforma
Trabalhista, em 2017, que limita em 50 vezes a indenização por danos morais aos
trabalhadores vítimas de acidente de trabalho. Antes da reforma, a indenização por
dano moral poderia ser maior.
O artigo 223-G da lei
13.467/2017, que trata da reforma, estabeleceu que haveria uma gradação
para a concessão do dano moral que levaria em conta uma série de fatores com
base em uma escala de gravidade. Para danos morais gravíssimos, o teto ficou em
50 salários do último salário do trabalhador. Para quem, hipoteticamente,
recebia o salário mínimo (R$ 998,00), o teto seria de R$ 49.900,00.
Essa limitação é duramente
criticada por sindicatos, procuradores e juízes. Em dezembro, a Associação
Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) entrou com uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade 5870 contra esse teto no Supremo Tribunal
Federal. A procuradora-geral da República Raquel Dodge pronunciou-se no
caso a favor do pedido da Anamatra, ou seja, pela inconstitucionalidade da
regra. O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes.
A presidenta da CTB-MG,
Valéria Morato, afirmou que as centrais sindicais apoiam a iniciativa da
Anamatra. Foi definida também uma extensa agenda de lutas que acontecerá nos
próximos dias que vão de ações de solidariedade imediatas às vítimas do crime,
como denúncia e cobrança das autoridades responsáveis.
CTB-MG com informações do Blog
do Sakamoto
Fotos: CTB-MG
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