Dia Mundial das Vítimas de Acidente de Trabalho
MAB defende
reestatização da Vale e alerta: metade da população de Minas Gerais está ameaçada
por barragens de rejeitos
Há três meses,
no dia 25 de janeiro, a barragem da mineradora Vale, na comunidade de Córrego
do Feijão, em Brumadinho, se rompia. A tragédia matou centenas de pessoas, destruiu
o rio Paraopeba e deu a Minas Gerais o triste “título” de Estado onde ocorreu o
maior acidente de trabalho do país. De acordo com a Defesa Civil, 232 pessoas morreram
e outros 37 corpos continuam desaparecidos. No Dia Mundial das Vítimas de Acidente
de Trabalho, lembrado neste domingo (28), um dos membros da coordenação
Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, defende
uma mudança no modelo de exploração das mineradoras para evitar novos crimes
como este cometido pela Vale.
Segundo ele, é
preciso reestatizar a mineradora repensar um novo modelo de segurança na construção
das barragens.
O coordenador do
MAB ainda chama a atenção para o grande número de barragens de rejeitos localizadas
próximas à Belo Horizonte. Segundo dados do Plano de Segurança de Barragens, da
Agência Nacional de Águas, existem 114 barragens de rejeito, mais 104 estruturas
não cadastradas no plano, entre barragens e diques.
“Essas estruturas
decorrem da exploração mineral na região, especialmente ferro, ouro, argila e
gemas. Setenta dessas estruturas têm um risco alto de ruptura e outras 12 tem
um risco baixo. Em caso de rompimento, as bacias do rio Doce, rio das Velhas e
rio Pará serão as mais atingidas”, diz ele ao acrescentar que, em caso de
rompimento, metade da população mineira, cerca de 10 milhões de pessoas, seriam
atingidas.
Essas estruturas
estão localizadas na região do chamado Quadrilátero Ferrífero, que abrange 26 cidades
como Nova Lima, Rio Acima, Ouro Preto e Raposos.
“Todo o
abastecimento de água em Belo Horizonte e nessas cidades seria comprometido”, diz
Andrioli.
Brumadinho
O rompimento da
barragem I no dia 25 de janeiro, em Brumadinho, despejou 12 milhões de metros
cúbicos de rejeito nas águas do córrego do Feijão e posteriormente no rio
Paraopeba.
Os rejeitos destruíram
todo o vale do córrego do Feijão, atingindo casas, pequenas propriedades rurais,
sítios, pousadas e a própria sede administrativa da Vale. Cerca de 300 hectares
de terra foram soterrados.
Você Sabia?
Até abril de
2018 a Vale devia para os cofres públicos mais de R$ 29 bilhões de reais em impostos
de diversas ordens: ICMS, Imposto de Renda, PIS-COFINS e royalties, sobre os
quais a empresa estava sendo questionada em ações judiciais pelos órgãos
públicos por cálculos incorretos que levavam a pagamentos subfaturados.
Apenas para a
Previdência (INSS), a Vale devia, em 2017, R$ 596 bilhões, conforme dados
disponibilizados pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
Fonte: CTB-MG com informações do MAB
Mulher que perdeu o filho após o crime cometido pela Vale em Brumadinho.
Foto: Anderson Pereira (CTB-MG)
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