29 de abr. de 2019


Dia Mundial das Vítimas de Acidente de Trabalho

MAB defende reestatização da Vale e alerta: metade da população de Minas Gerais está ameaçada por barragens de rejeitos
Há três meses, no dia 25 de janeiro, a barragem da mineradora Vale, na comunidade de Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompia. A tragédia matou centenas de pessoas, destruiu o rio Paraopeba e deu a Minas Gerais o triste “título” de Estado onde ocorreu o maior acidente de trabalho do país. De acordo com a Defesa Civil, 232 pessoas morreram e outros 37 corpos continuam desaparecidos. No Dia Mundial das Vítimas de Acidente de Trabalho, lembrado neste domingo (28), um dos membros da coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, defende uma mudança no modelo de exploração das mineradoras para evitar novos crimes como este cometido pela Vale.
Segundo ele, é preciso reestatizar a mineradora repensar um novo modelo de segurança na construção das barragens.
O coordenador do MAB ainda chama a atenção para o grande número de barragens de rejeitos localizadas próximas à Belo Horizonte. Segundo dados do Plano de Segurança de Barragens, da Agência Nacional de Águas, existem 114 barragens de rejeito, mais 104 estruturas não cadastradas no plano, entre barragens e diques.
“Essas estruturas decorrem da exploração mineral na região, especialmente ferro, ouro, argila e gemas. Setenta dessas estruturas têm um risco alto de ruptura e outras 12 tem um risco baixo. Em caso de rompimento, as bacias do rio Doce, rio das Velhas e rio Pará serão as mais atingidas”, diz ele ao acrescentar que, em caso de rompimento, metade da população mineira, cerca de 10 milhões de pessoas, seriam atingidas.
Essas estruturas estão localizadas na região do chamado Quadrilátero Ferrífero, que abrange 26 cidades como Nova Lima, Rio Acima, Ouro Preto e Raposos.
“Todo o abastecimento de água em Belo Horizonte e nessas cidades seria comprometido”, diz Andrioli.
Brumadinho
O rompimento da barragem I no dia 25 de janeiro, em Brumadinho, despejou 12 milhões de metros cúbicos de rejeito nas águas do córrego do Feijão e posteriormente no rio Paraopeba.
Os rejeitos destruíram todo o vale do córrego do Feijão, atingindo casas, pequenas propriedades rurais, sítios, pousadas e a própria sede administrativa da Vale. Cerca de 300 hectares de terra foram soterrados.
Você Sabia?
Até abril de 2018 a Vale devia para os cofres públicos mais de R$ 29 bilhões de reais em impostos de diversas ordens: ICMS, Imposto de Renda, PIS-COFINS e royalties, sobre os quais a empresa estava sendo questionada em ações judiciais pelos órgãos públicos por cálculos incorretos que levavam a pagamentos subfaturados.
Apenas para a Previdência (INSS), a Vale devia, em 2017, R$ 596 bilhões, conforme dados disponibilizados pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

Fonte: CTB-MG com informações do MAB

Mulher que perdeu o filho após o crime cometido pela Vale em Brumadinho.
Foto: Anderson Pereira (CTB-MG)



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