A disposição para a manutenção da unidade sindical deu o tom à reunião realizada pelas centrais sindicais, na manhã desta quarta-feira (15), em São Paulo.
No encontro, que contou com a presença de técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), representantes da CTB, CUT, CGTB, Força Sindical, Nova Central e UGT discutiram a atualização da agenda de luta em 2014 e as estratégias de ação unitária na defesa dos interesses dos trabalhadores. Uma das propostas é a realização de uma grande atividade unitária no dia 09 de abril, que visa retomar as lutas prioritárias da classe trabalhadora, especialmente as definidas em 2010, na 2ª Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat ).
A proposta da CTB é a realização de um grande Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, nos moldes da Conclat. “Estamos em um período muito importante para o país, com Copa e eleições, e é importante que as centrais se mantenham na vanguarda para avançar na pauta trabalhista”, declarou Adilson Araújo, presidente da CTB. “O objetivo é colocar em prática uma agenda positiva que resgate as bandeiras históricas da classe trabalhadora exercendo mais pressão para encerrarmos esse ciclo com avanços e conquistas”.
Entre resoluções também está a retomada, ainda neste mês, das discussões da pauta trabalhista com a presidenta Dilma Rousseff. O intuito dos sindicalistas é marcar uma audiência para tratar de pontos prioritários como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, o fim do fator previdenciário, a manutenção da lei do salário mínimo e a luta contra a Terceirização.
"As centrais sindicais entendem que, em 2014, é imperativo o reforço da luta, só assim poderemos evitar um retrocesso de direita. Portanto, será fundamental impulsionar nossa atuação”, destacou o presidente da CTB.
No próximo dia 27, os sindicalistas voltam a se reunir para definir o formato do ato unitário (previsto para abril) e a atualização da agenda da classe trabalhadora.
GT das Centrais
Outro ponto discutido durante a reunião foi a sustentação financeira das entidades sindicais. Para os sindicalistas é imperativo encontrar uma proposta do conjunto das centrais que garanta aos sindicatos uma forma de sustentação, para o financiamento da luta em defesa das categorias.
“Divergências a parte, temos a consciência que é preciso encontrar um caminho para o custeio da luta sindical. E no esforço da construção de uma saída é necessário debatermos com mais profundidade o tema”, salientou o presidente da CTB.
Nesse sentido, foi aprovada a criação de um Grupo de Trabalho das centrais sindicais, que fará um estudo em parceria com o Dieese, para a construção de uma proposta unificada.
“Para nós é fundamental assegurar na Lei mecanismos de sustentação material das entidades. Portanto, vemos com bons olhos a construção do GT que vai procurar, de acordo com o que determina o artigo 8º da Constituição que garante a contribuição sindical, criar mecanismos que permitam aos sindicatos aprovar em assembleia, sem contestação, uma contribuição assistencial ou negocial, que faz parte do leque das receitas que asseguram o custeio dos sindicatos”, afirmou Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB.
No que se refere à manutenção e atuação das entidades, a interferência do Ministério Público do Trabalho (MP) também foi lembrada e amplamente criticada pelos sindicalistas.
“O MP não tem respaldo da Constituição para interferir na organização livre dos trabalhadores e dos sindicatos, por isso somos contrários que o órgão se coloque como regulador das formas e limites de contribuição. Em contrapartida, achamos que o movimento sindical precisa ter mais maturidade para construir um consenso em torno de uma matéria tão importante quanto essa”, frisou Nivaldo Santana.
O GT, composto por representantes das centrais, deve iniciar os encontros com um ciclo de debates e a discussão as apresnetação das dificuldades enfrentadas atualmente pelos sindicatos diante da ingerência do MP.
Na opinião dos dirigentes, a prática atual adotada pelo MP promove um cerceamento das formas de mobilização política e financeira dos sindicatos, engessando a atuação sindical.
Por Cinthia Ribas - Portal CTB (foto: Fábio Mendes - UGT)