Os deputados estaduais de Minas Gerais tomam posse oficialmente nesta terça-feira, 1º de fevereiro, às 14h. Será um evento público e aberto a todos os cidadãos, realizado na própria Assembleia Legislativa.
Entre as novidades dessa legislatura, está o Deputado Celinho do Sintrrocel (PCdoB). Celinho foi projetado para a vida política a partir da atuação como presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Coronel Fabriciano, o Sinttrocel. Acompanhe abaixo a versão completa da entrevista publicada no Jornal CTB Minas nº4/janeiro 2011.
Foto: Bruno Costa
Que papel você vai representar na defesa dos trabalhadores e para que Minas faça parte do projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho?
Eu destaco, primeiramente, que não entendo por que até hoje Minas Gerais perde para o estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Todos esses estados têm o salário mínimo estadual, e Minas Gerais até hoje não tem. Então, um dos projetos que desejamos apresentar, com a máxima urgência, é para que Minas Gerais possa também ter o salário mínimo estadual (...). O segundo foco, em relação aos trabalhadores, é fazer grandes debates, audiências públicas, plenárias, seminários para discutir a saúde do trabalhador. Hoje, temos segmentos que vivem em situações precárias. Como parlamentar, não posso fugir da responsabilidade de me ater a uma discussão permanente sobre a saúde dos trabalhadores.
Um dos pontos críticos de Minas Gerais é a forma de gestão do trabalho e do serviço público. Algum projeto específico para os servidores?
A gente pode observar até agora, com todos os choques de gestão feitos por Aécio Neves e que devem se repetir com o atual governador do estado, é que não houve nenhum tipo de benefício para os servidores públicos. Nós somos contra a Lei Delegada. Isso é um cheque em branco que se dá ao governo, e tudo precisaria ser discutido e debatido pelos parlamentares eleitos, pelo povo de Minas. E a partir do momento que se dá poder através de uma Lei Delegada, você na realidade não sabe o que se vai fazer com os trabalhadores públicos, e na maioria das vezes, o corte é sobre os salários e as condições de trabalho das pessoas. E isso para nós é preocupante.
Como parlamentar, posso afirmar que estaremos junto com os sindicatos e entidades que representam os servidores públicos, para que a gente possa tentar reverter essa situação. Acho que há muitas prioridades a ser destacadas em relação aos servidores, por exemplo a lei de greve, que não cabe a um mandato de deputado estadual, mas de deputado federal. Mas a gente pode criar uma grande parceria no congresso para que isso possa ser solucionado. Tem a questão do financiamento do movimento sindical, as contribuições dos servidores públicos em favor dos sindicatos. Nós precisamos entender melhor para ver que medida tomar, para a gente se diferenciar e trazer a esses companheiros e companheiras uma condição melhor de trabalho e de vida. (...) É nosso desejo procurar sindicatos de todas as categorias, buscar uma discussão com os metalúrgicos, servidores públicos, trabalhadores rurais, rodoviários e comerciários, a cada momento trabalhar projetos para melhorar a vida dos trabalhadores.
Como parlamentar, posso afirmar que estaremos junto com os sindicatos e entidades que representam os servidores públicos, para que a gente possa tentar reverter essa situação. Acho que há muitas prioridades a ser destacadas em relação aos servidores, por exemplo a lei de greve, que não cabe a um mandato de deputado estadual, mas de deputado federal. Mas a gente pode criar uma grande parceria no congresso para que isso possa ser solucionado. Tem a questão do financiamento do movimento sindical, as contribuições dos servidores públicos em favor dos sindicatos. Nós precisamos entender melhor para ver que medida tomar, para a gente se diferenciar e trazer a esses companheiros e companheiras uma condição melhor de trabalho e de vida. (...) É nosso desejo procurar sindicatos de todas as categorias, buscar uma discussão com os metalúrgicos, servidores públicos, trabalhadores rurais, rodoviários e comerciários, a cada momento trabalhar projetos para melhorar a vida dos trabalhadores.
Foto: Maria Cristina Souza
Você quer um mandato de referência para os trabalhadores organizados em sindicatos?
Esse é um dos focos do nosso mandato. E quero destacar que vou apresentar também em Projeto de Lei a garantia do cobrador nos ônibus de transporte coletivo de passageiros. Hoje temos em Belo Horizonte a dupla função, transparente para qualquer um avaliar: o motorista dirigindo, dando troco, recebendo passagem. O motorista tem que estar atento ao trânsito, ao passageiro, e ficando estressado, doente, deprimido. E isso é um risco, não podemos aceitar. Não somos contra a bilhetagem eletrônica, mas o cobrador ou auxiliar de viagem, controlador de bordo - como queira chamar - tem que se fazer presente nos ônibus para que não se atribua função do cobrador para o motorista.
A grande bandeira do desenvolvimento com valorização do trabalho se traduz em algum momento na redução da jornada de 44 para 40 horas semanais. Os deputados estaduais também podem contribuir com esse processo e de que forma?
(...) O que nós precisamos fazer é sensibilizar, mostrar para os deputados estaduais a importância das bandeiras de luta de todos os trabalhadores. Eu destaco, além da redução da jornada para 40 horas, o fator previdenciário, que acaba com o trabalhador que vai se aposentar. Hoje já temos um número altíssimo de aposentados trabalhando, porque perderam até 40% das suas aposentadorias. Então, isso para a gente é um ponto de honra. Já estou procurando conversar com os deputados federais da nossa base, quero trabalhar com os deputados da Assembleia Legislativa, para sensibilizá-los e mostrar a importância de defender essas bandeiras, para que a gente possa trazer mais vitórias em 2011 para todas as categorias.
Foto: Wellington Martins
As centrais sindicais foram ao Tribunal Regional do Trabalho, tentar um diálogo com os desembargadores, porque acreditam que há uma criminalização do movimento sindical. Um ponto crítico, inclusive, foi a proibição da greve dos rodoviários de Belo Horizonte. O senhor acha que a Assembleia Legislativa precisa tratar essa questão de forma mais transparente?
Com certeza. O que foi feito com os rodoviários e vem sendo feito com outras categorias desse País, principalmente em Minas, é rasgar a constituição federal, a CLT e passar por cima de direitos. Hoje, os trabalhadores rodoviários estão com convenção coletiva assinada e que não é respeitada. O que valeu então discutir e negociar? O poder judiciário, às vezes, fica omisso. Então, temos que chamar o poder judiciário e todos os deputados para uma audiência pública e debater essa questão de forma veemente.
Você pretende conciliar as atividades de representante sindical e deputado?
Me afasto da presidência do Sinttrocel a partir do dia 1° de fevereiro; não me afasto do movimento sindical, que me projetou para a política partidária. (...) Continuo secretário geral da Federação dos Rodoviários de Minas (Fetrominas) e diretor da nossa confederação em Brasília. E quero sim, de forma responsável, fazer um mandato que atenda às demandas que as pessoas me confiaram. Quero destacar que o foco desse mandato não se prende ao segmento dos trabalhadores. Nós precisamos trabalhar pelos companheiros do Vale do Aço, principalmente Coronel Fabriciano. A duplicação da BR 381 e a MG 160 são questões de honra para nós. É uma região forte economicamente, mas não tem sido beneficiada com investimentos do estado e governo federal como deveria. E outro ponto importante é melhorar a saúde pública da nossa região.