“Os trabalhadores e o movimento sindical
terão mais dificuldades com o governo Bolsonaro. A extinção do Ministério do
Trabalho, a “Reforma” Trabalhista e a provável “Reforma” da Previdência apontam
para esse caminho”. A avaliação é do Diretor do Departamento de Aposentados da
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB-MG),
Carlos Magno Machado, de 73 anos.
Para superar esse contexto
político, ele afirma que o movimento sindical precisa “voltar às bases”. “Precisamos
discutir as necessidades cotidianas dos trabalhadores. Esse será o principal
desafio nos próximos anos”, acredita Magno, que lutou contra o golpe militar de
1964.
Preso em 1974 pelos militares,
ele ainda guarda na memória as torturas e provocações que sofreu naquela época.
“Após o Ato Institucional número 5, o AI-5, eles me perguntaram: Você ainda
acredita que haverá abertura política?”, recorda ele.
O Ato Institucional número 5, ou
simplesmente AI-5, foi emitido pelos militares no dia 13 de dezembro de 1968. O
decreto foi o pior de todos, pois fechou o Congresso Nacional, interveio em
sindicatos, promoveu prisões, torturas e mortes.
Na última semana, o Brasil lembrou
os 50 anos do AI-5. Ao comparar aquele período com os tempos atuais, Carlos
Magno afirma que o país vive hoje um regime protofascista. “Estamos num estágio
inicial do fascismo”, explica ele.
Quem também se lembra daquele triste
período da história brasileira é o dirigente sindical Gildásio Cosenza, de 71
anos. Em 1968, Gildásio, então com 19
anos, era apenas um estudante de agronomia
quando foi preso com outros jovens por participar do 30º Congresso Nacional
dos Estudantes, em Ibiúna, interior de São Paulo.
“Uma vez em liberdade, passei a
fazer um trabalho de ´formiguinha´ na porta das fábricas. Distribuía panfletos
e jornais, mas tive de viver clandestinamente para não ser preso de novo”,
conta Gildásio que vê semelhanças na forma de atuação das elites daquela época com o
discurso propagado hoje pela extrema-direita.
“A manipulação é a mesma. Eles sempre
buscam criminalizar as lutas dos trabalhadores. Derrubaram João Goulart em
1964, acusaram Juscelino Kubitschek de corrupção e levaram Getúlio Vargas ao
suicídio. Hoje o alvo é o Lula”.
Já o secretário da CTB-MG, Gelson
Alves da Silva, destaca que o golpe de 64 e o AI-5 foram resultados de um
processo histórico.
“Assim como agora, o golpe não foi
feito da noite para o dia. No passado, o golpe veio pela força. Hoje veio pelo voto.
Isso o torna (o golpe) mais perigoso e agressivo, pois no momento tem apreço de
uma grande parcela da população que foi levada a votar no governo que se
apresenta como reacionário e é apoiado pela elite entreguista das riquezas do
nosso país”, diz ele.
Comissão da Verdade
Para saber mais sobre as perseguições que os trabalhadores
sofreram no período da Ditadura Militar, a Comissão da Verdade em Minas Gerais
(COVEMG) disponibiliza um rico acervo na internet. O endereço é www.comissaodaverdade.mg.gov.br
Fonte: Imprensa CTB-MG
Fotos: Anderson Pereira
Segundo Carlos Magno, os trabalhadores terão mais dificuldades com o governo Bolsonaro