Em Belo Horizonte, cerca de 150 mil pessoas
participaram do Dia Nacional de Greve da Educação
Os auxiliares de administração escolar
de Belo Horizonte atenderam ao chamado do sindicato e se uniram a milhares de
outros trabalhadores para protestar contra as reformas da Previdência e
Trabalhista do governo Temer no dia 15 deste mês. As manifestações ocorreram em
todo o país e reuniram um milhão de pessoas. Na capital mineira, cerca de 150
mil trabalhadores participaram do Dia Nacional de Greve da Educação.
Às 9h, o Sindicato dos Auxiliares de
Administração Escolar do Estado de Minas Gerais (SAAEMG) e trabalhadores de
várias escolas particulares de Belo Horizonte já estavam concentrados na praça
da Estação. Durante a caminhada, que durou cerca de 4h, a categoria seguiu para
a praça da Assembleia Legislativa de Belo Horizonte.
Ao lado de vários estudantes e
professores que também aderiram ao movimento, a presidente do sindicato,
Rogerlan Augusta de Morais, considerou positiva a participação dos
trabalhadores da educação.
“Essa grande participação no dia de
hoje mostra que a sociedade entendeu a gravidade das propostas do governo
Temer. Nós temos o direito de aposentar com dignidade. Não podemos nos
conformar com essa reforma que tem como objetivo impedir a aposentadoria do
brasileiro”, disse ela.
O Proposta de Emenda Constitucional do
governo Temer (PEC 287/2016) quer acabar com a aposentadoria por tempo de contribuição,
propondo aposentadoria apenas por idade, aos 65 anos, indistintamente para
homem ou mulher. A PEC estabelece ainda nada menos do que 49 anos de
contribuição para o recebimento do salário da aposentadoria integral.
Vigilantes
Durante a caminhada, o vice-presidente
do sindicato, Amaury Alonso Barbosa, pediu aos trabalhadores que ficassem
atentos aos parlamentares mineiros que já anunciaram os seus votos em favor da
“reforma” da Previdência.
“Vamos ficar vigilantes, pois não
podemos reelegê-los nas próximas eleições. E essas ‘reformas’ não foram
apresentadas aos eleitores durante as eleições de 2014. Se fossem, não seriam
vitoriosas naquele ano. Sendo assim, o governo golpista do Temer não tem
legitimidade para levar essa PEC adiante”, esclareceu ele.
Presente na manifestação, o auxiliar
de administração escolar Marco Aurélio Bizarria Werneck, coordenador de
Educação Física do Colégio Santo Agostinho, na cidade de Nova Lima – região
metropolitana de Belo Horizonte – afirmou que a união dos trabalhadores nesse
momento será fundamental para impedir qualquer retrocesso.
“Temos que marcar posição nessa atual
conjuntura política que o país atravessa. Essa proposta de ‘reforma’ da
Previdência prejudica todos os trabalhadores”.
Em seguida, ele questionou: Por que
eles (governo Temer) não alteram as suas aposentadorias antes de atacar as
nossas?
A auxiliar de administração escolar
Kelli Gaudêncio, de 39 anos, funcionária da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), também criticou a atual proposta do governo e ressaltou que essa
é uma luta de todos os trabalhadores.
“Essa é uma reclamação do setor
público e particular. Por isso, essa é uma causa de todos nós”, argumentou ela.
Os diretores do sindicato Aloísio
Dias, João Batista da Silveira, José Geraldo Vieira, Anderson Silva e todos os
trabalhadores do sindicato também participaram da manifestação.
Aposentadoria mais distante
A manifestação passou por diversas
vias de Belo Horizonte, como as avenidas Amazonas, Olegário Maciel e praça
Sete. Durante a caminhada, vários trabalhadores liberais e do comércio
assistiram a passeata. A empregada doméstica Marli de Souza Cláudio, de 61
anos, era uma dessas pessoas que observavam os protestos.
A caminho do trabalho, ela contou que
exerce a profissão há sete anos e contribui há 13 com a Previdência. Se a nova
regra do governo for aprovada, dona Marli só vai se aposentar com 25 anos de
contribuição, contra os atuais 15 anos que são exigidos pela lei.
Para
ela, a “reforma” vai prejudicar os mais pobres.
“Sou contra essa proposta”, afirmou
ela.
O vendedor ambulante Marcos Alves, de
26 anos, que também estava na av. Amazonas durante a passeata, criticou a PEC
287/2016. Ele contribui há três anos para a Previdência e trabalha como
ambulante há dois anos e meio. Se a “reforma” for aprovada, ele terá de
contribuir por 25 anos.
“Eles (os patrões) falam que estamos
atrapalhando o trânsito, mas estamos lutando pelos nossos direitos”, disse ele.
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Greve na Educação.
Crédito das fotos: Anderson Pereira