31 de mai. de 2016

Única saída democrática é retorno da presidenta eleita, diz professor de direito

Em audiência pública na ALMG, professor compara situação brasileira a Paraguai e Honduras e diz que novo pleito será próximo passo.
                                              

O golpe camuflado de processo de impeachment da presidente legitimamente eleita Dilma denunciado em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na reunião, realizada na manhã desta terça-feira (31/5/16), o professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), José Luiz Quadros, disse que trata-se de um golpe similar aos já concretizados em outros países latinos, Honduras e Paraguai. Ele ressaltou que nesses dois países a convocação de novas eleições serviu para calar quem denunciava a tomada arbitrária de poder. “No Brasil, esse governo surreal de homens ricos, brancos e processados não vai se sustentar e a tese das eleições começa a ganhar fôlego. Está no manual, é o próximo passo do golpe”, disse.
O professor de direito afirmou, ainda, que estaríamos vivendo o que ele chama de “surrealismo político”. “Uma presidenta afastada - contra a qual não há processo, denúncia ou delação – e substituída por um governo onde todos respondem a processos. É golpe e já foi inclusive confessado nas gravações vazadas recentemente”, afirmou. Para José Luiz Quadros, a única saída democrática para a atual crise seria o retorno da presidenta eleita sem que a sociedade civil saia das ruas.
Propostas do governo golpista recebe criticas  
Os convidados chamaram a atenção não apenas para o processo de afastamento da presidente Dilma, mas para as propostas que têm sido apresentadas, e algumas já aprovadas, pelo governo interino de Michel Temer. Para os participantes da audiência as medidas anunciadas vão piorar o desemprego e causar danos à classe trabalhadora. Os riscos de flexibilização das leis trabalhistas, de terceirização e de reforma da previdência social foram apontados como propostas do governo golpista.
O deputado Rogério Correia (PT) e a deputada Marília Campos (PT) criticaram os cortes sociais anunciados pelo governo Temer e a guinada do projeto que não foi eleito pelo povo.
Jornalista destaca papel da imprensa
O presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Kerrison Lopes, destacou o papel da imprensa e disse que os governos de Lula e Dilma não teriam enfrentado os conglomerados de mídia da forma como deveriam ter feito para conseguir uma imprensa efetivamente democrática. Na avaliação dele, bastava regulamentar dispositivos constitucionais, como a proibição de propriedade cruzada de veículos de comunicação. Segundo Kerrison Lopes, a imprensa internacional inicialmente comprou o discurso dos veículos nacionais, mas após a votação do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados no dia 17 de abril já teria chegado ao consenso de que tratou-se de um golpe.
Democratizar todas as instituições, especialmente o Judiciário e o Ministério Público, foi a necessidade defendida pelo procurador de Justiça Afonso Henrique Miranda Teixeira. “Precisamos de negros e pobres não apenas nas universidades, mas também nessas instituições, que hoje são ocupadas apenas por membros da elite que puderam frequentar boas escolas e, assim, serem aprovados no concurso. Essas instituições têm sido fiéis ao que representam, as elites, apesar de infiéis aos seus deveres constitucionais”, disse. Para ele, o País não havia conquistado um efetivo Estado Democrático, mas vivia-se em um Estado de Direito que, agora, teria sido substituído por um Estado de Exceção.
A presidente da União Estadual dos Estudantes do Estado de Minas Gerais, Luanna Kathleen Paiva Ramalho, salientou que, se antes a juventude se reunia para discutir como avançar, agora é para debater como não retroagir. O representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Mateus Vaz de Melo, por sua vez, disse que se antes as críticas à condução do golpe eram acusadas de serem teorias da conspiração, agora os áudios vazados demonstram que não eram. “Não há mais espaço para dúvidas”, disse.
Editado a partir das informações da ALMG

Direção eleita do Sindicato de Unaí visita CTB-MG



A nova direção eleita do SINDSMAIU – Sindicato dos Servidores Ativos e Inativos de Unaí realizou nesta terça-feira (31) uma visita a sede da CTB/MG. Foi realizada uma importante reunião para tratar de assuntos sobre a situação dos servidores públicos diante da conjuntura política brasileira totalmente desfavorável aos trabalhadores brasileiros. A preocupação é com a sinalização do governo Temer que dará andamento a diversos projetos que tramitam no Congresso Nacional e que têm como objetivo retirar conquistas recentes dos servidores públicos, trabalhadores em geral e amplos setores da sociedade, representando um enorme retrocesso.

Além da nova Presidenta Rosalda de Oliveira Campos, estiveram presentes o Diretor Financeiro Vicente Ferreira e a advogada Mariana Souto.



Representando a CTB Minas, participaram José Antonio – o Jota, Leonardo Luiz de Freitas, Gelson Alves, Carlos Baromeu e Jose Carlos Maia. A reunião contou com a presença do diretor Oquenes da cidade de  Raposos, Jose Divan de Arinos, Marcos Roberto de Unaí e Giovani José do Sitramico. Os dirigentes presentes apontaram diversas demandas e assumiram o compromisso de continuar na luta junto com a CTB na defesa dos servidores públicos e da classe trabalhadora. 

Na porta do INSS-BH, aulão leva debate sobre os riscos à previdência no governo golpista



Uma proposta de dialogo aberto e itinerante com a população para mostrar os impactos na vida dos(as) brasileiros(as) se forem implantadas as propostas do governo golpista de Temer. Foi com esse objetivo que a Frente Brasil Popular em Minas foi para porta da Agência da Previdência da rua Tupinambas, centro de Belo Horizonte. na tarde desta terça-feira (31/05). A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promoveram uma aula sobre a reforma da previdência pretendida pelo governo que mesmo transitório já faz um estrago nos direitos sociais nos últimos 20 dias. Ações como esta aconteceram em todo o país e fazem parte da reação dos movimentos populares, sindicais, estudantis e progressistas contra o golpe.

Para explicar à população qual o impacto da proposta de Temer, se a reforma passar, foram apresentados casos concretos de trabalhadores que procuravam a Agência do INSS. Em uma das situações, o trabalhador que aguardava atendimento espera sua aposentadoria para daqui um ano e meio. Com a reforma de Temer, ele precisaria de mais 10 anos para conquistar o benefício. Para mulheres, professores(as) e trabalhadores(as) rurais a situação se agrava ainda mais. A presidenta do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro/MG), Valéria Morato, presente no aulão mostrou que tem muito a temer se a reforma for aplicada: ao invés de dois anos para poder entrar com pedido de aposentadoria, o seu tempo de trabalho iria aumentar em mais 20 anos.

Beatriz Cerqueira conversa com as pessoas que aguardavam atendimento para ilustrar os riscos em cada caso


Público não é privado  


O presidente O presidente da CTB-MG, Marcelino Rocha alertou à população para o risco dessa concepção privatista que volta a rondar o Brasil. Para ele também está no debate a privatização da previdência que trará danos ao desenvolvimento e consequentemente às diversas políticas sociais. “Essa discussão também atinge toda a classe trabalhadora, acabando com a política de valorização do salário mínimo, várias categorias também sofrem e os primeiros atingidos serão os(as) aposentados(as).”



A presidenta da CUT-MG Beatriz Cerqueira também chamou atenção para o envolvimento de todos no debate. Segundo ela, dois retrocessos diretos prejudicam a vida dos(as) trabalhadores(as): o aumento do tempo de contribuição e a idade mínima para se aposentar. “Agora o debate é ter 65 anos para se aposentar, daqui a pouco estamos trabalhando todos de bengala. Esse governo enxerga a previdência como um consumo e não como um direito social”.  




Os ataques às conquistas dos brasileiros não se restringe a previdência. Saúde, educação, cultura e diversos programas sociais estão em xeque. Além do projeto “Ponte para o futuro”, criado pelo governo golpista que claramente retira direitos da classe trabalhadora, ministros do atual (des)governo se posicionam com propostas que ameaçam as conquistas sociais. Em contraponto, a cada dia um protesto acontece. Na noite de ontem (30), a Praça Sete – coração da capital – recebeu manifestação em defesa do SUS.       



Protesto em defesa do SUS na Praça Sete

Centro da capital ficou tomado por faixas 



No dia 10 de junho está convocado em todo o país um grande ato Fora Temer. Atividades promovidas pelos movimentos sociais devem se intensificar  nos próximos dias.  

25 de mai. de 2016

Em gravação com Machado, Renan também sugere envolvimento do STF no Golpe


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator -procedimento central utilizado pela Operação Lava Jato.
Renan sugeriu que, após enfrentar esse assunto, também poderia “negociar” com membros do STF (Supremo Tribunal Federal) “a transição” de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada.
Machado e Renan são alvos da Lava Jato. Desde março, temendo ser preso, Machado gravou pelo menos duas conversas entre ambos. A reportagem obteve os áudios. Machado negocia um acordo de delação premiada.
Ele também gravou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), empossado ministro do Planejamento no governo Michel Temer. A revelação das conversas pela Folha na segunda (23) levou à exoneração de Jucá.
Em um dos diálogos com Renan, Machado sugeriu “um pacto”, que seria “passar uma borracha no Brasil”. Renan responde: “antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”.
A mudança defendida pelo peemedebista, se efetivada, poderia beneficiar Machado. Ele procurou Jucá, Renan e o ex-presidente José Sarney (PMDB) porque temia ser preso e virar réu colaborador.
“Ele está querendo me seduzir, porra. […] Mandando recado”, disse Machado a Renan em referência ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Renan, na conversa, também ataca decisão do STF tomada ano passado, de manter uma pessoa presa após a sua segunda condenação.
O presidente do Senado também fala em negociar a transição com membros do STF, embora o áudio não permita estabelecer com precisão o que ele pretende.
Machado, para quem os ministros “têm que estar juntos”, quis saber por que Dilma não “negocia” com os membros do Supremo. Renan respondeu: “Porque todos estão putos com ela”.
Para Renan, os políticos todos “estão com medo” da Lava Jato. “Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'”, contou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que fazia citação ao tucano.
Renan disse que uma delação da empreiteira Odebrecht “vai mostrar as contas”, em provável referência à campanha eleitoral de Dilma. Machado respondeu que “não escapa ninguém de nenhum partido”. “Do Congresso, se sobrar cinco ou seis, é muito. Governador, nenhum.”
O peemedebista manifestou contrariedade ao saber, pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esteve com Michel Temer em março.
Em dois pontos das conversas, Renan e Machado falam sobre contatos do senador e de Dilma com a mídia, citando o diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, e o vice-presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho. Renan diz que Frias reconheceu “exageros” na cobertura da Lava Jato e diz que Marinho afirmou a Dilma que havia um “efeito manada” contra seu governo.
Trecho:
MACHADO – É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que eles é o próximo da vez.
RENAN – [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer o…
MACHADO – [Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer um pacto de Caxias, vamos passar uma borracha no Brasil e vamos daqui para a frente. Ninguém mexeu com isso. E esses caras do…
RENAN – Antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso.
MACHADO – Acaba com esse negócio da segunda instância, que está apavorando todo mundo.
RENAN – A lei diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso.
MACHADO – Acaba isso.
RENAN – E, em segundo lugar, negocia a transição com eles [ministros do STF].
MACHADO – Com eles, eles têm que estar juntos. E eles não negociam com ela.
RENAN – Não negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: ‘Renan, eu recebi aqui o Lewandowski, querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável’.

Diário do Centro do Mundo/Folha

Segundo turno do golpe começa com clima de virada da resistência



A capital mineira pode ter se tornado o marco para um segundo momento da trama política com a reação popular ao golpe. Na última sexta-feira (20/05) Belo Horizonte se preparou para receber a presidenta Dilma que iria  participar do 5o Encontro de Blogueir@s e Ativistas Digitais, primeira aparição pública depois de seu afastamento. Um ato espontâneo dos belo-horizontinos superou a convocação da Frente Brasil Popular e levou de forma rápida mais de 40 mil pessoas para frente do hotel que acontecia o encontro.  Dilma foi ovacionada e recebida por um ato emocionante de apoio. Frases como “Fora Temer” e “Volta querida” ecoaram pelas ruas próximas ao hotel.

A presidenta legitimamente eleita foi recepcionada pelo presidente da  CTB/MG, Marcelino da Rocha e a presidenta da CUT/MG Beatriz Cerqueira. Dezenas de manifestações de carinho se juntou a soltura de balões vermelhos que levaram o símbolo da liberdade aos céus da capital. As centrais sindicais e as entidades que compõem a Frente Brasil Popular seguiram com a manifestação até a porta da Funarte, onde ocorre mais uma ocupação das 22 espalhadas por todo o País em protesto contra o golpe.    



Do lado de dentro, Dilma Rousseff disse estar surpresa e chorosa com a enxurrada de apoio que acabava de receber. A emoção, porém, não afastou a sua força para reafirmar que irá resistir até o fim e desmascarar os golpistas na segunda fase do processo no Senado.  Na abertura do encontro, Dilma denunciou o projeto golpista de desmonte do Estado com algumas das ações que já ganharam as manchetes do jornal nesse período de governo ilegítimo. A presidenta também se defendeu mais uma vez das acusações. Segundo ela, o conteúdo dos decretos que fazem parte da peça de acusação são idênticos a outros assinados por ex-presidentes. Ela citou o caso de Fernando Henrique Cardoso que durante seu mandato assinou 30 decretos iguais aos seis que foram apresentados pelos autores do impeachment. “Não era crime naquela época e não é crime agora” reafirmou.     

Derrotar o golpe
A capacidade de reverter o quadro de golpe no Brasil foi reafirmada por todos os participantes das mesas de debate do encontro que aconteceu até domingo. O presidente da CTB/MG, que esteve na manifestação no dia anterior, conduziu as duas mesas do debate da manhã junto com a presidenta da CUT/MG, Beatriz Cerqueira. “Foi montado uma máfia em Brasilia, e em sete dias fizeram mais assaltos aos direitos individuais e coletivos ao povo brasileiro do que em décadas passadas. Espero que a gente possa nas ruas com muita ousadia reverter esse quadro”


O jornalista e blogueiro Paulo Moreira Leite reafirmou por diversas vezes que acredita que o golpe pode ser derrotado. “A resistência da população ao golpe começou antes do golpe, continuou e tende a prosseguir. A manifestação em BH foi um marco, um protesto importantíssimo de resistência popular.” Paulo Moreira Leite também chamou atenção para a imposição da pauta golpista no Congresso que derrotada quatro vezes nas eleições.    

Contrainformação



O papel da comunicação no enfrentamento do golpe também foi tema de debate. Para Laula Capriglione, idealizadora do Jornalistas Livres, o momento é fundamental para dialogar com a classe média que começa a entender os riscos do golpe. Para ela a desconfiança básica com a rede Globo foi introduzida na “corrente sanguínea da população brasileira”. Laura alertou também para que o ativismo digital não favoreça mentiras que podem prejudicar o debate. “Os golpitas vão jogar cascas de bananas para a gente cair. É preciso saber disso e não cair. Espalhar informações sem credibilidade é uma casca de banana para depois eles nos acusar” alertou.

A voz da antinarrativa também foi defendida por Marco Weissheimer, jornalista e blogueiro de Santa Catarina.  Para ele, o que acontece no Brasil é um combate a onda fascista que cresce em escala mundial. “O Brasil não é um ponto fora da curva, o que está acontecendo aqui, está acontecendo – com diferenças e escalas – na Argentina, na Bolívia, na Venezuela, no Equador e em vários países.”

Direito à comunicação
Na segunda mesa, os participantes destacaram as ameaças à comunicação pública, ao marco civil regulatório e a internet no Brasil. Esses ataques tem ações concretas do novo governo golpista que nas primeiras medidas demitiu ilegalmente o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O retrocesso pode ser ainda maior com risco direto à construção da comunicação pública, segundo uma das coordenadoras do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertolli.


    
A internet como conhecemos hoje também é alvo da pauta conservadora do Congresso que ganha força com a equipe de Temer/Cunha. De acordo com Bia Barbosa, do Coletivo Intervozes, as mudanças nas leis podem intervir radicalmente nos direitos dos internautas. Para ela estão claramente ameaçados a neutralidade na rede e o acesso à internet. A neutralidade diz respeito a visualização do conteúdo, um principio em disputa em todo mundo. Mantida a neutralidade, não se pode priorizar um conteúdo sob o outro. Então, portais da grande mídia tem o mesmo critério de acesso que blogs progressistas, por exemplo. Outros projetos que censuram e espionam o usuário na internet podem entrar em pauta a qualquer momento na Câmara. Limitar a franquia na internet fixa também é uma sanha do mercado que pode vir com mais força com os usurpadores no poder.

Cultura
O teatrólogo Marcelo Bones esteve no encontro para relatar o posicionamento da Frente Nacional do Teatro, criado a partir do movimento de ocupações de sedes do Ministério da Cultura em 23 estados. Bones afirmou que tem convicção de que o fim do MinC não é provocado pelo desejo de eficiência dos gastos públicos, mas sim para desmontar o que foi criado nos últimos anos. De acordo com ele, a luta dos(as) artistas não termina com a volta do MinC porque a trincheira que foi construída é contra o golpe.      



Carta
Os(as) blogueiros(as) e ativistas digitais aprovaram ao final do encontro um documento com diretrizes de luta. A Carta de Belo Horizonte estabelece as ações dos(as) ativistas para enfrentar o governo ilegítimo que se instalou no Brasil no último dia 12.

  

23 de mai. de 2016

Gravação com Jucá revela que impeachment foi pacto para deter a Lava Jato



Em diálogos gravados em março passado, o ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR) sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.
Segundo reportagem de Rubens Valente, as conversas, que estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República), ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Machado se mostrou preocupado com o envio do seu caso para a PF de Curitiba e chegou a fazer ameaçadas: "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'...".
O atual ministro afirmou que seria necessária uma resposta política: "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá. Ele acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado disse: "aí parava tudo".
Segundo Jucá, "ministros do Supremo" teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato. O ministro do Planejamento afirmou que tem "poucos caras ali [no STF]" ao quais não tem acesso e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, a quem classificou de "um cara fechado".
O atual ministro concordou que o envio do processo para o juiz Sérgio Moro não seria uma boa opção e o chamou de "uma 'Torre de Londres'", em referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e execuções entre os séculos 15 e 16. Segundo ele, os suspeitos eram enviados para lá "para o cara confessar".
Na conversa, eles dizem que o único empecilho no pacto era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria Cunha. "Só Renan que está contra essa porra. 'Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, porra", afirma Jucá no diálogo, que foi gravado.
"O Renan reage à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. 'Michel, vem cá, é isso e isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas'", disse Jucá ao ex-presidente da Transpetro.
O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato e que as conversas não contêm ilegalidades.

Brasil 247

Paulo Moreira Leite à CTB: "Acredito que podemos reverter esse golpe"


"Acredito que podemos reverter esse golpe", afirmou o jornalista Paulo Moreira Leite durante entrevista ao Portal CTB direito do 5º Encontro dos Blogueiros e Ativistas Sociais (#5BlogProg), que teve início esta sexta-feira (20) e foi até o domingo (22). 
Ao lado da jornalista Laura Capriglione, dos Jornalista Livres, e do jornalista  Marco Weissheimer, do Portal Sul21, Paulo Moreira Leite falou sobre o golpe, a disputa política e a luta pela democratização da comunicação.

Para o apresentador do programa Espaço Público, o "golpe não deve ser surpresa para ninguém. Desde 2013, já se falava da ameaça de ruptura institucional. O próprio Ricardo Melo, diretor-presidente exonerado da EBC pelo governo interino de Temer, também já havia afirmado, em julho de 2015, que havia um golpe em marcha", externou. E completou: Temos um Congresso comprado que destituiu uma presidenta que não cometeu crime algum. O Brasil está refém do Congresso mais conservador desde 1964 e uma dos mais corruptos da história".
Leite destaca que "é preciso galvanizar a onda de atos pró-democracia. O governo interino já sente o impacto desses atos e eles crescem a cada dia. Penso que para não se perder esse momento de mobilização, é preciso construir uma grande campanha, nos moldes das Diretas Já, para unificar cada vez mais o país e assim contruir um horizonte de resposta aos golpistas de plantão".
Impacto da comunicação alternativa 
Na mesma linha, a jornalista Laura Capriglione falou da resistência pelo Brasil e sobre o papel da comunicaçào alternativa nesse processo. "As redes sociais são uma novidade na atual conjuntura. Se eles [oposição e grande midia] têm a máquina, nos temos o coletivo. Estamos reinventado o jornalismo e contruindo uma contra-narrativa ao golpe e ao conservadorismo", destacou ela.
Capriglione lembra que vivemos uma realidade muito diferente da vivida pelo golpe de 1964 e a comunicação ampla e horizontal tem central nesse momento. "Creio que esse encontro pode contribuir para fortalecer o jornalismo colaborativo, viral e horizontal. A estratégia de redes deve ser usada para sair do nosso gueto, com credibilidade, profundidade e reponsabilidade. Só assim iremos longe".
Portal CTB - Joanne Mota
*Foto destaque: Eder Bruno. 

Presidenta Dilma no #5BlogProg: "Resistirei em defesa da democracia e dos direitos"

A presidenta Dilma Rousseff marcou presença, nesta sexta-feira (20), no 5º Encontro dos Blogueiros e Ativistas Sociais (#5BlogProg), que acontece em Belo Horizonte e conta com a participação de mais de 500 blogueiros e blogueiras de todas as regiões do país. A fala de abertura foi realizada pela coordenadora nacional do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), Renata Mielli, que destacou a luta pela democracia, os retrocessos que o país testemunha com o governo interino de Temer e a centralidade da defesa da democracia.
Dilma foi recepcionada por cerca de 30 mil pessoas na porta do hotel Othon Palace. "Não há palavras para dizer o que senti ao chegar e ser recebida com tanto carinho", externou a presidenta emocionada.  
"Digo para vocês, irei resistir, lutarei em todas as instâncias pela democracia e pelos direitos", reiterou Dilma após o evento em coletiva a um grupo de blogueiros e blogueiras. Durante sua fala, a presidenta denunciou que o governo biônito tenta isolá-la de todas as formas. "Eles estão atacando ferozmente todas as conquistas que alcançamos nos últimos 14 anos", apontou.
Ao falar sobre o golpe dado na democracia, a mandatária indicou que essa "ofensiva contra o país tem endereço, telefone e impressão digital". E mais: “Os jornais não conseguiram ocultar a presença dessa pessoa (Eduardo Cunha) nas decisões da Câmara. Ele comanda tudo o que é aprovado lá. Por isso, o Congresso e suas comissões estão parados desde o começo do ano, mas a mídia silencia".
Onda conservadora
Dilma também externou sua preocupação com a onda conservadora no Brasil que se reflete na composição do Congresso Nacional e impusliona a crise política. “Cunha conseguiu colocar cerca de 230 deputados de sua confiança na Câmara, o que travou o funcionamento do país e sabotou nossas tentativas de combater a crise, gerando instabilidade Nenhuma Comissão da Câmara ou Comissão Mista (com deputados e senadores) conseguiu prosperar este ano. Só a do impeachment”, disse. 
Geral vai descer
O rapper Flávio Renegado marcou presença também no encontro e destacou que a luta segue contra esse governo golpista. E mandou recadinho especial ao presidente interino direto do ‪#‎5BlogProg‬.
 Na mesma linha, Gilson Reis, da direção da CTB Minas e vereador pelo (PCdoB/MG), parabenizou a realizou do encontro e reafirmou "os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil não reconhecerão nenhum governo golpista. Seguiremos firmes na luta pelo Brasil e pela nossa democracia". 

17 de mai. de 2016

Não vai ter arrego: Movimento Fora Temer será cotidiano em Belo Horizonte



Se de um lado a ofensiva contra os(as) trabalhadores(as) já toma as manchetes dos jornais nessa primeira semana de governo ilegítimo, a resistência dos movimentos sindicais, populares e estudantis prometem não deixar a vida fácil para os golpistas. A primeira manifestação na capital mineira reuniu de maneira quase espontânea 5 mil pessoas em torno do Fora Temer no último domingo(19) na Praça da Liberdade. Aliado a este movimento, a Frente Brasil Popular (FBP), que participou do protesto, prepara uma agenda diária de lutas.  

A CTB e demais entidades que compõem a FBP não saíram das ruas desde que os golpistas começaram a conspiração para derrubar a presidenta Dilma e com ela os direitos sociais no Brasil. Além dos atos públicos e passeatas, tomam conta da agenda de resistência as ocupações com diálogo permanente com setores importantes da sociedade que estão diretamente ameaçados com o golpe. Deu início a esta resistência, o acampamento na praça da Liberdade que durou todo o período de tramitação da admissibilidade do impeachment no Congresso Nacional. Agora, ocorrem as ocupações Mata Machado na Faculdade de Direito da UFMG, Tina Martins no antigo prédio da faculdade de Engenharia também da UFMG e na Funarte.




Veja a seguir  agenda de resistência ao golpe:

17/5 – terça - 19h – reunião das mulheres - na CUT-MG;

18/5 – quarta - 14h - Dia Nacional de Luta Antimanicomial – “Eles passarão, Nós passarinho – Não ao golpe!” - concentração Praça da Liberdade com desfile / leitura de carta em frente Prefeitura;

18/5 – quarta -17h - Oficinas de materiais para o Ato Fora Temer - Ocupação Funarte e Direito;

Dia 19/5 – quinta - Ato Fora Temer - concentração 17h - Praça Afonso Arinos - marcha até ocupação da Funarte;

Dia 22/5 – Domingo - Ato no Aglomerado da Serra – 9h30 – Praça do Aglomerado

Dia 23/5 – Segunda - Plenária Municipal da Frente Brasil Popular – no Sindieletro – 19h

Dia 24/5 – Terça - Plenária Saúde Popular – no Sindibel – 19h

Acompanhe diariamente as agendas das Ocupações Mata Machado Direito UFMG, Tina Martins e Funarte


Veja também a entrevista concedida pelo presidente da CTB-MG, Marcelino Rocha, para a TV ALMG sobre o golpe no Brasil: 




FORA TEMER USURPADOR!!!


"O desmonte do Estado já começou. O momento é de mobilização", diz Adilson Araújo


A coordenação Nacional da CTB se reuniu na manhã desta terça-feira (17) para debater a luta em curso no país pelos direitos sociais e trabalhistas e contra o governo golpista de Michel Temer. Lideranças sindicais de diversos estados e representantes dos rurais, dos metalúrgicos, dos portuários, da previdência social, saúde, educação e relações internacionais realizaram uma análise da conjuntura política e econômica e traçaram os rumos para o movimento sindical diante do avanço neoliberal no país.
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, o momento deve ser de mobilização e orientação do que está em jogo. "Temer já iniciou o desmonte do Estado, com privatizações, cortes dos investimentos públicos, retirada brutal de nossos direitos", alertou o líder cetebista.
Gilson Reis, presidente do Sinpro Minas, fez um alerta sobre a ampliação da Desvinculação das Receitas da União, que deve retirar mais recursos da saúde e da educação. "Esta é a alma do que se chama de estado mínimo, ou seja, gastar menos com as políticas públicas, para poder gastar mais com o capital rentista, através dos juros exorbitante praticados no Brasil. A lógica por trás destes dois setores, saúde e educação, é que eles são os que mais têm investimento do estado brasileiro", diz ele. "O Brasil precisa resgatar um princípio básico. Educação e saúde são direitos constitucionais. Direito do cidadão e dever do estado. E não podemos arredar um palmo dessa nossa concepção". 
O secretário de Política Agrícola e Agrária da CTB, Sérgio de Miranda, classificou a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário como um prejuízo muito grande aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, em especial à agricultura familiar. "Víamos esse ministério como uma conquista. O Brasil tem duas agriculturas, tem a grande agricultura comercial, de exportação, mas tem a agricultura familiar, que é responsável por 70% da produção de alimentos e 84% da mão de obra ocupada no meio rural", diz ele.
O MDA foi incorporado pelo Ministério de Desenvolvimento Social, originalmente criado para tratar dos temas relacionados à assistência social, como o programa Bolsa Família. O demonte dos direitos sociais se reflete em todos os setores sendo uma preocupação da maioria dos dirigentes da CTB presentes, entre eles José Bonfim, presidente do sindicato dos metalúrgicos de Camaçari, na Bahia, e José Adilson Pereira, presidente do sindicato dos estivadores do Espírito Santo. 
"Toda a estrutura está sendo montada a favor dos patrões, com a função de modificar e flexibilizar a CLT e retirar direitos. É um novo golpe, agora contra a classe trabalhadora", diz Bonfim. José Adilson diz que as ameaças de privatização e terceirização de serviços nas zonas portuárias se tornam mais concretas agora e devem contar com mais mobilização da categoria.
A reunião deverá apontar caminhos para a luta, por exemplo, de uma reforma de um previdência pública e inclusiva, a criação de comitês de defesa da CLT, a construção de um dia nacional de luta para denunciar o pacote de maldades que já está sendo implementado por Temer, entre outras ações
Nesta semana, um seminário sobre a previdência, saúde e terceirização tentará cumprir seu papel de municiar as lideranças sindicais com informações sobre como a reforma previdenciária, a ingerência sobre o SUS ou o avanço da terceirização vão impactar negativamente a classe trabalhadoras e quais os caminhos para barrar este avanço nesta conjuntura tão desfavorável.
O secretário de relações internacionais, Divanilton Pereira, e o assessor político da presidência, Umberto Martins, chamaram atenção para as conexões internacionais do golpe e as possíveis e drásticas consequências que recairão sobre a geopolítica da América Latina.  
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