31 de mai. de 2019

Rumo à Greve Geral: Centrais sindicais e movimentos sociais reúnem-se na CTB-MG

Representantes de centrais sindicais e movimentos sociais reuniram-se nesta sexta-feira (31), na sede da CTB-MG, em Belo Horizonte, para discutir a preparação da Greve Geral do dia 14 de junho.

Além da presidenta da CTB-MG, Valéria Morato, participou do encontro o Secretário-Geral da CTB-MG, Gelson Alves da Silva, e o Secretário de Formação, José Antônio de Lacerda, o Jota.

Além da CTB-MG, compareceram as centrais CUT-MG, Força Sindical, Nova Central, Intersindical, movimentos estudantis e sociais.

Fotos: CTB-MG





Manifestação contra a reforma da previdência e os cortes na educação reúne cerca de 250 mil pessoas em Belo Horizonte


As ruas de todo o país foram tomadas, nessa quinta-feira (30), por centenas de manifestantes que protestaram contra a reforma da Previdência e a redução de investimentos na educação anunciado pelo Governo Federal. Em Belo Horizonte, cerca de 250 mil pessoas participaram do ato que teve início na praça Afonso Arinos, no centro da cidade, e terminou na praça da Estação.

A presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB-MG), Valéria Morato, afirmou que o movimento superou as expectativas e demonstrou que a sociedade não aceita retrocessos.

“Em 15 dias, lotamos as ruas e praças do país duas vezes. Agora vamos concentrar nossos esforços para ampliar o chamado para a greve geral, em 14 de junho. Temos certeza de que haverá uma adesão em massa dos trabalhadores, vamos parar o Brasil novamente”, destacou a presidenta da CTB-MG, Valéria Morato.

Restante do país

Grandes manifestações também aconteceram em outras capitais do país. No Rio de Janeiro, cerca de 100 mil pessoas participaram dos protestos. São Paulo reuniu quase 250 mil pessoas. Na capital pernambucana, Recife, foram 100 mil pessoas nas ruas. Belém (PA) somou 40 mil pessoas. São Luís (MA) levou 30 mil  às ruas e Macapá, no norte do país, levou 20 mil.

No Nordeste, aconteceram atos em muitas cidades. No estado da Bahia,  as cidades de Vitória da Conquista, Serrinha, Feira de Santana, Ilhéus, Nazaré, Planalto, Guanambi e Juazeiro registraram manifestações. Em Pernambuco, Vitória de Santo Antão, Araripina, Caruaru, Garanhuns, São José do Egito, Flores e Pejeú foram alguns dos municípios que tiveram suas ruas tomadas por manifestantes. Sergipe, Paraíba, Ceará Alagoas e Rio Grande do Norte também registraram atos em diversas cidades do interior

Atos Internacionais
A defesa da educação de qualidade extrapolou as fronteiras. Atos aconteceram também na Espanha, Inglaterra, Portugal, Holanda, Suíça, Irlanda e Estados Unidos.
Fonte: CTB-MG com informações da União Nacional dos Estudantes (UNE)
Fotos: Anderson Pereira





Chapa apoiada pela CTB-MG vence eleições dos servidores municipais de Itajubá

A Chapa 1 - Continuidade e Luta, sob liderança do companheiro Adílson Soares e apoiada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, seção Minas Gerais (CTB-MG), venceu as  eleições para a renovação da diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Itajubá e Micro Região do Alto do Sapucaí (SISPUMI MIRASP).

As eleições ocorreram no último dia 29 de maio e a vitória desta chapa cetebista demonstra a confiança dos servidores na atual gestão. O trabalho da direção do SISPUMI, que agora continua por mais um mandato, tem se caracterizado por uma postura democrática, sempre acreditando no diálogo na tentativa de resolver problemas e impasses. 

A diretoria eleita  já declarou: “Agora, somos todos um só. Não existe mais chapas um e nem chapa dois. É hora de caminharmos juntos para os avanços tão necessários nas condições de trabalho e vida do trabalhador do serviço público municipal de Itajubá e toda Micro Região do Alto do Sapucaí". 

“A conjuntura é desafiadora e a luta nos chama. Agora, todos juntos apoiando a nova direção que tem representantes de luta em todos os setores do funcionalismo, que garantirá um sindicato forte para todos”, resumiu o Coordenador dos Servidores Públicos da CTB-MG, José Carlos Maia, que juntamente com diversos diretores e sindicatos cetebistas esteve presente no processo eleitoral.

Parabéns, Servidores e Servidoras de Itajubá e Micro Região do Alto do Sapucaí.

Por uma continuidade de luta e trabalho.

Fonte: Imprensa Sindical/CTB-MG
Fotos: Divulgação CTB-MG



30 de mai. de 2019

Brasil registrou um acidente de trabalho a cada 49 segundos entre 2012 e 2019

Entre 2012 e 2019, o Brasil registrou um acidente de trabalho a cada 49 segundos e uma morte decorrente deles a cada três horas e três minutos. O levantamento foi feito pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.

“Podemos dizer que o número é ainda maior, pois algumas ocorrências não são notificadas. Geralmente ocorrem fora do ambiente de trabalho e, por alguma discrepância, não são devidamente classificadas”, explica o professor de direito do trabalho Ronald Silka, do Centro Universitário Internacional Uninter.

Para ser caracterizado como acidente de trabalho, a ocorrência não necessariamente precisa acontecer no ambiente da empresa. Desde que o trabalhador esteja a serviço de seus empregadores, pode ser em qualquer lugar, até mesmo no trajeto entre a própria residência e o local de ofício.

O professor lembra que os empregadores devem realizar exames médicos admissionais e demissionais, mas também periódicos para acompanhar a saúde de seus funcionários. “É preciso ter medidas de prevenção. Devem ser realizados treinamentos para todos os envolvidos nas atividades laborativas, bem como na preparação e orientação no uso de equipamentos de segurança”, defende.

Direitos em caso de acidentes

Segundo o professor, os funcionários têm direitos tanto por parte da empresa quanto por parte da própria Previdência Social. Ele explica, ainda, que os benefícios podem ser solicitados pela própria pessoa ou por seus dependentes, diretamente junto à entidade cabível. “Caso haja recusa em atender o pedido, é possível acionar meios judiciários”, esclarece.

Quando a ocorrência é nas dependências da empresa, os empregadores devem prestar primeiros socorros. Se for comprovado que a empresa foi de alguma forma responsável pelo acidente, a mesma deve arcar com as despesas médicas e também pode responder por danos morais e estéticos, caso haja alguma sequela física.

Mesmo que não seja responsável pelo acidente, a empresa deve se responsabilizar pelos primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador, depositando seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) normalmente. Se o afastamento for maior do que 15 dias, deve-se garantir 12 meses de estabilidade do trabalhador a partir de sua data de retorno.

Já em relação à Previdência Social, o funcionário pode solicitar auxílio-doença acidentário a partir do 16º dia de afastamento. Caso fique completamente incapacitado de exercer qualquer trabalho, pode pedir a aposentadoria.

Se puder exercer alguma função diferente da anterior, é possível solicitar auxílio-doença para reabilitação profissional enquanto se prepara para uma nova atividade. Se conseguir voltar a exercer sua função, mas tiver sequelas, pode receber auxílio-acidente, além do próprio salário. Em caso de morte, quem recebe a pensão são os dependentes do trabalhador.

Fonte:  sindpd - 30/05/2019
Imagem: Divulgação/Internet

Argentina realiza primeira greve geral do ano e a sexta da era Mauricio Macri

Nessa quarta-feira (29), as ruas das principais cidades argentinas, especialmente em Buenos Aires, ficaram vazias. Isso porque duas das três grandes centrais sindicais do país convocaram uma greve de caráter nacional, que duraram 24 horas, e cujo alvo foram as políticas econômicas, trabalhistas e previdenciárias do governo de Mauricio Macri.

Essa foi a sexta greve geral realizada no país durante o mandato de Macri, e a primeira deste ano – houve outras duas greves em nível nacional em 2019, porém restritas a algumas categorias específicas, como transportistas e portuários, e nenhuma delas contou com a participação da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), a maior central sindical do país.

Os principais motivos da paralisação, que acontece a cinco meses da realização do primeiro turno das eleições presidenciais, são os resultados das políticas econômicas do governo macrista, que produziu uma inflação de 55,8% nos últimos 12 meses (15,6% no acumulado deste ano, somente no ramo dos alimentos) e um desemprego de 9,1%, o nível mais alto no país desde 2005. Todos os dados citados são do INDEC (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina), que também apontou, em medição realizada em 2018, que 32% da população argentina vive abaixo da linha da pobreza.
Fonte: CTB com informações da Revista Fórum
                              Foto: Arquivo CTA

28 de mai. de 2019

Rio Doce pode ser atingido novamente, caso barragem em Barão de Cocais (MG) se rompa

Fonte: Brasil de Fato (SP)
Um possível rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), pode contaminar novamente a bacia do Rio Doce, de acordo com comunicado oficial divulgado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad).
A bacia já foi afetada em novembro de 2015, após o rompimento da barragem da mineradora Samarco (controlada pela Vale e pela BHP Billiton) em Mariana (MG). Na época, a lama escoou até o litoral, impactando dezenas de municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. 
Já com o provável rompimento da barragem em Barão de Cocais - anunciado pela própria Vale e pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a lama deve chegar a quatro córregos que atingiriam o Rio Santa Bárbara, afluente do Rio Piracicaba, que, por sua vez, é afluente do Rio Doce. A água desses mananciais se tornaria imprópria para o consumo humano e, devido a redução do oxigênio, peixes e outras espécies aquáticas podem morrer.
Além disso, "Os cursos d’água podem ter redução da vazão decorrente do assoreamento da calha principal e deposição do rejeito", informa a nota da Semad. O comunicado também diz que os rejeitos devem destruir cerca de 383 hectares de mata atlântica e pode, ainda, ter impactos energéticos, pois atingiria a Usina Hidrelétrica de Peti, em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). 
Rompimento iminente
Moradores das proximidades da mina vivem dias de angústia, desde fevereiro, quando cerca de 400 pessoas foram evacuadas da chamada Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem (comunidades de Piteiras, Socorro, Tabuleiro e Vila do Gongo).
Em março, o nível de alerta dessa mesma barragem, que possui 85 metros de altura e 5 milhões de m³ de rejeitos, subiu para nível 3. O prazo previsto pela ANM para rompimento do talude era o último sábado (25). Em um documento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais pela Vale, a engenheira Rafaela Baldi reconheceu que "com as vibrações típicas da atividade minerária, esta estrutura vai se desestabilizando e pode cair sobre a cava”.
No domingo (26), um dia após o prazo final anteriormente anunciado, a ANM anunciou que a barragem pode se romper a qualquer momento. Em alguns pontos, a movimentação do talude da barragem (espécie de "paredão" que fica acima da cava de mineração na mina de Gongo Soco) chegou a  20 centímetros por dia – o ritmo considerado normal é de 10 centímetros por ano. O rompimento do talude pode causar uma reação que levaria a barragem ao colapso. 
Em nota, a Vale afirma que tem tomado todas as medidas preventivas para garantir a segurança dos moradores, e que "tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior estão sendo monitorados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente". 
Edição: Aline Carrijo
Moradores protestaram durante treinamento de evacuação na cidade de Barão de Cocais (MG) no sábado (18)
Foto: Divulgação

Capitalização falhou em 60% dos países que mudaram Previdência, diz estudo

Fonte: UOL

O sistema de capitalização, previsto na reforma da Previdência apresentada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, falhou em 60% dos países que o adotaram, de acordo com estudo publicado no ano passado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Na capitalização, o trabalhador faz a própria poupança para sua aposentadoria. Entre 1981 e 2014, 30 países modificaram seu sistema --seja completamente ou uma parte dele - para adotá-la, segundo o estudo. Até o ano passado, 18 desses países já haviam feito uma nova reforma, revertendo ao menos em parte as mudanças.

"Com 60% dos países que privatizaram aposentadorias públicas obrigatórias tendo revertido a privatização, e com evidências acumuladas de impactos sociais e econômicos negativos, é possível afirmar que o experimento fracassou", afirma o estudo.

Foram múltiplas as razões que levaram a essa falência, como os altos custos fiscais e administrativos do novo sistema, além do baixo valor das aposentadorias, segundo os autores Isabel Ortiz, Fabio Durán-Valverde, Stefan Urban, Veronika Wodsak e Zhiming Yu, membros da OIT.

Os 18 países que tentaram a capitalização, mas fizeram novas reformas, foram: Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Bulgária, Cazaquistão, Croácia, Eslováquia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia, Polônia, República Tcheca, Romênia e Rússia.

Os demais foram: Colômbia, Chile, Peru, Uruguai, México, El Salvador, Costa Rica, República Dominicana, Panamá, Armênia, Nigéria e Gana.

O estudo tem dados somente os países onde a capitalização não deu certo. Não dá detalhes sobre as experiências onde funcionou até agora.

Aposentadorias mais baixas

A recomendação da OIT é de que o valor da aposentadoria seja de pelo menos 40% do salário-base de cada trabalhador após 30 anos de atividade. Diversos países que adotaram a capitalização, porém, tiveram queda nos valores das aposentadorias, que ficaram abaixo desse padrão.

Os pesquisadores citam entre os exemplos a Bolívia, onde as pensões passaram a corresponder em média a 20% do salário que o trabalhador teve durante a carreira.

Outro problema apontado é que o número de pessoas cobertas pela Previdência caiu na maioria dos países, contrariando o discurso de que a possibilidade de maiores rendimentos aumentaria a atratividade para que os trabalhadores contribuíssem.

Aumento da desigualdade

Outra consequência observada em países que adotaram a capitalização foi o aumento da desigualdade de renda.

Os sistemas de seguridade social, quando bem elaborados, servem para distribuir a renda entre a população de duas formas, segundo o estudo.

Primeiro, com a transferência de dinheiro das empresas para os trabalhadores, já que em muitos casos elas colaboram com uma fatia da contribuição previdenciária do indivíduo.

Segundo, com a distribuição de renda dos mais ricos para os que ganham menos, e de pessoas aptas a trabalhar para aquelas que têm algum impedimento, seja por alguma doença, deficiência, ou que param por um período, como mulheres durante a maternidade.

Com a capitalização, essa redistribuição diminuiu.

Como nesse formato as contas são individuais, quem tinha renda mais baixa ou não podia trabalhar --mesmo que temporariamente-- acabou poupando menos e, consequentemente, terminou com uma aposentadoria menor, diz o estudo.

Rombo não foi resolvido

A maior preocupação dos países que reformam sua Previdência costuma ser o equilíbrio das contas públicas.

No caso do Brasil, por exemplo, sucessivos governos, incluindo o atual, afirmaram que as mudanças são necessárias porque as pessoas estão vivendo mais e tendo menos filhos.

Como no sistema atual o dinheiro de quem está trabalhando financia as aposentadorias de quem já parou, esse envelhecimento da população acaba aumentando o rombo nas contas.

No caso dos países que optaram pela mudança para a capitalização, porém, o alívio nas contas não veio, por causa dos custos da mudança.

Os trabalhadores pararam de contribuir para sustentar as pensões de quem estava aposentado, já que mudaram para o sistema de contas individuais. Ou seja, o governo teve que bancar essas aposentadorias com outros recursos, aumentando abruptamente os gastos com a Previdência até que toda a população estivesse na capitalização.

Segundo o estudo, os gastos com a transição foram bem maiores do que o previsto inicialmente.

Ele cita o caso da Argentina, onde o custo foi inicialmente estimado em 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto), mas que foi revisto após a mudança para a capitalização, aumentando 18 vezes, para cerca de 3,6% do PIB. 

O Brasil vai adotar a capitalização?

O sistema de capitalização é defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como forma de proteger gerações futuras e criar empregos.

A proposta de reforma da Previdência que o governo enviou ao Congresso e que atualmente está sendo analisada na Câmara prevê a capitalização, mas não dá detalhes de como ela seria, nem de como aconteceria a transição.

O governo diz também que ainda não sabe qual seria o custo da transição.

Fonte: Uol




“A chance de o Brasil entrar em recessão técnica beira os 70%”

Fonte: Jornal El País - Brasil
O  economista José Luis Oreiro, um dos principais nomes do desenvolvimentismo no Brasil, avalia que a atual política de austeridade da equipe do ministro Paulo Guedes é equivocada e não ajudará a recolocar o país na rota do crescimento. Pelo contrário, Oreiro avalia que a economia brasileira já dá sinais de retração e o Brasil corre o risco de mergulhar novamente em uma recessão. As opiniões do economista importunam liberais, já que, na avaliação dele, o momento não é de cortes – ou contingenciamento –, mas de aumento do investimento público. Para ele, é justamente o Governo quem precisa fazer o papel anticíclico. Em entrevista ao EL PAÍS, Oreiro, que atualmente é professor da Universidade de Brasília (UNB), não poupa críticas ao Governo de Jair Bolsonaro e afirma que a equipe econômica liderada por Guedes quis criar um cenário de caos para convencer a população e parlamentares de que não há outra alternativa para o país a não ser aprovar a reforma da Previdência.
Pergunta. Saímos há muito pouco tempo de uma forte crise econômica e, desde então, o país apresenta uma lenta retomada. Nas últimas semanas, estamos vendo sucessivas quedas das projeções de crescimento. Corremos o risco de uma nova recessão?
Resposta. O Produto Interno Brasileiro (PIB) do primeiro trimestre deste ano irá se contrair e isso já está dado. Os números do Banco Central mostram uma contração, as projeções do monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV) também apontam na mesma direção. A pergunta agora é: qual será o comportamento do segundo trimestre? Não há, no entanto, nenhum indicador positivo. Nas últimas semanas, as condições financeiras se deterioraram – houve aumento dos juros de longo prazo, avanço da cotação do dólar, queda da bolsa — e elas sinalizam o aperto do preço do crédito e vão no sentido de produzir uma contração do nível da atividade. É muito provável que o segundo trimestre venha com um número negativo da atividade econômica e dois trimestres consecutivos de queda do PIB caracterizam recessão técnica. A chance do Brasil entrar em recessão técnica é hoje maior que 50%, está entre 60 e 70%.
P. Esta está sendo a retomada mais lenta da história recente do país. Por que o país não está conseguindo voltar para o patamar de atividade pré-crise?
R. A questão é que todas as políticas econômicas, a fiscal, a monetária e a parafiscal (leia-se o crédito dos bancos públicos) continuam no campo contracionista. A política fiscal, seja com a implantação do teto de gastos ou com o problema hoje da regra de ouro, tem sido contracionista já que reduziu o investimento público. Ele vem caindo sistematicamente nos últimos três anos. E ele é o componente do Governo que tem maior efeito multiplicador. Sobre a política monetária, o Banco Central (BC) subiu o juros durante todo o ano de 2015 e só reduziu a taxa Selic no final de 2016. E a redução foi lenta, muitos economistas, como o Braúlio Borges, da FGV do Rio de Janeiro, mostram que a queda da taxa de juros foi insuficiente.
P. Ela atingiu, no entanto, o menor patamar histórico…
R. Embora você tenha reduzido a taxa de juros até 6,5% ao ano, aquilo que é a taxa neutra de juros [ ] compatível com uma inflação baixa também caiu no período por conta da recessão. O que faz sentido. Quando o desemprego aumenta muito, mesmo aquelas pessoas que continuam no mercado de trabalho na recessão, ficam com medo de perder o emprego e reduzem o consumo e aumentam sua poupança. Ao aumentar a poupança cai a taxa de juros neutra. Embora o BC tenha reduzido a taxa de juros todo ano de 2017, chegado ao patamar de 6,5%, o que as estimativas mostram é que essa redução foi insuficiente porque foi seguida pela redução da taxa de juros neutra. O efeito de estímulo da política monetária acabou sendo muito pequeno. O terceiro fator que explica a lenta retomada é o comportamento do crédito público, dos bancos públicos, principalmente do BNDES. No momento em que a economia está entrando numa grave recessão, o BNDES está diminuindo de tamanho, está reduzindo seus empréstimos, já que ele inclusive está devolvendo parte do empréstimo que ele pegou junto ao Tesouro Nacional. Você está reduzindo o crédito público justamente no momento em que ele é mais necessário. E a alternativa que as empresas tiveram para se financiar era com o crédito dos bancos privados, que é muito mais caro com prazo muito menor.
P. Como conseguir voltar com o investimento público num momento de descontrole das contas públicas e de total austeridade por parte do Governo?
R. Como todos os países fizeram quando se encontraram diante desse tipo de situação. Quando você entra numa recessão, o setor privado está cortando gastos, as famílias estão reduzindo consumo e as empresas, investimentos. Por quê? Tanto as empresas como as famílias querem reduzir seu endividamento. Mas, para que isso aconteça, é necessário que o setor público aumente o dele. Isso é uma contrapartida contábil necessária. Se o Governo e o setor privado reduzirem seus gastos ao mesmo tempo, o resultado final será uma queda grande do nível de atividade. O Governo precisa fazer o papel anticíclico, que é o papel fundamental dos Estados modernos desde a publicação da teoria geral do emprego, do juro e da moeda do economista britânico John Maynard Keynes em 1936. Isso é resultado básico de macroeconomia que foi solenemente ignorado tanto pelo presidente Michel Temer, pela presidenta Dilma Rousseff no segundo mandato e está sendo negligenciado pelo gestão de Bolsonaro. A equipe de Paulo Guedes está fazendo uma política equivocada, o equilíbrio fiscal tem que ser intertemporal, não pode ser num dado ponto do tempo. Quando a economia está em recessão, o Governo não tem que cortar o investimento, isso só piora as coisas. Dessa forma, ele reduz ainda mais o nível de atividade, a arrecadação de impostos cai, o que acaba piorando o déficit das contas públicas. Não há como dizer que, se o Governo tivesse continuado gastando com investimento, a situação fiscal estaria pior. Não necessariamente. Na verdade, isso poderia dar um impulso para o nível de atividade econômica. Na medida em que a economia crescesse mais rapidamente, ele começaria a arrecadar mais impostos e reduziria os gastos públicos. Todos os países desenvolvidos fizeram isso na crise de 2008. Estados Unidos, Japão, países europeus, a China fez em escala inimaginável.
Se não houver um aumento significativo do investimento público, que hoje está no nível mais baixo dos últimos 30 anos, não teremos crescimento.
P. Nos últimos anos, a Reforma da Previdência tem sido considerada a principal medida econômica para evitar um colapso das contas públicas. Está de acordo com o projeto em tramitação?
R. A reforma da Previdência é necessária para evitar uma catástrofe daqui a dez, quinze anos, não é para resolver o problema agora. Até porque o impacto de curto prazo sobre as contas do Governo é zero. Ela não ajuda em nada a situação fiscal hoje. A reforma é para evitar que daqui a quinze anos tenhamos um problema de magnitude do monte Everest. Ela está mal encaminhada, não faz nenhum sentido introduzir um regime de capitalização. Devido aos custos de transição, ele só pioraria as contas do Governo. Se implementado, aí sim veremos o que é uma crise fiscal. Dez vezes pior do que a de agora, não faz sentido. Todo mundo sabe disso, menos o Paulo Guedes. Ele não tem nenhum dado objetivo que ampare essa proposta de capitalização, é uma irresponsabilidade, mas que pelo visto o Congresso já percebeu e não deverá aprovar esse tema. As mudanças do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e da aposentadoria rural aumentam a pobreza. Elas pioram a distribuição de renda e geram pouco ganho para o Governo em uma década. A proposta possui uma série de problemas e precisa ser significativamente mudada. Mas acredito que isso acontecerá, fazendo com que a economia gerada seja em torno de 600 bilhões de reais, 700 bilhões de reais, muito abaixo do 1,3 trilhão de reais…
P. Acha que a aprovação da reforma pode contribuir de forma contundente para retomar a confiança de empresários e investidores (mantra repetido por muitos especialistas e pelo Governo) e ajudar o país a retomar a rota de crescimento?
O BC poderia reduzir a taxa de juros de 6,5% para 5%, o que diminuiria o custo de rolagem da dívida pública. Você abriria espaço para descontingenciar o orçamento federal
R. Não. Isso não gera demanda, você está cortando gastos que vão acontecer no futuro. Ou que iriam, caso a reforma não fosse aprovada. Porém, isso não gera um centavo a mais para aumentar investimento público. E, sem o aumento do investimento público, não há como sair dessa armadilha que a gente se colocou. Sobre a confiança, não existe nenhuma evidência empírica a respeito da chamada contração fiscal expansionista. Inclusive, os efeitos da reforma já estão precificados nos ativos, no dólar e na Bolsa. Então, você não vai ter ganhos significativos com a aprovação das mudanças no regime de aposentadoria. Embora eu reconheça que, se a reforma não for aprovada, se nada for aprovado de fato, você vai piorar a situação do país. Os ativos já estavam precificando uma reforma da Previdência com uma economia de 600 bilhões a 800 bilhões de reais. As coisas degringolaram um pouco nos últimos dois meses por conta da inabilidade política do Governo, fazendo subir a incerteza sobre o quanto será aprovado da reforma. Foi isso que fez com que o dólar caísse, que a bolsa caísse e que o juros no longo prazo aumentassem. Mas, há dois meses, o mercado estava muito otimista, isso já estava precificado.
P. Apesar de defender um projeto econômico diferente do atual, o senhor concorda com algumas das medidas apresentadas pelo Governo Bolsonaro?
R. A reforma interessante é a tributária, mas quem vai tocar será o Congresso Nacional. A proposta de reforma do Governo que o secretário Marcos Cintra anunciou, querendo um imposto único, é um horror, uma aberração completa. Mas a que está sendo tramitada na Câmara, com base no projeto do economista Bernardo Appy, que quer introduzir a criação do Imposto de Valor Adicionado (IVA), é interessante. Essa pode dar competitividade à indústria de transformação e um gás nas exportações no médio prazo. Essa sim é extremamente importante. Já há o compromisso do Rodrigo [Maia] votar essa proposta, essa sim tem potencial de estimular o crescimento da economia brasileira. Ela deveria inclusive vir antes da Previdência, uma vez que já traz competitividade hoje. Mas, se for possível tocar as duas juntas, ótimo. Além da criação do IVA, para acabar com a bagunça dos impostos indiretos, a reforma tributária de Appy reintroduz o imposto de renda sobre lucros e dividendos. Mas junto com isso, você precisa reduzir a alíquota de Imposto de Renda sobre pessoa jurídica. No fundo, é necessário uma reforma que cobre menos imposto das pessoas jurídicas e mais das físicas. É uma reforma pró-crescimento. Não se tributa os lucros que as empresas usam para o investimento, tributa o lucro total.
P. O Congresso tem planejado impulsionar agendas próprias, muitas delas econômicas, como a reforma da Previdência e a tributária, como forma de assumir um amplo protagonismo na comparação ao Executivo. Começa a se falar de um parlamentarismo branco….
Acho que um parlamentarismo branco não é sustentável. O presidente vai continuar com enormes poderes constitucionais e a capacidade dele criar crises é muito grande, como nós temos percebido nesses cinco meses
R. Acho que isso não é sustentável. O presidente vai continuar com enormes poderes constitucionais e a capacidade do presidente criar crises é muito grande, como nós temos percebido nestes cinco meses. Acho que, em algum momento, alguma solução terá que ser dada, a primeira é o presidente se adaptar às regras do jogo. Jogar conforme é esperado. A segunda opção é afastá-lo por renúncia, impeachment, mas alguma solução vai ter. Esse equilíbrio, em que você cria um parlamentarismo branco sem isso estar na Constituição, não acredito que seja viável. É uma solução para, minimamente, neste momento, tramitar essa reforma da Previdência, mas será necessário uma solução definitiva.
P. Qual o projeto econômico adequado neste momento para o Brasil sair dessa estagnação?
R. O que precisa ser feito é uma coordenação entre a política fiscal e monetária e isso pode ser feito por intermédio do Conselho Monetário Nacional. Que agora nem sabemos mais como está. Ele era formado pelo ministro da Fazenda, do Planejamento e o presidente do BC. Agora o Paulo Guedes acumula a função da Fazenda e do Planejamento. O Banco Central poderia reduzir a taxa de juros de 6,5% para 5%. Ao reduzir, diminui o custo de rolagem da dívida pública. Essa redução geraria uma economia de aproximadamente 30 bilhões de reais, justamente o que o Governo contingenciou em abril, do orçamento da União. Você abriria espaço para descontingenciar o orçamento federal e, com isso, evitar uma queda ainda maior do investimento público. Acho que essa seria uma medida muito simples, não é radical e todo mundo entenderia se o ministro da Fazenda tivesse serenidade de explicar isso para a população e o mercado. Agora, infelizmente, o Governo não tem essa percepção. Na minha avaliação, na verdade, a situação que chegamos agora foi pensada pelo próprio Governo. A equipe econômica quis criar um cenário de caos para dizer à população e ao Congresso que não há outra alternativa a não ser fazer a reforma da Previdência do jeito que o Governo encaminhou, sem muita discussão. Isso foi uma estratégia deliberada do Governo.
A equipe econômica quis criar um cenário de caos para dizer a população e para o Congresso que não há outra alternativa a não ser fazer a reforma da Previdência
P. Mas o senhor acredita que eles colocariam propositalmente o país em um cenário de catástrofe econômica para conseguir aprovar a Previdência?
R. Aí tem um pouco da personalidade do Paulo Guedes, que é jogador de poker. Ele trucou, fez essa estratégia arriscada, que não vingou, mas que se funcionasse ele conseguiria aprovar a reforma dos sonhos deles. Mas não funcionou porque a sociedade brasileira está querendo discutir os detalhes da reforma. Está cada vez mais claro que há aspectos problemáticos, o Congresso tem consciência disso e vai mudar.
P. Além dos juros, quais outras medidas a médio prazo poderiam ser tomadas para retomar de forma robusta a atividade, produtividade e os empregos?
R. Aí é preciso pensar em um projeto de país, de desenvolvimento ao longo prazo, o que o Governo Bolsonaro não tem. Eu diria que quase ninguém tem. Esse projeto passa pela recuperação da capacidade de investimento público, seja da União, de Estado ou municípios. Nesse aspecto, a reforma tributária será fundamental junto com a Previdência para a gente conseguir dar fôlego financeiro tanto para a União como para estados e municípios recuperarem sua capacidade de investimento. Se não houver um aumento significativo do investimento público, que hoje está no nível mais baixo dos últimos 30 anos, não teremos crescimento. A produtividade não cai do céu, ela é algo que depende da estrutura econômica, e a estrutura produtiva do Brasil regrediu nos últimos 20 anos. A indústria perdeu muito importância e o setor de serviço ganhou importância, por isso a produtividade está estagnada. Para reindustrializar o Brasil é preciso uma taxa de câmbio competitiva, mas que seja estável. O câmbio atual de 4,10 reais é até bom, o problema é que o câmbio oscila muito, daqui a 5 meses pode estar 3,80 reais. A oscilação é ruim para indústria, aumenta a incerteza e faz com que os empresários não se sintam estimulados a investir. É fundamental mudar o regime de câmbio para assegurar aos empresários que ele ficará num patamar competitivo e estável no médio e longo prazo. Não significa câmbio fixo, mas sim um flutuante administrada pelo BC de que ele flutue em torno de um nível competitivo. É preciso políticas industriais e tecnológicas. Foram mal feitas no governo do PT, que se resumiu em conceder benefícios tributários.
P. Qual tipo de política especificamente o senhor sugere?
R. Poderíamos usar o orçamento do ministério da Defesa para desenvolver uma indústria de defesa sofisticada no Brasil. Hoje nós não temos, temos apenas na Embraer. Na verdade, a Embraer foi constituída um pouco com o orçamento da Defesa do Brasil. Foram as encomendas governamentais da construção de aviões que viabilizaram as pesquisas que a Embraer acabou fazendo e ajudaram a desenvolver aviões comerciais. Essa política não se limita a concessão de subsídio tributário e benefício. Pode eventualmente ter, mas tem que ser pensada de uma forma mais estruturante. A ideia de que, primeiro, eu tenho que sair da crise para então fazer essas políticas é míope. Está errada. Você faz essas políticas como parte da estratégia de sair da crise e acelerar o crescimento.
P. Um dos pilares da gestão de Bolsonaro é a abertura da economia ao mercado internacional. O Brasil está preparado para esse movimento?
R. O fechamento atual da economia brasileira é uma consequência da valorização da taxa de câmbio. Como o câmbio é muito valorizado, as empresas nacionais acabam demandando proteção comercial, dado que não conseguem mudar o câmbio. A melhor política é colocar o câmbio no patamar correto e estável e, uma vez que você acertar o câmbio, com um valor competitivo,você pode reduzir as tarifas comerciais sem nenhum problema. Para administrar o câmbio, você pode usar os controles de entrada de capitais, como foi feito no passado de maneira tímida pelo Guido Mantega, via IOF [Imposto sobre Operações Financeiras]. Mas a ordem dos fatores altera o resultado. Atualmente, com o câmbio pouco competitivo e com a atual infraestrutura do país, as empresas brasileiras não conseguem competir com o exterior. As tarifas são as únicas coisas que sobraram para evitar que a indústria brasileira seja varrida do mapa. Se, nessas condições, fizermos uma abertura econômica como a equipe econômica almeja, vamos destruir a indústria brasileira.
P. Outra prioridade do Governo é a privatização de uma centena de empresas. O secretário incumbido para tirar o plano do papel, Salim Mattar, já afirmou que não “existe estatal eficiente”. Qual a sua posição sobre o tema?
R. Precisam ser analisadas caso a caso. Não tenho nada contra, a princípio, a privatização ou sobre as estatais. Mas as estatais não dependentes do Tesouro não deveriam ser privatizadas. A Petrobras e o Banco do Brasil, por exemplo, dão muito lucro e dividendos para o Governo. Não dá para privatizar apenas para gerar caixa.
P. Em tempos de austeridade o Governo decidiu que, em 2020, não haverá aumento real do salário mínimo no Brasil. A mudança de valor deve apenas repor as perdas inflacionárias, e não mais considerar o crescimento da economia do país, como vinha acontecendo desde 2011. Como avalia a mudança?
R. A fórmula usada pelo Governo do PT era ruim, desvinculava o crescimento real do salário mínimo com qualquer noção de aumento de produtividade, era uma fórmula ruim. Mas não dar aumento de salário mínimo é o mesmo que dizer que não vamos ter desenvolvimento econômico. Se você tem, é natural que os salários aumentem. Para ter desenvolvimento você precisa de aumento de produtividade e ele deve ser repassado para os salários para que o padrão de vida da população possa aumentar. Defendo uma fórmula intermediária, em que o salário deveria ser reajustado pela meta da inflação mais a média móvel dos últimos cinco anos do crescimento da renda per capita. No médio prazo, a renda per capita e a produtividade devem crescer juntas, então ao adotar essa fórmula cria-se uma regra que cresce com a produtividade.
                                     José Luis Oreiro / Foto: Divulgação

27 de mai. de 2019

Defenda seu direito à aposentadoria participando da greve geral do dia 14

Por Adílson Araújo - Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Atenção trabalhador, atenção trabalhadora 

Seu direito à aposentadoria está sob ameaça. A proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro e Paulo Guedes acaba com as aposentadorias públicas e privatiza o sistema previdenciário brasileiro, ao qual a maioria da nossa classe trabalhadora não terá acesso se o texto encaminhado pelo presidente ao Congresso for aprovado. Além disto, impõe inúmeros outros retrocessos que estão despertando indignação e revolta generalizada na classe trabalhadora.
Entre eles, a fixação de uma idade mínima; 40 anos de contribuição para receber 100% do valor do benefício; aumento do tempo de trabalho para gozar a aposentadoria, em particular para as mulheres e trabalhadoras rurais; corte no Benefício de Prestação Continuada (pessoas extremamente pobres e deficientes terão o benefício reduzido de R$ 998 para R$ 400) e fim da indenização por demissões imotivadas de quem já está aposentado.
Comprometido com o patronato, o governo quer jogar sobre as costas da classe trabalhadora todo o ônus da crise econômica pela qual na verdade é o principal responsável, junto com banqueiros e grandes empresários nacionais e estrangeiros, que serão os únicos a lucrar com as mudanças nas regras da aposentadoria.
A reforma vai provocar um empobrecimento ainda maior do povo brasileiro e, ao contrário do que alardeiam o Palácio do Planalto e a mídia capitalista, isto vai agravar em vez de solucionar o drama do desemprego em massa e os problemas nacionais, a exemplo do que ocorreu após a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita.
O sistema previdenciário brasileiro é o maior programa de distribuição de renda da América Latina e mais de 4 mil municípios do país dependem dos recursos da aposentadoria para sobreviver. A introdução da capitalização vai privatizar totalmente o sistema, destruindo tudo isto e condenando os idosos à miséria, como ocorre no Chile, onde mais de 90% dos aposentados recebem menos da metade do salário mínimo e o índice de suicídio de idosos aumentou substancialmente, batendo todos os recordes.
Os economistas e políticos progressistas, bem como as lideranças sindicais brasileiras, já apontaram outros caminhos para retomar o crescimento da economia e contornar o desequilíbrio fiscal. Entre as medidas necessárias neste sentido destacam-se:
• Taxação das grandes fortunas e dos lucros e dividendos apropriados por rentistas que nada produzem, sobretudo os lucros que são remetidos pelas transnacionais ao exterior em detrimento dos investimentos internos;
• Cobrança da dívida dos empresários com o INSS, que alcança mais de R$ 400 bilhões;
• Fim das desonerações, especialmente das contribuições patronais para a Previdência, e da DRU (Desvinculação das Receitas da União), que subtraem recursos do orçamento público e da Seguridade Social;
• Reforma tributária progressiva que onere o capital financeiro e desonere o trabalho e a produção.

A reforma que o governo pretende aprovar no Congresso Nacional é contrária aos interesses do povo e da nação brasileira, razão pela qual é repudiada pelas centrais sindicais, pelos parlamentares comprometidos com a classe trabalhadora, pelos movimentos sociais e setores democráticos e progressistas do nosso país. É um retrocesso que temos a obrigação de barrar.
Seja consciente trabalhador e trabalhadora. Defenda seu direito à aposentadoria, que foi conquistado com muita luta. Participe da greve geral do dia 14 de junho e das manifestações convocadas pelo movimento sindical contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro.
Manifestantes nas ruas durante a Greve Geral da Educação 15.05.19 
Belo Horizonte-MG /Foto: Anderson Pereira

24 de mai. de 2019

Reforma previdenciária proposta piora situação trabalhista


CTB-MG com informações da ALMG
Sem a geração de empregos formais de boa qualidade, a previdência social no País não terá sustentabilidade, alertou nessa quinta-feira (23) o economista Márcio Pochmann, para quem o Brasil está assistindo a uma destruição do sistema previdenciário e das relações de trabalho nunca antes vista na história.
Presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio participou de audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), solicitada pela deputada Beatriz Cerqueira (PT) para discutir políticas estratégicas na geração de empregos para a sustentabilidade da Previdência Social. A presidenta da CTB-MG, Valéria Morato, também participou da audiência pública.
Segundo destacou o economista, em 2016, ainda no governo de Michel Temer, teve início um processo de desmonte da previdência e das relações de trabalho que assumiu agora dimensões mais drásticas. Citando dados do IBGE, Márcio frisou que um a cada três brasileiros está procurando emprego, e isso numa economia que encolheu 5% em relação a 2014.
Ainda conforme o IBGE, o número de desempregados no País é de 13 milhões, chegando a quase 28 milhões se forem computados ainda aqueles que têm horas subutilizadas, que desistiram de procurar emprego ou que executam tarefas familiares que dificultam a busca por uma vaga.
“Ao contrário do que diz o governo, a reforma da previdência como está pretendida vai piorar esse quadro”, prevê o economista, ao destacar que o governo quer deslocar o atual regime previdenciário, hoje financiado pelo trabalhador, pelo empresário e pelo governo através dos impostos, para o regime de capitalização, em que cada trabalhador passará a financiar sua aposentadoria.
“Numa situação de desemprego, a aposentadoria passar a depender só do trabalhador torna o horizonte pior do que o que já temos hoje”, advertiu o pesquisador, alertando, ainda, para mudanças trazidas pela recente reforma trabalhista.
A tendência, expôs ele, é que haja uma destruição das relações de trabalho no mundo corporativo, tornando-as relações de comércio entre as partes, e do próprio direito do trabalho. O sistema passará a ser cada vez mais contratualista, com destaque para o trabalho autônomo e a terceirização.
“Com isso empregos que eram de boa qualidade passam a ser piores, e com remuneração inferior, o que não gera contribuição para a previdência”, ressalta o economista.
Poupança não devolvida - O presidente da Fundação Perseu Abramo ainda questionou a justificativa oficial para a reforma da previdência, de que ela é deficitária, ao fazer uma retrospectiva de como funcionou o sistema no País ao longo da história.
Citou, por exemplo, que em 1966 foi criado o então INPS, modelo que vigorou até a Constituição de 1988. Na época, com uma população jovem se mudando da área rural para a urbana, o modelo se mostrou superavitário, expôs Márcio.
“Mas para onde foi esse dinheiro do trabalhador que foi poupado? Para o desenvolvimento nacional, financiando obras como a Transamazônica, pontes e usinas. E essa poupança nunca foi devolvida aos trabalhadores”, criticou.
Com a Constituição de 1988, passou-se a adotar o modelo vigente até hoje, em que foi agregada ao sistema de aposentadoria e pensão também a seguridade social. Instituiu-se um financiamento mais amplo, com a criação de novas taxas e tributos para dar sustentação à seguridade, tais como aquelas oriundas da Loteria Esportiva, do comércio exterior e do faturamento de empresas.
“Mas os governos desde então tratam o sistema como um caixa único”, critica o economista, para quem falar em deficit da previdência social se torna “estranho” nesse contexto.
Educação - Já a presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, Valéria Morato, acrescentou que sem investir mais em educação o País não atrairá empresas e nem terá empregos de qualidade.
“O governo não tem projeto de desenvolvimento. Sem emprego e sem salários não haverá previdência”, disse ela, destacando que no próximo dia 30 haverá um movimento pela educação e contra o contingenciamento de recursos anunciado pelo Ministério da Educação, com concentração às 17 horas, na Praça Afonso Arinos, no Centro de Belo Horizonte.
Foto: ALMG