15 de mar. de 2019

CTB-MG participa de audiência pública sobre a Reforma da Previdência


A presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB-MG), Valéria Morato, participou nessa quarta-feira (13), na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, de uma audiência pública sobre a reforma da Previdência. Compareceram também o presidente do Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Minas Gerais (SAAEMG), Antonio Rodrigues, o coordenador-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e vereador na capital, Gilson Reis (PCdoB); o assessor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Frederico Melo e o economista da Auditoria Cidadã da Dívida, Rodrigo Ávila.

Os especialistas presentes alertaram que a previdência não está quebrada e a proposta do governo prejudica os trabalhadores da ativa e até mesmo quem já se aposentou. Além disso, a reforma não combate privilégios e tem como objetivo privatizar o sistema e entregar os seus recursos para os bancos privados.  

Uma das propostas da reforma prevê o aumento da idade mínima de homens e mulheres para conseguir o benefício. No caso dos homens, 65 e as mulheres 62 anos. Atualmente, para aposentar-se por idade, o tempo mínimo para os trabalhadores urbanos é de 15 anos de contribuição, além de 60 anos para as mulheres e 65 para os homens.

A proposta do governo também aumenta o tempo de contribuição para 40 anos. Hoje, mulheres e homens que tenham atingido o tempo mínimo (35 anos para eles e 30 para elas) podem se aposentar.
Segundo o assessor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Frederico Melo, o objetivo do governo é transformar a previdência pública, isto é, um direito social, em mercadoria.

 “Essa reforma vai aprofundar a desigualdade social no Brasil, pois quebra a lógica solidária da Previdência Social. Atualmente, quem trabalha contribuiu para manter a previdência. A proposta do governo é acabar com isso ao colocar os recursos da previdência nas mãos dos bancos privados. Com isso, cada trabalhador contribui para si. Mas hoje, qual brasileiro pode contribuir 40 anos para aposentar-se? , questiona o especialista.

Ele aponta várias dificuldades para se alcançar esse tempo de contribuição, como desemprego, mercado de trabalho fragmentado e alta rotatividade dos trabalhadores. Ele prevê que muitos não conseguirão contribuir por tanto tempo e irão aposentar-se com poucos recursos. Para ele, somente os bancos serão os maiores beneficiados caso essa reforma seja aprovada. 

Por outro lado, até os trabalhadores que já se aposentaram estão ameaçados. “Hoje, as aposentadorias e o salário mínimo são reajustadas de acordo com a inflação. Isso vai acabar”, alertou ele.

Já a presidente da CTB-MG, Valéria Morato, lembrou também que a proposta de reforma da previdência não leva em conta a tripla jornada das mulheres e pediu a união dos trabalhadores no próximo dia 22 para barrar essa proposta.

“Vamos ocupar as ruas de todo o país, no Dia Nacional de Lutas, 22 de março, e derrubar essa reforma que tem como objetivo obrigar o trabalhador a trabalhar até morrer sem aposentar-se. Conseguimos impedir a sua votação no governo Temer e vamos conseguir novamente”, afirmou ela ao pedir uma reforma na aposentadoria dos políticos e militares.

A previdência não está quebrada

Já o economista da Auditoria Cidadã da Dívida, Rodrigo Ávila, chamou a atenção para o falso discurso do governo de que a Previdência Social está quebrada. Com o auxílio de gráficos, ele demonstrou que o sistema tem recursos suficientes e citou o relatório final da CPI da Previdência. O documento revelou que, entre 2000 e 2015, o superávit foi de R$ 821,7 bilhões. Por outro lado, nos últimos 15 anos, a Previdência deixou de arrecadar mais de R$ 4,7 trilhões com desvios, sonegações e dívidas das grandes empresas.

Fotos: Sinpro-MG e SAAEMG










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