17 de mai. de 2013

Deputados e educadores cobram ensino da história afro-brasileira


Parlamentares e educadores defenderam em audiência pública esta semana na Câmara a importância do cumprimento da lei que obriga as escolas públicas e particulares a ensinar história e cultura afro-brasileira.
“Precisamos cumprir a lei sancionada há dez anos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgar as experiências que deram certo pelo Brasil afora”, disse a deputada Iara Bernardi (PT-SP), que integra a Comissão de Educação da Câmara.
Os participantes da audiência lembraram que a questão racial só é “trabalhada” pelas escolas em duas datas específicas: 13 de maio (data de aniversário da abolição da escravatura, ocorrida em 1888) ou em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra).
“Essa discussão precisa fazer parte do nosso cotidiano, no entanto, a questão racial ainda é abordada como uma questão folclórica. Além da política de cotas, precisamos discutir a importância da cultura afro-brasileira na formação do nosso povo”, defendeu Bernardi.
Outro problema apontado pelos debatedores foi as dificuldades na formação de professores. Os cursos superiores que formam os docentes, muitas vezes não incluem na grade curricular a temática da história e da cultura afro-brasileira, restando às secretarias de educação promover cursos de formação continuada de seus professores.
“Enquanto fazemos formação continuada, os novos profissionais continuam sem formação”, reclamou o professor da rede de educação básica do Paraná e advogado Celso José dos Santos.
Avanços
Ao mesmo tempo em que a formação de professores foi apontada como uma dificuldade, a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, Macaé dos Santos, apontou a mesma formação como um avanço. “Antes da lei sequer se pensava sobre o assunto”.
Ela destacou que, neste ano, 13,7 mil professores participam de especialização nas relações étnico-raciais. O MEC vem dando apoio a estados e municípios para que eles construam uma agenda de combate ao racismo, que ainda se reflete, por exemplo, na taxa de analfabetismo absoluto entre pessoas com mais de 15 anos. Entre os brancos, essa taxa é de 7,1%. Entre a população negra, o mesmo índice sobe para 16,9%.
Macaé dos Santos destacou também a produção de material didático. Crianças e famílias negras hoje já são representadas na literatura infantil. “Há dez anos, só se encontravam personagens fantasiosos, caricatos, como o Saci-Pererê ou o Negrinho do Pastoreio”.
Divulgação de experiências
Foi consenso entre os participantes da audiência que as experiências de sucesso devem ser aproveitadas e divulgadas. A secretária de Educação da Paraíba, Márcia Lucena, ressaltou que cabe aos secretários da área institucionalizar as ações que surgem dentro da escola.
“Na Paraíba, por exemplo, pegamos o trabalho de uma escola quilombola e reproduzimos a experiência em outras escolas da mesma região, porque essa realidade pertence a todos os estudantes. Todos precisamos ser contaminados por essas iniciativas”, observou.
A deputada Iara Bernardi (PT-SP), que sugeriu o debate, se comprometeu a trabalhar em conjunto com o ministério a fim de divulgar as boas experiências. “Vamos ter publicações conjuntas, inclusive das boas práticas, daquilo que foi feito de bom que possa incentivar outras experiências em outras escolas brasileiras”, completou.
Fonte: Portal Vermelho.

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