31 de mar. de 2015

Redução da idade penal é retrocesso no sistema jurídico e social



Sob fortes protestos, tanto de representantes da sociedade civil organizada quanto de parlamentares do PCdoB, PSB, PT, Psol e PPS, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (31) , por 42 votos a 17, o voto em separado do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) pela admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos.
 
O voto em separado foi apresentado em virtude da rejeição do relatório do deputado Luiz Couto (PT-PB), que, dentre outros aspectos, defendia a inconstitucionalidade da proposta por ferir o princípio que veda a alteração de cláusula pétrea.
 
Luiz Couto argumentou que países em que a redução foi acatada a experiência foi mal sucedida. Além da aplicação prática da medida, Couto ressaltou que a PEC entra em confronto com a Constituição em seu artigo 228, que afirma: “são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. A PEC também fere o artigo 60, § 4º, que diz: “não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais”.
 
O parlamentar disse ainda que a sociedade precisa ficar atenta ao que é dito pela imprensa e pelas redes sociais, principalmente quando enfatizam que os menores de 18 anos não cumprem pena. “É mentira. Eles estão sujeitos a uma legislação especial, onde a pena varia de advertência à privação de liberdade. Eles não são submetidos à legislação penal”, frisou. “Pode-se dizer que são inimputáveis só os menores de 12 anos, a partir daí, as punições estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente [ECA]”, acrescentou. 
 
Couto afirmou que o adolescente em conflito com a lei responde por suas atitudes como um maior de 18 anos. “Se for condenado, cumpre pena de privação, nos centros de atendimento. Ao criar medidas socioeducativas, o legislador tentou dar um tratamento diferenciado, por ter reconhecido nos jovens pessoas em formação”, explicou.
 
Para o deputado, a solução está no reforço das políticas públicas da infância e da adolescência, por meio do não contingenciamento de recursos para a área e da ampliação do orçamento no plano plurianual. “Afirmo que nós representantes da sociedade não podemos abandonar as conquistas sociais positivadas na Constituição e reconhecidas a todo e qualquer cidadão. Não podemos permitir o retrocesso social. Não podemos permitir que essa inconstitucionalidade seja permitida. Temos o dever de cuidar, proteger e acolher nossos jovens”, destacou.
 
Parecer aprovado
 
No parecer aprovado, Marcos Rogério afirma que a redução da maioridade penal “tem como objetivo evitar que jovens cometam crimes na certeza da impunidade”. Ele defendeu que a idade para a imputação penal não é imutável. "Não entendo que o preceito a ser mudado seja uma cláusula pétrea, porque esse é um direito que muda na sociedade, dentro de certos limites, e que pode ser estudado pelos deputados", disse.
 
Votaram a favor da redução PSDB, PSD, PR, DEM, PRB, PTC, PV, PTN, PMN, PRP, PSDC, PRTB. Já os que liberaram suas bancadas porque havia deputados contra e a favor foram os seguintes: PMDB, PP, PTB, PSC, SD, Pros, PHS, PDT, e PEN.
 
Tramitação
 
No exame da admissibilidade, a CCJ analisa apenas a constitucionalidade, a legalidade e a técnica legislativa da PEC. Agora, a Câmara criará uma comissão especial para examinar o conteúdo da proposta, juntamente com 46 emendas apresentadas desde que a proposta original passou a tramitar na Casa.
 
A comissão especial terá o prazo de 40 sessões do Plenário para dar seu parecer. Depois, a PEC deverá ser votada em dois turnos pelo Plenário da Câmara. Para ser aprovada, precisa de pelo menos 308 votos favoráveis (3/5 dos deputados) em cada uma das votações.
 
Depois de aprovada na Câmara, a PEC seguirá para o Senado, onde será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e depois pelo Plenário, onde precisa ser votada novamente em dois turnos. Se o Senado aprovar o texto como o recebeu da Câmara, a emenda é promulgada pelas Mesas da Câmara e do Senado. Se o texto for alterado, volta para a Câmara, para ser votado novamente.
 
Redes sociais
 
A polêmica enfrentada na reunião da CCJ também pode ser vista nas redes sociais. Um twitaço contra a PEC 171 aconteceu hoje, com as hashtags #ReduçãoNãoÉSolução #NãoÀRedução #MaisEscolasMenosCadeias.
 
Influenciados pelos meios de comunicação, muitas pessoas acabam compartilhando as mesmas ideias, sem avaliar a fundo as medidas legais já existentes, sem analisar qualquer dado parametrizado sobre o sistema prisional do país. Exemplo disso é que a reincidência daqueles que cumprem medidas de privação de liberdade no sistema prisional é de 70%. Já os que cumprem a medida mais severa do ECA, que é a internação, a taxa de reincidência é de 20%.
 
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), critica o sistema penitenciário brasileiro. A audiência acontece nesta manhã (31), na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ, da Câmara dos Deputados). Os pronunciamentos foram iniciados na segunda-feira (30), com sessão lotada e mais de 60 manifestações favoráveis e contrários à proposta. A reunião desta terça acontece no Plenário 1.
 
Orlando citou entidades vinculadas à luta da juventude que apontam que os conflitos de jovens é a expressão da incapacidade do Estado, da sociedade e da própria família de formar crianças, adolescentes e jovens na nossa sociedade. “Ainda ontem, falava-se que o sistema penitenciário brasileiro é escola de crime. O dado de reincidência a partir do sistema prisional dor que por lá passaram fala por si só. 70% daqueles que passam pelo sistema prisional voltam ao crime, voltam a reincidir. Quando examinamos os dados dos que estão em medidas socioeducativas, a reincidência cai para 20%”, disse.
 
O parlamentar lembrou que 70% dos países do mundo têm a maioridade penal a partir do 18 anos e que uma modificação da idade penal no Brasil, causará, inclusive, “estranheza por parte da comunidade de países mais avançados, de democracias mais maduras, de países que historicamente aprenderam a respeitar os direitos humanos e aprenderam a conviver, de modo eficiente, com políticas públicas que combatam a violência em seus países”. E criticou a redação do projeto. “[do jeito que está] Todos indistintamente serão penalizados da mesma maneira. Introduzidos ao sistema penitenciário ineficaz, ineficiente e que vai repercutir para o agravamento da situação de crise e de violência em nosso país”.
 
O secretário da Juventude Trabalhadora da CTB, Vitor Espinoza disse que agora "o próximo passo é constituir a comissão especial para discutir a proposição. Perdemos uma batalha, mas não a guerra. Vamos à luta! É necessário um amplo movimento dos setores progressistas da sociedade para barrar mais essa arbitrariedade".
 
Saiba mais pelo site https://18razoes.wordpress.com/quem-somos/

De Brasília, 
Daiana Lima - Portal CTB

Encontro de mulheres discute participação feminina nas tomadas de decisão

 
 
A CTB-Minas promoveu na última sexta-feira (27) o III Encontro Estadual de Mulheres que aconteceu no sítio da Fetaemg com participação de entidades sindicais e sociais de Minas Gerais. Na abertura do Encontro, o presidente da CTB-MG, Marcelino da Rocha juntamente com a secretária de Mulheres Alaíde Bagetto, saudaram as mulheres e os homens presentes no evento. Ao fazer a análise de conjuntura, especialmente no mês de março, Marcelino enfatizou a gravidade dos ataques sofridos por uma mulher que ocupa o posto de presidenta da República pela primeira vez no Brasil. Destacou também a importância de barrar esse preconceito promovido pela direita do país.
Ivânia Pereira, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CTB, falou sobre a necessidade das mulheres entenderem a opressão social a que são submetidas e citou a frase de Harriet Tubaman –mulher negra que rompeu barreiras e liderou o exército abolicionista na luta contra a escravidão nos Estados Unidos – “Libertei milhares de escravos, mas poderia ter libertado outros milhares se eles simplesmente soubessem que eram escravos”. Ivânia participou da mesa “Mulher e o mundo de Trabalho”.
Com dados que revelam a situação da mulher brasileira na sociedade, Ivânia Pereira discutiu a origem da opressão feminina e os desafios para autonomia da mulher. Entre os pontos destacados, a dirigente da CTB salientou a necessidade de paridade na participação da mulher nos espaços de decisão política, como o Congresso Nacional, partidos e sindicatos, e a garantia de acesso e permanência da mulher no mercado de trabalho, envolvendo nos acordos coletivos itens emancipadores da mulher, como direito à creche e prevenção à saúde.
As estatísticas apresentadas por Ivânia Pereira são ainda preocupantes. Apesar de ser maioria na população e ter índices mais elevados de estudos, as mulheres enfrentam dificuldades em ocupar cargos importantes e ganham menos quando exercem a mesma função que o homem.  
A imposição das tarefas domesticas à mulher também foi abordada pela representante da União Brasileira de Mulheres (UBM), Renata Rosa, que participou da mesa Mais Mulheres na Política. Renata afirmou que as mulheres, mesmo inseridas no mercado de trabalho, são direcionadas para profissões que refletem o cuidado. As mulheres são maioria em profissões como professora, enfermeira e assistente social. Na política, Renata também destaca esta segmentação. Para ela,  os cargos destinados à mulher em sua maioria estão relacionadas a própria pasta da mulher, ou de políticas para minoria. Poucas vezes ocupam secretarias e ministérios que representam o poder central de decisão.
“Temos que recignificar a nossa prática política enquanto mulheres e homens militantes. O que temos feito em nosso cotidiano para mudar essa situação? Qual poder nós falamos quando pedimos mais participação da mulher? Por que continuamos reforçando padrões machistas?”- refletiu Renata.      
Ao final as(os) participantes apresentaram contribuições e encaminhamentos para ações da CTB-Minas. Entre elas, a realização de curso de formação específico para o tema da mulher. E, também, ampliar e garantir a participação das mulheres nos órgãos de decisão dos partidos, sindicatos, federações e demais entidades, no sentido de possibilitar de fato, que, nas próximas eleições, mais mulheres estejam preparadas para ingressar na política.













Fotos: Simone Sterlina.
 

27 de mar. de 2015

31 de março, 7 de abril e 1º de maio são dias de mobilização nacional


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O momento nacional é de enfrentamento político. Depois das eleições de outubro, a situação do Congresso Nacional tornou-se mais hostil às iniciativas não só do movimento trabalhista, mas de todos aqueles que se opõem ao conservadorismo. Mais do que nunca, somente pela pressão popular daremos ao governo federal e à presidenta Dilma Rousseff a força política necessária para impedir o retrocesso dos direitos. Sair às ruas e protestar nunca foi tão necessário.
A CTB conclama sua militância a participar dos atos agendados para esses dias, que devem ser organizados tanto em nível nacional quanto nos estados e municípios. 
  • No dia 31 de março teremos em São Paulo a organização de plenárias para o lançamento do Movimento por Mais Democracia, Mais Direitos e Combate à Corrupção. Em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores, da Democracia, Reforma Política Democrática e da Petrobras. Com a participação de entidades do movimento sindical e social. Caberá aos estados decidir se realizam o ato de lançamento do Movimento no dia 31 ou no dia 1º.
  • O dia 7 de abril será o próximo Dia Nacional de Lutas, com mobilização da militância contra a votação do PL4330 que escancara a terceirização, legaliza a fraude e precariza o trabalho. Será às 10hs, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Os movimentos pretendem ocupar a Câmara dos Deputados em protesto às Medidas Provisórias 664 e 665, que reduzem direitos trabalhistas e previdenciários, e o Projeto de Lei 4.330/04, que abre caminho para a terceirização de todas as atividades-fim;

  • O 1º de Maio, Dia Mundial dos Trabalhadores, será palco da maior das três manifestações. Os movimentos sociais escolheram concentrar seus maiores atos nesta data. A orientação é que as seções estaduais iniciem a preparação da realização dos atos de 1º de maio juntamente com as demais centrais sindicais, entidades do movimento social, estudantil, feminista e da juventude. O lema é a defesa dos direitos e da democracia plena. 
 Portal CTB

24 de mar. de 2015

CTB-Minas realiza Encontro das Mulheres nesta sexta




A CTB-Minas convida para o III Encontro das Mulheres que acontece nesta sexta-feira (27/03) a partir das 09 horas no sítio da Fetaemg.


Entre em contato com a sede da CTB-Minas e saiba mais.



19 de mar. de 2015

Terceirização do trabalho é criticada em audiência na ALMG

Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social debate o Projeto de Lei nº 4.330/04, que dispõe sobre o contrato de prestação de serviços a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes
Um taxativo “não” ao Projeto de Lei Federal 4.330/04, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que amplia as possibilidades de terceirização de mão de obra para além das atividades-meio. Esse foi o recado dado pelos participantes da audiência da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Solicitada pelo deputado Rogério Correia (PT), a reunião foi realizada na tarde desta quarta-feira (18/3/15). Além de parlamentares, participaram representantes de vários sindicatos, centrais sindicais e outras entidades de defesa dos trabalhadores, que foram unânimes ao condenar o projeto.
A principal proposta defendida pelo grupo foi a de fazer uma caravana de trabalhadores e autoridades até Brasília no dia 7 de abril, para pressionar os deputados federais e senadores a retirarem da pauta a proposição. Esta seria a data que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou para colocar o projeto em Plenário.
Alertado na reunião de que também o Senado está com um projeto de terceirização análogo ao PL 4.330/04 em pauta - PL 87/10, do ex-senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) -, o deputado Rogério Correia fez uma proposta. Ele sugeriu que as lideranças presentes fossem com ele ao gabinete do presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), para pedir urgência na marcação de visitas aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O objetivo da visita aos parlamentares federais, segundo ele, é sensibilizá-los quanto ao risco que os dois projetos representam para os trabalhadores.
“Esses projetos precisam ser barrados. Eles permitem a terceirização de tudo, até de cargos da administração direta e indireta, com exceção das carreiras de estado”, revelou. O deputado defendeu a união de todas as forças – trabalhadores, parlamentares e outras entidades representativas - para lutar contra as propostas em tramitação no Congresso Nacional.
Deputados alertam para risco de 'desastre social'
O presidente da comissão, deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), disse que está junto com os trabalhadores na luta contra os projetos de terceirização. “O PL 4.330/04 é uma ameaça terrível a direitos inscritos na Constituição, e sua aprovação será um desastre social e um retrocesso na legislação trabalhista”, alertou. Na opinião dele, o projeto da Câmara e o do Senado reduzem salários e benefícios, além de permitirem a subcontratação de empresas, a chamada quarteirização.
O deputado Celinho do Sinttrocel acrescentou que as propostas em curso consagram a chamada "pejotização", obrigando trabalhadores a abrirem empresas individuais para encobrir uma verdadeira relação de emprego. Ainda segundo o parlamentar, a terceirização possibilita a fragmentação continuada da empresa, precarizando as relações de trabalho, e em consequência, piorando as condições de segurança e de saúde no trabalho. Com tudo isso, a terceirização acaba por reduzir receitas da previdência e ampliar suas despesas, devido ao aumento de acidentes e doenças laborais.
A deputada Geisa Teixeira (PT) disse que a audiência desta quarta (18) era um momento importante por denunciar propostas de precarização de direitos trabalhistas. “Nós sabemos o quanto foi difícil para nós, trabalhadores, conquistarmos nossos direitos. E o PL 4.330/04 aponta para a perda de vários deles”, avaliou.
Já a deputada Marília Campos (PT) acredita que os projetos de terceirização vieram como estratégia para dividir os trabalhadores, já que subdivide as categorias profissionais. “A nossa principal bandeira deve ser a união de todos os trabalhadores. Estamos juntos nesta luta contra a precarização”, disse.
STF vai julgar legalidade do trabalho terceirizado
Ellen Mara Ferraz, diretora da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais, foi bastante enfática contra os projetos federais de terceirização. “Temos que brigar não para arquivar esses projetos, mas para sumir com eles para sempre!", disse. A dirigente discordou de outros convidados que alertaram para a precarização do trabalho com a terceirização. “Ela não precariza as relações de trabalho, e sim, acaba com os direitos dos trabalhadores”, enfatizou. Para ela, a terceirização é um crime de lesa-humanidade. "É contrária à nossa Constituição, além de contrariar várias convenções internacionais do trabalho”, completou.
Outra frente de luta contra a terceirização, segundo Ellen Ferraz, seria a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF). Ela informou que o STF está discutindo a ausência de regulamentação para a terceirização do trabalho no Brasil - atualmente o assunto é amparado legalmente apenas pela Súmula 331, do Superior Tribunal do Trabalho. Em breve, o STF terá que decidir questões como a definição do que são exatamente as atividades fim e meio de uma empresa e a própria constitucionalidade da terceirização. “O ataque aos direitos trabalhistas é global; estão querendo transformar trabalhador em mercadoria”, denunciou, defendendo uma audiência no STF.
Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social debate o Projeto de Lei nº 4.330/04, que dispõe sobre o contrato de prestação de serviços a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentesJosé Antônio de Lacerda, vice-presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), alertou que o processo de terceirização está em andamento no mundo inteiro. “As empresas querem reduzir custos, aumentar lucros e produtividade, em cima dos trabalhadores. A ideia agora é terceirização total, o que vai liquidar com o regime sindical”, afirmou.
Pedro Paulo de Abreu Pinheiro falou em nome do Movimento Mundo do Trabalho contra a Precarização. Na sua avaliação, o momento atual é de grandes dificuldades para os trabalhadores, e a terceirização contribui para piorar esse cenário.
O sindicalista explica que o processo de terceirização é deletério para o mundo do trabalho, pois amplia doenças ocupacionais, aliena o trabalhador, subdivide as categorias profissionais, fragmenta as campanhas salariais e dificulta a ação da Justiça do Trabalho. Na opinião dele, todos os trabalhadores têm que unir forças para se contrapor ao neoliberalismo, que “cria uma série de mecanismos para driblar as leis trabalhistas”.
Mortes no setor elétrico aumentam 300% com terceirização
Vários sindicalistas abordaram os problemas dos eletricitários, os trabalhadores das empresas de energia elétrica. O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas, Everson Tardeli, denunciou que, com a terceirização ampla na Cemig, os eletricitários foram divididos em várias categorias. “Os técnicos que sobem em postes de luz, por lei, não são eletricitários; são trabalhadores da construção civil. Tem também os leituristas, considerados por lei trabalhadores do setor de serviços. A terceirização tem um fundo ideológico, que é o de burlar a legislação”, declarou.
Ele apresentou dados da Fundação Ford sobre os trabalhadores desse ramo. Em 1994, eram 39 mil eletricitários terceirizados; hoje são 127 mil para 104 mil contratados diretamente pela empresa principal. Na Cemig, de um total de 18,9 mil eletricitários, apenas 8 mil são da própria empresa. “Na Cemig, morriam de duas a três pessoas por ano no trabalho. Agora ocorre uma morte a cada 45 dias. Houve aumento de mais de 300% no número de mortes no setor elétrico em Minas Gerais”, criticou, lembrando que ocorrem 250 acidentes a cada 45 dias na Cemig, 60% deles com terceirizados.
Para Jobert de Paula, diretor do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro), a atividade deles não só precariza, mas mata trabalhadores. Ele lembrou que a Cemig em breve terá 70% de terceirizados e afirma que não contrata mão-de-obra e sim, serviços. “Quem sobe na rede elétrica todo dia é uma pessoa, não um serviço”, protestou.
Por último, Jairo Nogueira Filho, diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), lembrou que foi constatado trabalho análogo ao escravo praticado por uma empresa terceirizada da Cemig. “Se aprovarem o PL 4.330/04, estarão matando as próximas gerações do País”, alertou.
Dieese aponta superexploração do trabalho
Avaliando a terceirização, o supervisor do Escritório Regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fernando Ferreira Duarte, tem constatado a superexploração do trabalho, evidenciada em vários aspectos: redução da remuneração, jornadas mais extensas, aumento do número de acidentes, mortes e doenças laborais. “Com a terceirização, perde-se o vínculo entre a empresa principal e o trabalhador e, com isso, ele perde direitos”, concluiu.
Ainda conforme Fernando Duarte, os projetos em tramitação no Congresso Nacional não são uma regulação da terceirização. “Está em questão a desregulamentação geral do trabalho, o que vai permitir a terceirização generalizada”, ressaltou. Por fim, ele avaliou que o discurso neoliberal aponta para um aumento da competitividade por meio da terceirização, que rebaixa salários e direitos. “Mas essa competitividade interessa ao projeto de desenvolvimento social e humano do País?”, questionou.
Deputados cobram providências
Além da solicitação do deputado Rogério Correia de encontro com os presidentes da Câmara e do Senado, foram aprovados outros requerimentos da comissão. Os deputados solicitam que seja marcada audiência com o presidente do STF, tendo também a participação das lideranças presentes à reunião desta quarta (18).
Serão ainda encaminhados oficios aos deputados federais mineiros para que se posicionem contrariamente aos projetos de terceirização em tramitação. A eles também será encaminhado um documento do Movimento Mundo do Trabalho contra a Precarização. E por fim, será enviado oficio à direção dos Correios, pedindo que abra negociações com os trabalhadores em greve.
Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social debate o Projeto de Lei nº 4.330/04, que dispõe sobre o contrato de prestação de serviços a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes
Fonte: AMLG
Fotos: ALMG

16 de mar. de 2015

Minas contra o golpe


O Brasil assistiu nos últimos dias um confronto político de duas concepções. Em resposta aos conservadores que tentam implementar o golpe no país, trabalhadores e trabalhadoras foram às ruas na última sexta-feira (13) para defender a democracia. Em Minas Gerais, como em todos os Estados brasileiros, as ruas foram ocupadas em um bonito ato. Pelas falas, faixas e cartazes foi possível confrontar as diferentes bandeiras de cada manifestação. Enquanto a mobilização golpista do domingo pedia intervenção militar, o rompimento com a democracia e o incentivo ao ódio, a manifestação de esquerda reafirmou as conquistas democráticas e defendeu o patrimônio brasileiro.  A atividade na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) começou cedo, às 05 horas os manifestantes já se organizavam na BR-381 para saírem em passeata até a refinaria Gabriel Passos (Regap) da Petrobras, em Betim, em defesa da empresa estatal.  À tarde, a Marcha em defesa do Brasil tomou conta do centro da capital para dialogar com o povo mineiro sobre o que está em jogo no país.

As mobilizações deste dia 13 foram convocadas pela CTB, CUT, MAB, MST e movimento estudantil. Em Betim, o ato começou com passeata até a portaria da refinaria. 

 À tarde, a Marcha em defesa do Brasil tomou conta do centro da capital para dialogar com o povo mineiro sobre o que está em jogo no país.

No centro de BH, cerca de 10 mil pessoas fizeram marcha em defesa da democracia e contra o golpe da direita. A concentração foi na Praça Afonso Arinos, símbolo da luta pela democracia na capital e onde tem o monumento da Torre de Petróleo, inaugurado durante a campanha o "Petróleo é nosso". A Marcha seguiu em caminhada até a Praça Sete.  

O presidente da CTB-Minas, Marcelino Rocha, reafirmou a importância dos movimentos sociais e sindicais combativos impedirem o retrocesso político no Brasil. “Estamos nas ruas a favor do povo brasileiro, em defesa da soberania nacional e contra qualquer tipo de golpe à nação brasileira.” Marcelino defendeu também o emprego e criticou a retirada de direitos. “Ajuste fiscal não pode ser feito com retirada de direitos dos trabalhadores” afirmou o presidente da CTB-Minas. Nessa semana, as centrais sindicais estarão em Brasília para tentar barrar as medidas provisórias que tiram direitos dos trabalhadores e impedir a tramitação do projeto de lei que abre caminho para a terceirização. Os participantes também defenderam a reforma política.

A Marcha contou com apoio de políticos de esquerda. Estavam presentes a deputada federal Jô Moraes (PCdoB), o deputado federal Padre João (PT), o deputado estadual, Rogério Correia (PT), os vereadores de BH, Arnaldo Godoy (PT) e Gilson Reis (PCdoB) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

“Esse é o verdadeiro ato de luta contra a corrupção e em defesa do Brasil. A gente que está aqui hoje sabe o quanto custou a liberdade, foi exatamente lutando contra aqueles que querem fazer o golpe que conseguimos o direito de expressão e livre manifestação no Brasil” afirmou a senadora Vanessa durante o ato.