27 de out. de 2016

“As mãos de vocês estão sujas com o sangue do Lucas”, diz estudante aos deputados paranaenses


O movimento cont

DEPOIS DA APROVAÇÃO DA PEC (PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO) 241, EM SEGUNDO TURNO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS, NESTA TERÇA-FEIRA (25), CRESCE A MOBILIZAÇÃO ESTUDANTIL NO PAÍS. JÁ SÃO 102 UNIVERSIDADES E 1.210 ESCOLAS OCUPADAS EM DIVERSOS ESTADOS, DIZ A UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE).


O movimento continua muito forte no Paraná com 850 escolas estaduais ocupadas, 14 universidades e três núcleos regionais. Em assembleia geral das escolas ocupadas nesta quarta-feira (26), os estudantes decidiram que o movimento continua. O movimento Ocupa Paraná repudiou as agressões que vêm sofrendo pela mídia e setores radicais da direita.
A estudante Ana Julia Ribeiro, de 16 anos, fez um discurso emocionado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A professora Rosa Pacheco, da CTB-PR Educação afirma que o discurso da adolescente contempla o pensamento dos servidores em greve e “de todos os que defendem uma educação pública democrática e de qualidade”.
Em pouco mais de 10 minutos, Ribeiro desmonta todas as teses que agridem os estudantes chamando-os de “doutrinados”, “vagabundos”, “arruaceiros” e por aí afora. Ela começa convidando a todos a visitarem as ocupações.
“Nós não estamos de brincadeira. A nossa bandeira é a educação”, afirma ela, visivelmente emocionada. E complementa afirmando que estão fazendo um “movimento que se preocupa com as gerações futuras, com a sociedade e com o futuro do país”.
Por isso, diz ela, os estudantes lutam contra a reforma do ensino médio. E defende a necessidade de uma reforma na educação como um todo, mas “uma reforma discutida” e que em seu resultado final estejam “todos de acordo”.
Ela conta que esteve no velório do estudante Lucas Eduardo Araújo Mota e “não vi a cara de nenhum de vocês”, que taxaram os estudantes de criminosos e toxicômanos. “As mãos de vocês estão sujas com o sangue do Lucas”.
Assista o importante discurso da estudante de 16 anos
Nesse momento ela foi interrompida pelo presidente da Alep, Ademar Traiano (PSDB), que ameaçou encerrar a sessão porque a menina teria agredido aos deputados. Ela retomou o discurso, pediu desculpas e disse que “o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) nos diz que a responsabilidade pelos nossos adolescentes, pelos nossos estudantes é do Estado, da sociedade e da família”.
“Nós lutamos por ideais porque acreditamos neles”, afirma ela. “A gente está em busca de conhecimento e vamos lutar por ele”, diz a jovem. Ela ataca o projeto Escola Sem Partido que para ela forma “um exército de não pensantes”. Isso “em meados do século 21”.
“A Escola Sem Partido”, afirma, “nos insulta, nos humilha”. Ela lembra também da PEC 241, que “é uma afronta à Constituição Cidadã (promulgada em 1988). Uma afronta à saúde, à educação. A gente não pode cruzar os braços para isso”.
No final ela conclui que, apesar de todas as agressões, “a gente consegue ter a presença da felicidade, porque nos tornamos cidadãos” e devem ser respeitados por quem acredita na Justiça, na liberdade e no respeito à dignidade humana. 
Marilene Betros, dirigente nacional da CTB, afirma que a fala dessa jovem mostra uma "juventude com vontade de construir o novo e para isso arregaçam as mangas e com muita coragem defendem o que acreditam". Para ela, "todas as educadoras e educadores comprometidos com a educação, devem sentir-se orgulhosos de uma menina tão corajosa".
Portal CTB - Marcos Aurélio Ruy

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