21 de dez. de 2018

Assim como há 50 anos, a vida dos trabalhadores será mais difícil a partir de 2019


“Os trabalhadores e o movimento sindical terão mais dificuldades com o governo Bolsonaro. A extinção do Ministério do Trabalho, a “Reforma” Trabalhista e a provável “Reforma” da Previdência apontam para esse caminho”. A avaliação é do Diretor do Departamento de Aposentados da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB-MG), Carlos Magno Machado, de 73 anos.

Para superar esse contexto político, ele afirma que o movimento sindical precisa “voltar às bases”. “Precisamos discutir as necessidades cotidianas dos trabalhadores. Esse será o principal desafio nos próximos anos”, acredita Magno, que lutou contra o golpe militar de 1964.

Preso em 1974 pelos militares, ele ainda guarda na memória as torturas e provocações que sofreu naquela época. “Após o Ato Institucional número 5, o AI-5, eles me perguntaram: Você ainda acredita que haverá abertura política?”, recorda ele.

O Ato Institucional número 5, ou simplesmente AI-5, foi emitido pelos militares no dia 13 de dezembro de 1968. O decreto foi o pior de todos, pois fechou o Congresso Nacional, interveio em sindicatos, promoveu prisões, torturas e mortes.

Na última semana, o Brasil lembrou os 50 anos do AI-5. Ao comparar aquele período com os tempos atuais, Carlos Magno afirma que o país vive hoje um regime protofascista. “Estamos num estágio inicial do fascismo”, explica ele.

Quem também se lembra daquele triste período da história brasileira é o dirigente sindical Gildásio Cosenza, de 71 anos.  Em 1968, Gildásio, então com 19 anos, era apenas um estudante de agronomia  quando foi preso com outros jovens por participar do 30º Congresso Nacional dos Estudantes, em Ibiúna, interior de São Paulo.

“Uma vez em liberdade, passei a fazer um trabalho de ´formiguinha´ na porta das fábricas. Distribuía panfletos e jornais, mas tive de viver clandestinamente para não ser preso de novo”, conta Gildásio que vê semelhanças na forma de atuação das elites daquela época com o discurso propagado hoje pela extrema-direita.

“A manipulação é a mesma. Eles sempre buscam criminalizar as lutas dos trabalhadores. Derrubaram João Goulart em 1964, acusaram Juscelino Kubitschek de corrupção e levaram Getúlio Vargas ao suicídio. Hoje o alvo é o Lula”.

Já o secretário da CTB-MG, Gelson Alves da Silva, destaca que o golpe de 64 e o AI-5 foram resultados de um processo histórico.

“Assim como agora, o golpe não foi feito da noite para o dia. No passado, o golpe veio pela força. Hoje veio pelo voto. Isso o torna (o golpe) mais perigoso e agressivo, pois no momento tem apreço de uma grande parcela da população que foi levada a votar no governo que se apresenta como reacionário e é apoiado pela elite entreguista das riquezas do nosso país”, diz ele.

Comissão da Verdade

Para saber mais sobre as perseguições que os trabalhadores sofreram no período da Ditadura Militar, a Comissão da Verdade em Minas Gerais (COVEMG) disponibiliza um rico acervo na internet. O endereço é www.comissaodaverdade.mg.gov.br

Fonte: Imprensa CTB-MG
                                 
                                          Fotos: Anderson Pereira
                                           
             Gildásio Cosenza foi preso e torturado pela Ditadura Militar
        
     Segundo Carlos Magno, os trabalhadores terão mais dificuldades com o governo Bolsonaro

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