Em uma nota dura e importante, a Comissão Brasileira Justiça e
Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), representada pelo
secretário-executivo Carlos Moura, desmonta a reforma da Previdência
apresentada ao Congresso Nacional pelo governo Jair Bolsonaro e desmente
argumentos propagados pelos meios de comunicação, como o de que a reforma é
necessária para tirar o Brasil da crise.
“Os elogios à proposta divulgados pelos meios de comunicação não
são verdadeiros quando dizem que esta Reforma é necessária para o país sair da
crise econômica e que sem ela o atual modelo de seguridade social vai quebrar
em pouco tempo. Isto é uma falsidade para angariar o nosso apoio. A verdade é
outra. A reforma correta de que a Previdência precisa é exatamente o contrário
desta que estão propondo”, diz um trecho do texto.
“Esta reforma da Previdência tem que ser firmemente denunciada,
pois é a mais injusta e a mais cruel tentativa de demolição dos direitos dos
trabalhadores e segurados, garantidos na Constituição Federal”, continua a
nota.
A CNBB também já emitiu comunicados contra a reforma
trabalhista, aprovada em 2017 pelo governo Michel Temer, e em defesa da
democracia durante a campanha de Bolsonaro.
Leia a íntegra da nota da CNBB sobre a reforma da Previdência:
CBJP e a PEC 06/2019: a
retórica da reforma e a realidade da desigualdade social
“O Senhor ilumina os cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos,
O Senhor cuida dos
migrantes, sustenta o órfão e a viúva,
confunde o caminho dos
ímpios” (Salmos, 146 8-9)
A iníqua proposta de reforma
da Previdência feita pelo Governo Federal, em tramitação na Câmara dos
Deputados, é contra os interesses dos segurados e benéfica para empresas e para
o sistema financeiro.
Os elogios à proposta
divulgados pelos meios de comunicação não são verdadeiros quando dizem que esta
Reforma é necessária para o país sair da crise econômica e que sem ela o atual
modelo de seguridade social vai quebrar em pouco tempo. Isto é uma falsidade
para angariar o nosso apoio. A verdade é outra. A reforma correta de que a
Previdência precisa é exatamente o contrário desta que estão propondo.
Esta reforma da Previdência tem que ser
firmemente denunciada, pois é a mais injusta e a mais cruel tentativa de
demolição dos direitos dos trabalhadores e segurados, garantidos na
Constituição Federal. Se ela vier a ser aprovada, aqueles que hoje dependem do
INSS e os que dele vierem a precisar amanhã, estarão sujeitos a se
transformarem em indigentes, como já acontece em todos os países em que esta
falsa reforma foi feita, como é o caso do Chile.
Ao contrário do que apregoam seus defensores, a proposta de emenda à Constituição nº 06/2019 “quebra” as contas públicas e aumenta as desigualdades. Quase todo o valor de 1 trilhão de reais, que segundo eles vai ser gerado, será retirado dos setores mais vulneráveis. Não apresentaram nenhum cálculo que comprovasse esta poupança, esconderam os estudos feitos.
Ao contrário do que apregoam seus defensores, a proposta de emenda à Constituição nº 06/2019 “quebra” as contas públicas e aumenta as desigualdades. Quase todo o valor de 1 trilhão de reais, que segundo eles vai ser gerado, será retirado dos setores mais vulneráveis. Não apresentaram nenhum cálculo que comprovasse esta poupança, esconderam os estudos feitos.
A causa do chamado “déficit
da previdência”, é, na verdade, decorrente dos desvios dos recursos da DRU,
“Desvinculação de Receitas da União” e das injustificáveis dispensas de
pagamento dos impostos, “desonerações”, sem as devidas contrapartidas sociais e
decorrem ainda das milionárias dívidas das empresas para com o INSS que não são
devidamente cobradas.
Diferentemente do que
insinuam, a Previdência Social, que nas últimas décadas tornou-se um potente
instrumento de diminuição das desigualdades e motor da “economia social”, eis
que fortalece as economias locais, como tem sido reconhecido em estudos e em
depoimentos de prefeitos e governadores, principalmente dos municípios menos
desenvolvidos.
A PEC 06/2019 cria, sem
nenhum fundamento, regras perversas de transição, obrigam os trabalhadores a
contribuírem por muito mais tempo e, aqueles poucos que conseguirem se aposentar,
receberão proventos menores do que os que hoje recebem. É uma verdadeira
“quebra de contrato”.
As mulheres, os
trabalhadores rurais, os idosos, os deficientes e os aposentados por invalidez
serão penalizados pela malandragem de cálculos financeiros e pela esperteza
contábil de tal reforma. Os homens e mulheres contribuintes deixam de ser
pessoas e são transformados em números, servindo aos interesses do “mercado”,
isto é, de uma economia desumana.
O Papa Francisco, ao
refletir sobre a situação atual dos excluídos, principalmente idosos afirmou:
“Em uma civilização em que não há lugar para os idosos ou são descartados
porque criam problemas, esta sociedade leva consigo o vírus da morte”.
Assim como venderam a ilusão
de que com a terceirização (lei nº13.429/2017), a aniquilação dos direitos
trabalhistas, a PEC 95, os empregos, os salários e os investimentos privados
voltariam, agora renovam as vãs promessas para aprovação desta reforma.
Ledo engano. O que se repete
a cada crise, é o contrário: a fortuna dos ricos aumenta, na mesma medida em
que aumenta a pobreza dos pobres. Essa repudiável realidade é usada para se
alegar que a suposta crise, artificialmente gerada, para ser vencida, exige de
“todos” muitos sacrifícios. Mas todos sabemos que quem paga no final a conta,
são os mais desvalidos. As melhorias prometidas não chegam nunca. De crise em
crise, quem lucra são os insaciáveis interesses financeiros.
A Comissão Brasileira
Justiça e Paz, organismo vinculado à CNBB, reunida em Sessão Ordinária nos dias
26 e 27 de abril, cumpre seu dever de se colocar ao lado das forças sociais que
defendem os interesses dos trabalhadores e segurados que resistem para impedir
a retirada “dos pobres do orçamento e da Constituição”. Isto é a luta para
impedir que se enfie o dinheiro dos impostos no bolso de poucos abastados.
A Seguridade Social é um
direito do cidadão e um dever do Estado, um projeto de nação e não um negócio
de compra e venda!
A histórica manifestação
unitária das centrais sindicais de 1º de maio teve a nossa solidariedade e
queremos compartilhar de novas iniciativas que almejem impedir o desmonte da
Previdência pública como maior conquista do povo brasileiro.
Brasília, 06 de maio de 2019
Fonte: URBS Magna
Foto: Divulgação/Internet
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