11 de nov. de 2019

Caso de racismo durante jogo entre Atlético e Cruzeiro reacende o debate sobre intolerância racial no Brasil

Mais um triste caso de racismo no futebol. Desta vez, foi no jogo desse domingo entre Atlético e Cruzeiro. O placar da partida ficou em 0 a 0 e, ao término do jogo, uma onde de violência tomou conta das arquibancadas do Estádio Mineirão envolvendo torcedores dos dois times. Na confusão, um segurança sofreu ofenças racistas de um atleticano. No vídeo, que viralizou nas redes sociais, o homem diz:
“Sua mãe tá na rua, filho da puta. Olha sua cor”, disparou o homem contra o segurança.“A minha cor? Tu é racista, é?”, respondeu o funcionário. O agressor foi retirado de perto do segurança por outros atleticanos.
Ainda no domingo, o Atlético Mineiro publicou uma nota de repúdio ao ato racista.
"O Clube Atlético Mineiro repudia veementemente qualquer ato de violência, incluindo racismo, injúria ou ofensa moral, seja no estádio ou fora dele. As diversas imagens que circulam em redes sociais são lamentáveis e devem ser objeto de rigorosa apuração", escreveu o clube.
O ato de racismo do torcedor atleticano ocorre justamente em novembro, mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20/11). A data é uma referência a morte de Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695. 
Até hoje, os negros ainda ocupam os piores postos de trabalho e encontram muitas dificuldades para se manterem nos estudos.
A evasão escolar, por exemplo, é maior entre os jovens negros. De acordo com o IBGE, quase metade, de 19 a 24 anos, não conseguiram concluir o ensino médio em 2018. O índice de evasão escolar chega a ser de 44,2% entre os homens, um recorte de gênero e raça revela ainda que sobre as mulheres negras, da mesma faixa etária, o abandono escolar é uma realidade para 33% das jovens. 
O desemprego também é maior entre os negros. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada em 2017 pelo IBGE, revelaram que do total de desempregados no país, 13 milhões, 63,7%, ou seja, 8,3 milhões eram pretos ou pardos.
Saúde
Segundo especialistas, o estresse de lidar com a discriminação racial também afeta a saúde dos negros e negras. A afirmação é da psicanalista Maria Lúcia da Silva.
"Uma das primeiras distorções que episódios de preconceitos acarretam no organismo humano é o aumento da pressão arterial. Posteriormente esse aumento de pressão causa o endurecimento da veias que pode resultar em um ataque cardíaco ou em um acidente vascular cerebral (AVC). Mas para além disso, o racismo também impacta a saúde mental. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Texas mostra que pessoas que sofreram com discriminação estavam sujeitas a desenvolver alcoolismo e depressão", diz Silva.
A psicanalista lembra que para lidar com situações de racismo e preconceito, as pessoas negras demandam mais energia. “Essa situação acontece desde o nascimento, o tempo todo. O racismo não dá descanso”, ressalta.
Fonte: CTB-MG com informações do Jornal El País, Rede Brasil Atual e Revista Fórum


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