13 de mai. de 2011

RACISMO Á BRASILEIRA: RAÍZES HISTÓRICAS

Resenha do livro de Martiniano José da Silva, por Gelson Alves*

Em um país em que a cor branca ainda é atestado da boa conduta - como se traços fisionômicos das pessoas caracterizassem algo de bom ou de mau - detectar historicamente o racismo parecia muito fácil. Mas ele existe “à brasileira” bem sutil, engenhoso e mascarado.

O racismo é um sistema ideológico dos que se consideram superiores para destruir e eliminar, amplamente, toda uma condição étnico-cultural de um povo. Ele provoca uma interrupção violenta, a destruição e a distorção histórica da sociedade, da cultura, das aspirações e realizações de um povo dominado.



O racismo não é um fenômeno inventado no mercantilismo. Ele em raízes mais antigas e apareceu desde que os homens se dividiram em classes. Podemos dizer que a escravidão e civilização se apresentam sincronicamente na História.

Raízes

As especulações ocidentais sobre o negro começaram antes que os europeus visitassem a África e foram baseadas nos antigos escritos gregos e romanos. Heródoto, ao falar dos negros africanos escreveu: “(...) são seres que se alimentam de gafanhotos e cobras, partilham as mesmas esposas e se comunicam através de gritos agudos como morcegos”.

Quanto ao racismo religioso, há o mito camítico entre os hebreus. Os negros africanos descenderiam de Cam, filho de Noé, que teria sido amaldiçoado pelo Pai, por causa de sua irreverência para com este, em postura “indecente”. Por isso, eles teriam destinados ao sofrimento no tórrido e horrível continente africano.

“E já que você me desrespeitou... fazendo coisas feias na negrura da noite, os filhos de Canaã nascerão feios e negros! Porque você torceu a cabeça para ver a minha nudez , o cabelo de seus netos serão enrolados em carapinhas; e seus olhos vermelhos, por seus lábios ridicularizarem minha má fortuna, os dele incharão; e porque você descuidou da minha nudez, eles andarão nus, e seus membros masculinos serão vergonhosamente alongados! Os homens desta raça serão chamados negros, seu ancestral Canaã os mandou amar o roubo e a formicação e se juntar em bandos para odiar os seus senhores e nunca dizer a verdade”. “Amaldiçoada seja Canaã; dos seus irmãos será o mais vil dos escravos” (Gn 9, 18-27).

Assim, a herança racista da tradição bíblica judaico-cristã, forjada através da historia de Canaã, descendente de Noé, mais tarde apoiada pelas igrejas católicas e protestantes, foi herdada pelos portugueses e outros povos do mundo. O racismo no Brasil é uma herança dos escravocratas empavonados, e foi assimilado de maneira inconsciente pelos vários segmentos da sociedade.

O racismo é mantido ainda hoje pelas classes dirigentes, como instrumento de dominação r com o apoio das instituições civis, militares e eclesiásticas a que o povo está subordinado. O racismo existiu e existe até os dias de hoje, com suas modalidades emergentes do mundo cada vez mais rapidamente intercomunicante.

Referência:

SILVA, Martiniano José da. Um novo nível de reflexão sobre a história social do Brasil. Ed...São Paulo: editora Anita Garibald, 1995.

* Gelson Alves é Secretário de Comunicação e Imprensa da CTB Minas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário