5 de dez. de 2018

Salário mínimo pode crescer menos nos próximos anos

O Secretário do Tesouro do governo de Jair Bolsonaro, Mansueto Almeida, disse ao jornal “O Estado de S.Paulo” que considera o salário mínimo “caro demais”. “Se ele continuar crescendo, a gente tem que ver como financiar isso”, afirmou Almeida.
Essa declaração revela que o atual governo pode interromper a política de valorização do salário mínimo (SM) em vigor desde 2007.
A partir daquele ano, o SM passou a ser reajustado por um índice equivalente à inflação somada ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Desde então, o SM aumentou em 77% somente com ganhos reais, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Se não fosse essa política de valorização, fruto de um acordo com as centrais sindicais, o salário seria 56,6% menor se comparado ao valor de R$ 954.
De acordo com economistas, nos últimos anos, o SM contribuiu para tirar mais de 36 milhões de pessoas da pobreza, gerou renda e fez a economia crescer.
Segundo o Dieese, “a regra de reajuste do salário mínimo também traz benefícios para os empregadores.
“Ela (a regra de reajuste ) dá previsibilidade aos agentes econômicos, principalmente para os empregadores. É uma política coerente. O aumento real segue o crescimento da economia”, explica Clemente Ganz Lúcio, diretor do Dieese.
Mesmo com essa política, que significou ganhos para os trabalhadores e também para a economia do país, o valor do atual SM ainda está longe do ideal.
Segundo o Dieese, o SM necessário para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) deveria ser de R$ 3.800.
Como se vê, ainda falta muito para alcançar um valor justo.
Caso o atual governo leve adiante essa intenção de frear o reajuste do SM, o(a) trabalhador(a) será ainda mais penalizado. A desigualdade social no Brasil também aumentará.  Atualmente cerca de 50 milhões de brasileiros e brasileiras recebem salário mínimo no país. 
Em tempo: O anúncio do fim do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) pela equipe de Bolsonaro também foi mais um duro golpe contra os(as) trabalhadores(as). De acordo com especialistas, a sua extinção significa a "institucionalização e descriminalização do trabalho análogo à escravidão e o fim das listas sujas de empresas que submetem seus empregados a condições degradantes”.
Anderson Pereira - Jornalista

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