26 de mar. de 2012

Assassinatos de três sem-terra em Uberlândia podem ter sido motivados por disputa de terra ou vingança


Disputa por terra ou vingança. Essas são as prováveis causas do assassinato de três integrantes do Movimento para Libertação dos Sem Terra (MLST), ocorrido no sábado, 24, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Uma criança de 5 anos é a única sobrevivente do crime.
A Polícia Civil já tem os suspeitos dos assassinatos. De acordo com informações da delegacia de Uberlândia, os suspeitos ainda não foram presos, mas as pistas seguem avançadas.
Os policiais não deram detalhes sobre o andamento das investigações, mas descartam a hipótese de latrocínio - roubo seguido de morte. Segundo a polícia, a linha de investigação caminha para um acerto de contas ou rixas por conta da atuação dos três no MLST.
O grupo deixava o assentamento, na área da Fazenda São José dos Cravos, e seguia para Uberlândia, quando o veículo foi interceptado na estrada do Campo Florido (MGC-455), no distrito de Miraporanga, a 40 quilômetros do destino.
De acordo com a Polícia Militar, foram mortos Valdir Dias Ferreira, de 39 anos, Milton Santos Nunes da Silva, de 52, e Clestina Leonor Sales Nunes, de 48. A criança que sobreviveu ao atentado é neta do casal Clestina e Milton.
Segundo o tenente-coronel Sandro Heleno Leite, comandante do 32º Batalhão da PM de Uberlândia, a criança foi encontrada próximo ao carro e estava muito assustada. Ela pode ser a única testemunha do triplo homicídio.
“Uma criança dessa idade não entende muito bem o que ocorreu, mas nos contou tudo o que sabia e o que viu. Uma guarnição do Corpo de Bombeiros a acompanhou de volta ao acampamento e a entregou para a mãe, que ainda está acampada em Prata”, disse o militar.
Com base no que ouviram da criança, os policiais acreditam que o carro dos trabalhadores rurais foi fechado por um veículo cinza e parou no meio da estrada. Valdir e Milton desceram do veículo para saber de que se tratava, quando os ocupantes do outro carro desceram atirando e os atingiram na cabeça. Ainda de acordo com informações da polícia, Clestina não teve tempo de abrir a porta do carro e fugir, sendo alvejada com vários disparos antes disso.
A PM informou que a criança não conhece os assassinos e não sabe se ela seria capaz de fazer o reconhecimento de suspeitos. O Triângulo Mineiro é repleto de fazendas e áreas agrícolas invadidas, mas segundo o comandante do 32º Batalhão, não há clima de enfrentamento entre fazendeiros e invasores. “Geralmente, essas questões são resolvidas na Justiça. Não há registros de confrontos violentos entre eles”, afirmou o tenente-coronel Sandro Leite.
Dentro da bolsa de Clestina havia R$ 1,6 mil, o que praticamente descarta a hipótese de latrocínio. Vários cartões de crédito foram encontrados espalhados no chão, ao lado do carro. A polícia ainda não sabe se a criança sobreviveu por não ter sido vista ou se ela foi poupada pelos atiradores.

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