25 de dez. de 2009

Reflexões sobre a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom)


Comunicação

Por: Sílvia Maria




Absolutamente, não é com idéias que se fazem os versos... É com palavras (Mallarmé)


Controle: palavra proibida, palavra censurada. Nesta 1ª Confecom, a palavra controle dividiu as plenárias entre aqueles que a defendem como exercício da cidadania, acesso ao direito à comunicação e aqueles que a temem como impeditivo de interesses escusos. Eu venho da área da Saúde, mas pude observar, na Comunicação, de uma banda a outra da plenária, que o que impera é a tentativa de controle.

Convenhamos, vivemos numa sociedade, uma época, em que o controle de corpos e mentes, em uma obsessão de se atingir a verdade, muitas vezes se reduz a nada: "nunca a humanidade reuniu tanto poder e desordem, preocupação, irresponsabilidade, conhecimentos e incertezas.. . A inquietude e a futilidade dividem nossos dias..."

E o que chamo de verdade? Certamente, não é aquela que o presidente Lula disse que mais cedo ou mais tarde aparece. Acredito que um processo de verdade tenha duas palavras de ordem: Coragem! e Continuar!

E quantas coisas nos convidam a desistir!: a oferta de facilidades, de meios curtos para se atingir objetivos sem ter percorrido o caminho, a substituição da imaginação pelas imagens, o raciocínio por ícones e, frequentemente, por nada. A tentativa escusa e feroz de permanecer invisível o que ameaça o frágil e, muitas vezes, limitado modo de funcionar no mundo.

Lembrando Thiago de Mello, em seu "Estatutos do Homem", artigo V, "Fica decretado que os homens (entendam-se os homens e as mulheres) estão livres do jugo da mentira./ Nunca mais será preciso usar/ a couraça do silêncio/ nem a armadura de palavras./ O homem e a mulher se sentará à mesa/ com seu olhar limpo/ porque a verdade passará a ser servida/ antes da sobremesa."

Conhecendo, um pouco, os seres humanos e, sendo até um deles, eu penso que teremos de caminhar um pouco mais até conquistarmos isso (e é isso o que queremos?), até podermos nos comunicar melhor e, nessa torre de babel, possamos praticar a democracia cidadã, a democracia do dissenso.

Valeu, companheirada! Em um trabalho hercúleo, me perdendo e me achando, creio que avançamos!

Saudações antimanicomiais!


Sílvia Maria Soares Ferreira é representante do segmento dos portadores de sofrimento mental e  militante da luta antimanicomial.

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