Um requintado jogo político e de poder econômico envolve a atual greve dos rodoviários de Belo Horizonte e outras cidades mineiras. Iniciado no dia 22/02, o movimento já conseguiu manifestações da opinião pública nacional e o acompanhamento, de perto, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG).
O Sindicato dos Rodoviários garante que vai manter a greve, se essa for a decisão da categoria. Na noite da última terça-feira, uma assembléia contrariou bravamente a determinação do desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello Filho. Ele havia imposto, no dia 22/02, a suspensão imediata do movimento, sob a multa de R$ 300 mil diários, em caso de descumprimento.
Trabalhadores querem direito de greve
Mesmo com a promessa de bloqueio dos bens de todas as entidades trabalhistas envolvidas, os rodoviários reclamam a legitimidade da greve. Tendo como base a lei 7.773/89, eles garantem que vão manter somente 50% da frota em funcionamento nesta quinta-feira (25/02).
Por meio da imprensa e em visita a Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello Filho, os sindicalistas solicitaram a sensibilidade do magistrado. Numa reunião de conciliação, o desembargador já havia declarado que anularia a multa, em caso de suspensão imediata da greve
No 1º dia de movimento, a adesão chegou a 95% dos 36 mil trabalhadores. Mesmo após a intervenção do TRT-MG, 40% dos rodoviários continuaram de braços cruzados, segundo o sindicato da categoria.
O diretor da Federação dos Rodoviários em Minas Gerais (Fettrominas), Antônio Miranda, avaliou que a medida do desembargador intimidou um movimento combativo e determinado. “Quem não se sente intimidado sem garantia de emprego, com a pressão do patrão, da polícia e do judiciário?”, questionou.
Nesta quarta-feira (24/02), a greve manteve focos vigorosos nas Estações BH BUS Barreiro e Diamante, que atendem a 150 mil pessoas por dia. Pela manhã, somente 30% dos ônibus foram às ruas, segundo a BH TRANS, empresa responsável pelo transporte coletivo. Na Estação Diamante, trocadores não compareceram. Não houve quem cobrasse as passagens, apesar dos ônibus lotados.
CTB Minas repudia repressão à greve
A CTB Minas Gerais publicou, em seu blog, www.ctbminas.blogspot.com, nota de repúdio ao movimento de repressão à greve. O secretário de comunicação e imprensa, Gelson Alves, achou “inadmissível”, a forma como a justiça se fez presente. “Foi colocada ‘uma faca no pescoço’ dos trabalhadores. Por isso é importante que eles reorganizarem para ganhar a população”, destacou.
Boa parte da imprensa mineira noticiou a greve dos rodoviários como um ato prejudicial à população. Para José Antônio de Lacerda, o Jota, o vice-presidente da CTB Minas, “a mídia se esqueceu que, do outro lado dessa história, pais e mães de família também reivindicam condições mais dignas”.
Os movimentos sindicais e sociais ainda desaprovaram a ação da Polícia Militar. “Numa greve tem viatura para todo lado, mas para combater o crime, não tem viatura disponível”, destacou Antônio Miranda. Policiais teriam cercado a sede do Sindicato dos Rodoviários e viaturas escoltaram ônibus.
Segundo o TRT-MG, o desembargador Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello marcou nova audiência de conciliação para a quinta-feira (25/02), às 15h30.
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