Por: Murilo Ferreira da Silva*
Em artigo publicado no Jornal Valor Econômico, no dia 24/03/11, Gustavo Loyola, o economista da era FHC, derrama um pessimismo assustador sobre o País. Ele cita a pesquisa de opinião do Instituto Datafolha, segundo o qual elevou-se o pessimismo da população brasileira quanto à capacidade do governo de conter a inflação.
Tal inclinação viria dos graves e continuados atentados que a tríade sustentadora da estabilidade estaria sofrendo: políticas fiscal, cambial e monetária. Loyola argumenta que houve forte queda dos superávits primários e redução da transparência na contabilidade fiscal, além do expressivo aumento dos repasses do tesouro a entidades públicas, notadamente Petrobras e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Já o câmbio, estaria menos flutuante, devido às medidas administrativas do governo e às intervenções do Banco Central. A política monetária, por sua vez, seria o “último bastião da estabilidade”. Mesmo aí, a coordenação das expectativas para Loyola tornou-se mais complicada, já que os agentes de mercado passaram a perceber mais disposição do governo para correr riscos inflacionários.
Gustavo Loyola considera como exótica a tese do governo de que o melhor ataque à inflação vem do aumento da oferta. O economista da era FHC ainda critica o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, pois este avalia que o BNDES não pressiona a inflação. Segundo o ministro, o investimento permitiria maior oferta de produtos na economia.
Para Loyola, é equivocado achar que as medidas macroprudenciais são mais eficazes do que elevar os juros para conter a inflação. Ele diz que tais medidas refletem a “torcida” para que o Banco Central contenha o aumento da taxa Selic. Por fim, o economista defende que somente a elevação da taxa de juros poderia restringir a demanda agregada, garantindo a estabilidade da moeda.
Contrário ao pessimista Loyola, não considero que houve “atentados” à tríade que sustenta a estabilidade. O economista, na verdade, está criticando os métodos adotados pelo governo Lula em 2009, para que o País saísse da crise. Lula foi bem sucedido nas medidas anticíclicas como reduções de impostos e juros, além da ampliar o consumo. Não nos esqueçamos dos aportes ao BNDES e os incrementos no PAC, cujo carro-chefe foi a Petrobras. O resultado foi o crescimento de 7,5% em 2010. Os números falam por si, e não há porque termos pessimismos, a não ser para os tucanos que perderam a eleição.
São muitas as controvérsias em relação ao câmbio. A opinião de Loyola não é compartilhada por grandes especialistas. O que existe é uma verdadeira guerra cambial no planeta. As medidas dos EUA inundam os mercados de dólares e pressionam pela valorização excessiva do real. Diante disso, são mais do que corretas as medidas do governo e do Banco Central para reverter tal tendência.
É óbvio que o governo não está disposto a correr riscos inflacionários. O problema central é não abrir mão do crescimento. São outras as perspectivas alimentadas no momento. O País que já deixou a Itália para trás, e prepara-se para ultrapassar a Alemanha no ranking das grandes economias. O olhar míope (e comprometido?) de Loyola só consegue enxergar a taxa de juros como o único instrumento de combate à inflação. Suas idéias fatalmente implicariam na derrocada do atual crescimento brasileiro.
*Murilo Ferreira da Silva é diretor da CTB Minas e do Sinpro, Sindicato dos Professores.
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