Por: Tiago Santana*
O Egito é um país árabe situado no nordeste da áfrica e possui, atualmente, cerca de 80 milhões de habitantes. Antes das recentes manifestações, que destituíram do poder o ditador Hosni Mubarak, a situação desse povo era simplesmente indiferente para a maior parte população brasileira. Contudo, os acontecimentos levantam questões importantes, que podem ditar os rumos da política internacional e até mesmo arremetem a algumas semelhanças entre o povo daqui e daquele país.
O posicionamento adotado pelo governo americano durante a crise da ditadura egípcia tornou-se um fato pitoresco. É importante ressaltar que o Egito era para os Estados Unidos um dos principais aliados na implementação da política imperialista na Região. Lembrando que o ditador Hosni Mubarak assumiu o poder através de um decreto, há 30 anos, com o apoio do próprio governo norte americano.
Vale lembrar que, embora os Estados Unidos tente apresentar-se como o “guardião da Paz” e preocupado com a estabilidade política da região, é na verdade o principal responsável pela instabilidade e pelas guerras no mundo. Desde 1846, foram mais de 90 ações militares, entre elas a guerra do Golfo, Vietnã, Afeganistão, Palestina e Iraque.
Mas o que o Egito e o Brasil têm em comum? Embora sejamos o maior país de população árabe na América Latina, a principal semelhança com aquele povo está na capacidade de mobilização e de luta em defesa da liberdade. No Brasil, e também na Argentina, no Chile e outros países da América Latina, tivemos grandes lutas contra a ditadura militar e na consolidação de nossas democracias.
Outro ponto em comum é a mobilização da juventude, principal vítima das políticas neoliberais e seus efeitos colaterais como o desemprego, a violência, a baixa taxa de crescimento e a dependência externa. A juventude egípcia iniciou um processo de intolerância ao governo “compartilhado”, assim como ocorreu no Brasil durante os governos neoliberais de Collor e FHC, que sobre a batuta do governo norte americano condenaram o país a um período de estagnação social.
É provável que, da mesma forma que avaliamos e buscamos certos exemplos das mobilizações do povo Egípcio, eles também buscam espelhar-se em nossa história de luta e consolidação da democracia. Ainda temos muito que avançar. A redução na jornada de trabalho sem redução de salários, a manutenção da política de valorização do salário mínimo, a garantia de emprego com dignidade, entre outras reivindicações dos trabalhadores, virão com a participação e mobilização da classe trabalhadora.
* Tiago Santana é Secretário Geral do Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais) e ex-Secretário da Juventude Trabalhadora da CTB Minas.
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