O crime
conhecido como “Chacina de Unaí” completou oito anos no dia 28 de janeiro, sem
que nenhum dos nove réus tenha sido julgado pelo assassinato dos três auditores
fiscais do Trabalho - Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares
Lage e Nelson José da Silva - e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, todos
servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ocorrido em 2004.
A presidenta do
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosângela Rassy,
e o procurador da República em Minas Gerais, Edmundo Dias, se reuniram, no dia 26
com a Juíza Federal Substituta da 9ª Vara Federal, Raquel Vasconcelos Alves de
Lima, responsável pelo caso, para saber por que o acusado Rogério Alan Rocha
Rios ainda não foi julgado. Em maio do ano passado, o Superior Tribunal de
Justiça determinou que o réu fosse julgado, o que não ocorreu.
Segundo a
presidente do Sinait, a juíza disse que está aguardando o envio dos autos
processuais originais para marcar o julgamento, pois “precisa ter segurança
jurídica”. “Ela disse que todas as providências que antecedem o júri já estão
sendo tomadas”, explicou Rosângela Rassy.
Em novembro do
ano passado, a juíza Raquel encaminhou ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF)
solicitando os autos originais do processo. Os autos estão no STF por conta de
um novo recurso apresentado, em dezembro de 2011, por Hugo Alves Pimenta, um
dos acusados da chacina. “Ontem, o STF respondeu dizendo que o ministro Ricardo
Lewandowski deve apreciar em breve o recurso para remeter os autos à 9ª Vara
Federal”, disse a presidenta do Sinait.
Em 2011, cinco
réus tiveram seus processos desmembrados pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e já podem ser julgados: Erinaldo de Vasconcelos Silva, Francisco Elder
Pinheiro, José Alberto de Castro, Rogério Alan Rocha Rios e Willian Gomes de
Miranda. Destes, apenas José Alberto encontra-se em liberdade. Os outros estão
presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte.
Assim como Hugo
Alves Pimenta, os réus Antério Mânica e Norberto Mânica, estão em liberdade.
Antério, que foi eleito prefeito de Unaí, somente será julgado depois da
conclusão do julgamento de todos os outros, e em foro especial.
O uso de inúmeros
recursos adia o julgamento dos acusados. “Desde o início, a defesa dos acusados
entra, incessantemente, com recursos protelatórios, até hoje todos negados em
diversas instâncias”, disse. Em entrevista à agência Repórter Brasil, Antério
disse que “aguardava ansioso pelo julgamento”.
Manifestação
Como parte da
programação da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, no dia 27 o
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e a Associação
dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (AAFIT/MG) promoveram um ato público
em frente ao prédio da Justiça Federal, em Belo Horizonte (MG). O local foi
escolhido por ser a origem do processo contra os nove réus indiciados, e também
é a instância que deverá conduzir o julgamento.
A data 28 de
janeiro foi escolhida como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo por
conta dos assassinatos dos auditores fiscais que atuavam no combate ao trabalho
escravo. Há três anos, a última semana do mês de janeiro é marcada por eventos
em todo o País. Este ano a semana começou com o lançamento do Manual de Combate
ao Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho e Emprego.
Na opinião presidenta
do Sinait, que é auditora fiscal e atuou na Superintendência Regional do
Trabalho e Emprego do Pará (SRTE/PA), o caso de Unaí é emblemático. “Sempre
soubemos do risco da profissão, mas a partir do momento em que houve um crime
tão bárbaro e o Estado não responde à altura, julgando os culpados, a
preocupação aumenta”, desabafa.
Os três auditores
fiscais - Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson
José da Silva - e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, estavam em uma
estrada da zona rural na região de Unaí (MG) quando foram assassinados a tiros
à queima-roupa. O grupo estava fiscalizando fazendas de feijão.
Fonte: Repórter Brasil.
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