A cidade de São
Paulo assistiu no dia 4 a
uma manifestação histórica. Mais de 90 mil trabalhadores acompanharam o chamado
Grito de Alerta, ato convocado pelas centrais sindicais e por parte do
empresariado nacional, realizado em frente à Assembleia Legislativa, contra o
processo de desindustrialização vivido no País.
Ao longo de três
horas, representantes de dezenas de entidades deram um recado claro à
sociedade: a crise que assola a indústria nacional é grave e o governo não tem
agido com a firmeza necessária para enfrentar essa questão.
Para o
presidente da CTB, Wagner Gomes, o ato coroou o pacto celebrado entre as
centrais sindicais e o setor produtivo do País, enviando um recado claro para a
presidenta Dilma Rousseff: “Um país sem indústria forte está condenado a ser um
país pequeno”, disse.
O dirigente da
CTB também reafirmou que as medidas anunciadas pelo governo federal um dia
antes, em Brasília, são insuficientes para enfrentar o atual cenário. Para ele,
a indústria nacional só conseguirá retomar a força de décadas passadas quando o
País alterar sua política macroeconômica.
“Presidenta
Dilma, é preciso baixar os juros e mexer no câmbio, sob o risco de nos
tornarmos uma nação que vive apenas de exportação de soja e café”, cobrou. “Uma
indústria forte é fundamental para o emprego e a valorização do trabalho. Mas
esta batalha não termina hoje. Ela só acabará quando o governo tiver coragem de
dizer aos bancos: ‘vocês já ganharam muito e agora precisam produzir para
ajudar o Brasil’”, afirmou.
As medidas
anunciadas no dia 3 pelo governo federal, no sentido de tentar frear a
desindustrialização, foram tema recorrente ao longo do ato. “Vamos continuar cobrando
mudanças”, disse Arthur Henrique, presidente da CUT. “Queremos participar da
construção do nosso país”, destacou Ricardo Patah, presidente da UGT,
adiantando que certamente o Grito de Alerta terá desdobramento. “A proposta do
governo é muito pequena. Temos que continuar na luta”, sustentou Ubiraci
Dantas, presidente da CGTB.
A união com o
empresariado também foi um tema recorrente nas falas dos sindicalistas.
“Estamos todos no mesmo barco, em defesa da economia do nosso país”, afirmou
José Calixto, presidente da NCST. “Esta unidade não nos envergonha, pois
estamos ao lado dos empresários que defendem o Brasil”, destacou Paulo Pereira
da Silva, presidente da FS.
O presidente da
União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu, trouxe o ponto de vista dos
estudantes para o ato. “Estamos aqui para defender e ressaltar a importância de
um projeto nacional de desenvolvimento para o país, para que sua juventude e
toda sua população tenham melhores condições de vida. O Brasil não pode se
tornar a sexta economia mundial com apenas 15% de seu PIB ligado à indústria”,
protestou.
Os empresários,
por sua vez, fizeram questão de ressaltar a mobilização dos trabalhadores presentes
ao ato, destacando a necessidade de unir os dois setores neste momento de crise
da indústria. “Este é um dia histórico. Não tem sentido o Brasil exportar
metade de seu algodão, justamente no ano de sua maior colheita, para depois
importar 50% de seus produtos têxteis”, pontuou Alfredo Bonduki, presidente do
Sindtêxtil de São Paulo.
“Essa situação é
inadmissível. Precisamos de condições mais justas para concorrer com os
produtos de outros países”, destacou Aguinaldo Diniz, presidente da Abit,
lembrando que a indústria têxtil é a segunda maior geradora de empregos do
país.
Paulo Skaf,
presidente da Fiesp, destacou que o ato é um movimento da sociedade do século
21, organizado e com a participação de cidadãos que buscam soluções para um
problema concreto do país. “As medidas anunciadas pelo governo foram boas, mas
ela está combatendo os efeitos da desindustrialização, não sua causa. E a
principal causa é a falta de competitividade do Brasil. Temos que combater essa
causa”, afirmou.
Próximos atos
Após os atos
realizados em Porto
Alegre e São Paulo, agora o Grito de Alerta percorrerá outras
cidades brasileiras. Nesta semana, será a vez de Belo Horizonte, no dia 12, e Manaus,
13. Também estão previstos atos em Salvador (a definir), Recife (a definir) e
Brasília (10 de maio). Além disso, as comemorações do 1º de Maio Unificado
deste ano terão como mote principal a questão da desindustrialização.
Fernando Damasceno – Portal CTB
Fotos: CTB e Joca Duarte
Fernando Damasceno – Portal CTB
Fotos: CTB e Joca Duarte
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