Duzentos milhões de jovens de países em desenvolvimento, com idade
entre 15 e 24 anos, não completaram o ensino primário, equivalente ao ensino
fundamental no Brasil, e precisam de caminhos alternativos para adquirir
habilidades básicas para o emprego.
O número representa 20% da população desses países nessa faixa
etária e foi apresentado no 10º Relatório de Monitoramento Global de Educação
para Todos, publicado hoje (16) pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O relatório mostra que a população jovem do mundo é a maior que já
existiu e que um em cada oito jovens está desempregado. Além disso, mais de 25%
estão em trabalhos que os deixam na linha da pobreza ou abaixo dela,
equivalente a um rendimento inferior a US$ 1,25 por dia.
O documento ressalta que “a profunda falta de qualificação da
juventude é mais nociva do que nunca”, neste momento de crise econômica que
continua afetando sociedades de todo o mundo.
A publicação avalia que houve progresso significativo em algumas
regiões, mas poucas estão no caminho para atingir as seis metas previstas no
Acordo de Dacar (Senegal), assinado por 164 países durante a Conferência
Mundial de Educação de 2000.
Pelo acordo, até 2015 devem ser cumpridas as seguintes metas:
expandir cuidados na primeira infância e educação; universalizar o ensino
primário; promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e
adultos; reduzir o analfabetismo em 50%; alcançar a paridade e igualdade de
gênero; melhorar a qualidade da educação.
Analfabetismo
Em todo o mundo, 250 milhões de crianças em idade escolar primária
não sabem ler ou escrever, frequentando ou não a escola. Entre os adolescentes,
71 milhões estão fora da escola secundária, perdendo, segundo a pesquisa, a
oportunidade de adquirir habilidades vitais para um emprego digno no futuro.
As populações jovens pobres são as que mais precisam de
capacitação, principalmente das áreas rurais. “Muitos jovens fazendeiros, com
problemas de escassez de terras e efeitos da mudança climática, não têm sequer
as habilidades básicas necessárias para se proteger e se sustentar”, conclui o
estudo. No Brasil, aqueles que moram na zona rural têm o dobro de chance de ser
pobres e 45% não completaram o ensino fundamental.
Segundo a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, o mundo está
testemunhando uma geração jovem frustrada pela disparidade crônica entre
habilidade e emprego. “A melhor resposta à crise econômica e ao desemprego de
jovens é assegurar a capacitação básica e relevante de que precisam para entrar
no universo do trabalho com confiança”, disse.
Para ela, esses jovens precisam ter caminhos alternativos para a
educação, para conseguir as habilidades necessárias à sobrevivência, a viver
com dignidade e contribuir com suas comunidades.
O relatório mostra, ainda, que não investir nas habilidades de
jovens tem efeitos de longo prazo visíveis em todos os países. Mesmo nas nações
desenvolvidas, a estimativa é que 160 milhões de adultos, ou 20% deles, não
tenham requisitos mínimos para se candidatar a um emprego, como ler um jornal,
escrever ou fazer cálculos.
Por isso, a Unesco defende que investir no desenvolvimento das
habilidades de jovens é uma estratégia inteligente para países que querem
impulsionar seu desenvolvimento econômico.
A partir dos dados, a entidade alerta que apesar de a área
econômica ser a primeira a se beneficiar da mão de obra mais qualificada, o
setor privado contribui muito pouco na educação dos jovens, com apenas 5% dos
fundos oficiais. Além disso, recomenda que governos e países doadores de fundos
globais para a educação se empenhem para garantir o investimento necessário.
Fonte: Agência Brasil.
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