Superar o desafio de
incorporar a energia transformadora da juventude que trabalha e estuda ao
movimento dos trabalhadores e trabalhadoras e intensificar a luta para que o
Brasil avance mais rapidamente, incluindo a juventude da cidade e do campo no
projeto nacional desenvolvimento. Estas são algumas das propostas contidas na
carta “Unir a juventude que trabalha e
estuda na luta sindical”, aprovada no encerramento do 2º Encontro
Nacional da Juventude da CTB, neste domingo (30), em Belo Horizonte.
A carta, que será encaminhada
à direção nacional da Central como contribuição para os debates do 3º Congresso
da CTB, que ocorrerá em agosto, também aponta uma série pontos para organizar a
juventude trabalhadora da CTB, como: criação de secretarias de juventude em
todas as CTBs estaduais e diretorias de entidades filiadas; garantia de previsão
orçamentária para a Secretaria de Juventude; ampliação da organização da
Juventude da CTB nos ramos onde a Central está presente; criação da escola
nacional da CTB com garantia de participação dos jovens; e realização de festivais
da juventude do campo e da cidade, entre outros.
Coletivo
No final do encontro, que
teve início na sexta-feira (28), também foram definidos os membros do Coletivo
Nacional de Juventude da CTB, que integra
homens e mulheres do campo e
da cidade, de diversos ramos e de estados de quatro regiões do País. São eles: Vitor
Espinoza (CTB-RS), Igor Pereira (CTB-RS), Juliana Matias (CTB Minas), Wallace
Melo (Sinpro-PE), Alfredo Santiago (CTB-BA), Rose Santos (Sindicato dos
Bancários de Sergipe), Maria Alves (Fetaemg), Dorenice Flor (Contag), Renato
Pires (CTB-MS), Robson Porto (Sindicato dos Metalúrgicos de Betim - MG), Wellington
Guilherme (Sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna - SP), Luciane Severo (Sindicato
dos Sapateiros Campo Bom - RS) e Kleiton Alder (Sindicato dos Metalúrgicos da
Camaçari - BA).
“O Coletivo Nacional que sai
deste encontro é muito representativo, composto por entidades fortes de grandes
ramos e de estados onde a CTB está organizada. Não é pouca coisa conseguir o
compromisso destas entidades com a luta sindical nacional da juventude da CTB. Damos
um salto e nos armamos para, na próxima gestão da CTB e da Secretaria da
Juventude, poder realizar um trabalho mais coletivo, mais organizado e mais
forte, dialogando com as preocupações da juventude e do Brasil”, disse o
secretário nacional de Juventude da CTB, Paulo Vinícius.
Participação
A grande representatividade
dos delegados e a participação de lideranças nacionais no encontro também foram
ressaltadas pelo secretário de Juventude. “Tivemos neste um encontro mais de 30
entidades, que representam centenas de categorias e milhares de trabalhadores,
e a presença de importantes lideranças, como a presidenta da União Brasileira
dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Manuela Braga; a presidenta Associação Nacional dos Pós-Graduandos
(ANPG), Luana Bonone; e o dirigente
nacional da CTB Adilson Araújo, que veio para ouvir, dar sugestões e firmou
compromissos que sinalizam apoio à juventude”.
Sobre as manifestações
realizadas no Brasil nas últimas semanas e a tentativa da direita em disputar a
juventude, Paulo Vinícius disse que as reflexões realizadas durante o encontro
contribuíram para que a juventude da CTB se posicione nesta batalha com mais
força, defendendo a pauta de reivindicações da classe trabalhadora.
O coordenador do Coletivo
Nacional de Juventude da CTB, Vítor Espinoza, elogiou o encontro. “Foi
excelente, pois conseguimos realizar um amplo debate sobre diversos temas de
interesse da juventude trabalhadora, como os problemas enfrentados pela
juventude trabalhadora urbana e rural, a precarização do trabalho, a questão do
estágio e as recentes manifestações”.
Segundo Vítor, a juventude
trabalhadora da CTB tem que ir para as ruas participar das manifestações e
defender pautas como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais
sem redução do salário, o fim do fator previdenciário, a destinação de 10% do
PIB e de 100% dos royalties do pré-sal para a Educação e a democratização da
mídia.
Opiniões
Confira a opinião de outras
lideranças que participaram do 2º Encontro Nacional da Juventude da CTB:
Maria Alves de Souza (Fetaemg):
“O encontro garantiu o fortalecimento e a criação de novas estratégias para
contribuir com o processo construção política da CTB e dos sindicatos,
federações e confederações filiados a ela. Saímos do encontro com a possibilidade
de uma maior participação e visibilidade da juventude no 3º Congresso da CTB e em
espaços estratégicos de decisões políticas da sociedade como um todo. Valeu a
pena participar deste encontro porque garantiu a qualificação e formação
política dos jovens que aqui estiveram, que servirão de multiplicadores em suas
bases, nos seus sindicatos e por onde quer que passem no processo de
participação social”.
Alfredo Santiago de Jesus
Junior (Sindicato dos Comerciários de Salvador -BA): “O encontro foi um espaço
de debates que abriu novos horizontes frente aos acontecimentos no País, nos orientando
como proceder e caminhar neste novo momento de junção da luta social com a luta
sindical para que os trabalhadores também tenham sua pauta de reivindicações
atendidas e, com isso, avançar na qualidade de vida tanto enquanto trabalhador(a)
e cidadão(ã) deste País. O debate também nos proporcionou como construir de
fato um elo mais próximo do contato com os trabalhadores no seu local de
trabalho. Tivemos a oportunidade de expressar o que os trabalhadores estão
sentindo e passando, o que costuma ficar nos bastidores e o movimento sindical nem
sempre consegue visualizar”.
Lucas Nascimento da Silva (CTB
Maranhão): “Vim para este encontro com o objetivo de absorver o maior número de
informações possíveis. Aqui, abri muito a minha visão política e tive a
oportunidade de discutir com jovens de todo o País, de maneira eficiente e forte,
diversas questões sofridas pelos trabalhadores. Aprendi que a juventude tem que
se unir e se organizar para ampliarmos nossa participação nos sindicatos e na
própria CTB. Considero que a construção do Coletivo Nacional de Juventude da
CTB foi muito importante, porque vai nos aproximar da direção nacional e das
esferas governamentais, podendo, assim, defender o jovem trabalhador. Saio deste
encontro com a convicção de que devemos nos unir, trabalhar e mostrar para o
Brasil que o jovem trabalhador e o jovem sindicalista têm que ser ouvido e
respeitado”.
Juliana Matias (CTB Minas): O encontro aqui em Minas foi muito
propulsor. Fortalece a CTB na ação, crescimento e valorização da classe
trabalhadora, principalmente aos trabalhadores que trabalham e estudam e os
rurais. O Coletivo Nacional de Juventude certamente proporcionará um diálogo ainda
maior com a Central e com os próprios trabalhadores e trabalhadoras”.
Carta
Leia a íntegra da carta do
2º Encontro da Juventude da CTB:
Unir a juventude que
trabalha e estuda na luta sindical
A luta dos trabalhadores e
trabalhadoras e da juventude nunca dormiu. Em 2013, o povo na rua nas maiores
marchas desde o Fora Collor dá uma outra força para avançar nas mudanças e
mudar a fase do projeto iniciado com a vitória de Lula em 2003. Queremos mais
direitos e desenvolvimento. E precisamos lutar por isso, pois a crise mundial
do capitalismo só tem a oferecer miséria, precarização do trabalho, guerras e
degradação do meio ambiente. No Brasil, a direita neoliberal liderada pela
mídia golpista fará de tudo para interromper o ciclo de vitórias conquistado
pela juventude e os trabalhadores.
Expressar a liberdade nas
ruas e nas redes, a juventude quer seu lugar no Projeto Nacional de
Desenvolvimento. As marchas expressam a luta pela mobilidade e o direito a
cidade, melhores serviços na área da saúde e educação, profunda transformação
na política, que não representa o povo, mesmo com os avanços que tivemos.
Contra isso haverá a resistência e as manipulações das velhas elites. É preciso
evidenciar que a mobilidade urbana, os serviços de saúde e educação não vão
melhorar enquanto os gastos com banqueiros e especuladores tomarem quase metade
do orçamento do Brasil, inviabilizando o desenvolvimento e o lugar da
juventude.
A origem da corrupção é o
peso do dinheiro na eleição dos representantes. Basta de eleger somente quem os
banqueiros, os latifundiários e empresários financiam. Queremos o lugar das
mulheres, da juventude, dos negros, da classe trabalhadora. Política não é
mercadoria. Reforma política já, com financiamento público e exclusivo de
campanha.
A mídia continuará tentando
manipular o povo e criminalizar os movimentos sociais enquanto houver o
monopólio dos meios de comunicação. A juventude e os trabalhadores(as) estão
nas ruas para expressar a liberdade que não encontram na telinha e nos
jornalões. É preciso uma nova lei que desconcentre os meios de comunicação,
garantindo liberdade, pluralidade e diversidade. Por uma nova lei da mídia
democrática já!
Posicionar a juventude
trabalhadora nas lutas
Nesse cenário a juventude da
CTB realiza em Belo Horizonte o seu 2º Encontro Nacional. Depende de nós o
desafio de incorporar a energia transformadora da juventude que trabalha e que
trabalha e estuda ao movimento dos trabalhadores e trabalhadoras. Somos mais de
60% da população economicamente ativa, sofremos na pele a dificuldade de
conciliar trabalho e estudo, a precarização do trabalho, o desemprego. Lutamos
por um Brasil desenvolvido no campo e na cidade, que respeite nossa voz e
diversidade, sem preconceitos por nossa idade, orientação sexual, cor da nossa
pele, convicções políticas. Queremos mais direitos, e só com unidade da classe
trabalhadora em luta que conseguiremos vitórias.
Para isso, a juventude da
CTB dialoga com o 3º Congresso dessa vitoriosa central que já reúne cerca de
10% o sindicalismo em apenas cinco anos. Estamos convencidos da importância de
nosso diálogo com a juventude trabalhadora a serviço de nossa central. O povo unido jamais será vencido, e
acreditamos muito na união dos jovens trabalhadores, estudantes e mulheres para
impulsionar o fortalecimento da luta dos trabalhadores. Com esse bloco podemos
acelerar as mudanças, botar o pé no acelerador e trocar de marcha.
É preciso traçar alguns
pontos para organizar esse time da juventude trabalhadora da CTB:
- 40 horas semanais já! Fim
do fator previdenciário;
- Nenhuma direção da CTB ou
sindicato da CTB sem secretaria da juventude! Queremos oportunidade de
contribuir para as decisões da luta dos trabalhadores(as);
- Garantir na previsão
orçamentária da CTB orçamento próprio da Secretaria de Juventude para as ações
e atividades desta;
- Intensificar a luta pela
educação. 10% do PIB para educação de qualidade, com creches para o povo,
educação pública para a cidadania e o mundo do trabalho em todos os níveis no
campo e na cidade com valorização dos trabalhadores da educação;
- Lutar por oportunidades de
permanência da juventude no campo, garantindo a sucessão rural, fortalecendo a
educação do campo;
- Lutar por reforma agrária
garantindo assentamento dos jovens trabalhadores (as) rurais;
- Lutar pelo empoderamento
das mulheres em todos os espaços, com equidade salarial de gênero;
- Fora Feliciano! Contra a
homofobia;
- Levar o debate do estágio
e ingresso no mundo do trabalho para as entidades representativas dos
estudantes (grêmios, partidos e movimentos estudantis);
- Fortalecer o
relacionamento da juventude da CTB com as centrais da América do Sul e em
especial do cone sul Venezuela e Cuba;
- Criar condições para a
conciliação do trabalho e estudo;
- Combater o assédio moral e
sexual;
- Apoiar o projeto de lei de
iniciativa popular que regulamente e democratize a mídia;
- Ampliar e melhorar a
comunicação dos nossos sindicatos, aumentando a produção e divulgação de
materiais em áudio e vídeo, disponibilizando o compartilhamento desses arquivos
na internet;
- Mais transparência no
sistema “S” contemplando: inclusão da formação voltada á agricultura de pequena
e média escala e a ao empreendedorismo rural;
- Participar dos encontros
de estudantes técnicos com campo e cidade;
- Lutar para garantir a
qualidade do ambiente de trabalho, e combater a exploração da mão de obra
juvenil cobrando que o Ministério do Trabalho tenha uma posição em defesa dos
trabalhadores(as);
- Realizar festivais da
juventude do campo e da cidade;
- Realizar reuniões do
Coletivo Nacional para o ano com a CTB;
- Ampliar a organização da Juventude da CTB nos ramos
onde estamos mais organizados;
- Criar uma escola nacional da CTB com garantia de
participação dos jovens.
A juventude trabalhadora do campo e da cidade
protagonista das mudanças que o Brasil necessita, fortalecendo as ações da
juventude brasileira com as nossas bandeiras.
Belo Horizonte, 30 de junho de 2013.
Fonte: CTB
Minas. Texto e foto: Eliezer Dias.
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