Em uma assembleia
participativa, realizada na manhã do último domingo (10), os metalúrgicos de
Betim e Região voltaram a rejeitar, em votação unânime, a proposta de reajuste
oferecida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg),
rechaçaram a proposta patronal de implantação do banco de horas nas fábricas e
decretaram “Estado de Greve” na categoria.
Com isso, num prazo de 48
horas de comunicação da decisão dos trabalhadores aos patrões, as fábricas
metalúrgicos situadas em Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas - base de
representação do Sindicato - podem ter a produção paralisada a qualquer momento.
Durante a assembleia, ficou
evidente o descontentamento dos trabalhadores da categoria com a chantagem
feita pela Fiemg, que condiciona a elevação do percentual de reajuste de 5,9% à
aceitação, por parte da categoria, da implantação do banco de horas.
“Esta é uma proposta
inaceitável”, reafirmou, durante a assembleia, o presidente do Sindicato, João
Alves de Almeida, explicando em seguida os motivos do inconformismo dos
trabalhadores com este sistema de compensação.
“Em Betim, os metalúrgicos
já viveram uma experiência negativa com o banco de horas. Além disso, é uma
forma de compensação pela qual o empregado trabalha sem receber, tem suas
folgas exclusivamente determinadas pela empresa e, além do mais, passa a ficar mais
tempo dentro da fábrica e, portanto, mais longe do convívio social com a
família e amigos”, enumerou.
Presente à assembleia, o
dirigente sindical Francisco Xavier, que integra a diretoria do Sindicato dos
Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem – entidade que faz parte da Campanha
Salarial Unificada 2013 – também condenou o banco de horas e conclamou os
trabalhadores para resistirem à proposta patronal. “Unidos aos sindicatos,
temos que ter muito resistência, coragem e perseverança na luta par não
cedermos, em hipótese alguma, à chantagem da Fiemg”, sugeriu.
“Esta é uma luta de todos os
metalúrgicos, que não podem aceitar a retirada de direitos e a imposição do
banco de horas pela Fiemg”, reforçou o vereador Tiago Santana, do PCdoB de
Betim, que criticou o fato de muitas empresas receberem incentivos fiscais dos
governos municipal, estadual e federal, como terrenos e isenção de impostos, e
não darem uma contrapartida social ao valorizar com salários mais dignos e
condições de trabalho adequadas seus trabalhadores.
Também o presidente da
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), seção Minas Gerais,
Marcelino da Rocha, voltou a criticar a diferença salarial entre metalúrgicos
de várias regiões do país, que coloca os trabalhadores da categoria em Minas
Gerais na quarta pior posição no que diz respeito aos pisos salariais.
“Enquanto em muitos outros
estados, como na Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul,
metalúrgicos já têm acordos com mais de 2% de aumento real, aqui em Minas,
sofremos com uma proposta vergonhosa da Fiemg, a única que foi apresentada
nestes três meses de negociações”, acentuou. “Mobilizados nas fábricas e unidos
aos sindicatos, temos a oportunidade de parar muitas fábricas, a partir da
decretação do “estado de greve” e de, assim, fazer a diferença para melhor
nesta Campanha Salarial Unificada”, complementou.
Em audiência de conciliação
realizada na última quinta-feira (7), na Superintendência Regional do Trabalho
e Emprego, ficou acertado que metalúrgicos e patrões voltam à mesa de
negociações no próximo dia 19.
Fonte: Departamento de
Imprensa – Sindbet.
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