Representantes sindicais denunciaram aos deputados
da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
(ALMG) que membros da Polícia Militar estariam impedindo manifestações e
promovendo perseguições a trabalhadores durante campanhas por melhorias
trabalhistas no Estado. As queixas foram feitas em audiência pública realizada
nesta segunda-feira (9/12/13), a pedido do deputado Durval Ângelo (PT), para
tratar do problema.
De acordo com o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, Geraldo Maria Valgas Araújo, os
policiais usam de truculência contra os trabalhadores há muito tempo. Ele
denunciou que membros da corporação são vistos dentro das empresas, onde se
alimentam e prestam serviço de segurança particular. “São policiais civis,
militares e reformados, que criam espécies de milícias, usando o poder público
em benefício de interesses privados”, disse.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de
Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas, João Alves de Almeida, acrescentou que a
Fiat persegue os movimentos sindicais dos seus trabalhadores com uso de força
policial. Segundo ele, viaturas são vistas dentro da empresa diariamente. Além
disso, de acordo com ele, as empresas proíbem seus empregados de se associar,
participar e até mesmo ler os informativos dos sindicatos. “O Bola – envolvido
no suposto assassinato de Eliza Samúdio a mando do ex-goleiro Bruno - já foi
contratado para nos intimidar”, afirmou.
Criminalização – O
presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB),
Marcelino da Rocha, lamentou que a ameça aos direitos sindicais exista há muito
tempo sem a devida intervenção do poder público. Para ele, as empresas têm
usado o que chamou de “bandidos travestidos de policiais” para sua segurança
privada. “Há criminalização dos trabalhadores em todas as categorias. É preciso
que a Fiemg pense menos em lucratividade e mais em dialogar com os sindicatos”,
salientou, referindo-se à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais.
A repressão policial durante o movimento grevista
dos professores em 2011, a Copa das Confederações neste ano e as campanhas
salariais da Cemig e outras categorias foi lembrada pela presidente da Central
Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira. Para ela, o desrespeito
com as mulheres tem sido um agravante, e o único diálogo do Estado com os
trabalhadores tem sido feito por meio do aparelho repressivo. “Há o uso de
tropa de choque, cães, serviço de inteligência e viaturas ocupadas por
policiais armados. Não entendo como um grupo de mulheres, muitas delas
aposentadas ou em companhia dos seus filhos, pode representar qualquer risco à
sociedade”, disse.
Neste contexto, ela acusou o crescimento da
violência em Minas Gerais, principalmente pela falta de ações preventivas e
repressivas das forças de segurança. “Peço à comissão que participe das
manifestações; questione o Estado sobre o efetivo policial nas fábricas, assim
como o setor de inteligência que se infiltra nas ações sindicais; e por que a
corporação não concentra esforços na proteção da população”, finalizou.
Providências – Ao
final, o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo, recebeu das mãos dos
representantes sindicais um dossiê que comprovaria a ação policial nas empresas
privadas. Ele se comprometeu a solicitar o envio das notas taquigráficas da
reunião à Organização Internacional do Trabalho (OIT), à Comissão do Trabalho
da ALMG, à Corregedoria da PM, à Secretaria de Estado de Defesa Social e à
Promotoria dos Direitos Humanos. Para o parlamentar, esses fatos remetem aos
tempos de ditadura militar. “Há perseguição, criminalização e violência contra
os trabalhadores. Iremos traçar ações para 2014, inclusive em órgãos
internacionais, para acabarmos com esse tipo de prática”, concluiu.
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