8 de set. de 2015

Frente Brasil Popular cria unidade da esquerda no país


Mais de duas mil pessoas que representam diversos segmentos do movimento social, sindical, estudantil e de partidos de esquerda do País se reuniram neste sábado (05/09) em Belo Horizonte para lançar a Frente Brasil Popular. Um dia de intenso debate marca a unificação da esquerda em defesa da democracia, contra a pauta conservadora e medidas de austeridade em curso no Congresso Nacional. A Conferência Nacional Popular, realizada no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou a primeira agenda de mobilização nacional para o dia 05 de outubro. 
A abertura do encontro contou com a participação da presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, e o presidente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. Estiveram na capital mineira dezenas de lideranças nacionais de entidades sociais, sindicais e de partidos políticos que comemoraram o lançamento da Frente. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB esteve representada por dirigentes nacionais e estaduais.
A escolha da capital mineira para sediar o lançamento nacional da Frente Brasil Popular também coloca na trincheira os projetos em disputa no país. O presidente da CTB- Minas, Marcelino Rocha, chama atenção para o poder simbólico de Minas Gerais, "um estado que derrotou fragorosamente o retrocesso em busca de avanços democráticos", afirmou, referindo-se à rejeição do eleitorado mineiro ao então candidato presidencial Aécio Neves, no ano passado.

Além da defesa clara da democracia, contra o golpe planejado por setores reacionários brasileiros, os participantes bombardearam a política econômica de ajuste fiscal, corte de direitos e elevação dos juros. Carina Vitral apontou a necessidade de se fazer um contraponto ao movimento golpista no país. “As elites do país vão para as ruas defender a volta da ditatura militar e uma série de ideias conservadoras que nós não compactuamos. Essa frente é um contraponto não só para as políticas econômica do governo mas também às ideias conservadoras que a direita está levando para as ruas”, pontuou. 
Stédile comemorou a promessa de unificar o calendário de luta do movimento progressista no país, alertou para a crise que ocorre no mundo e os caminhos encontrados para supera-las.  “É indiscutível que a sociedade brasileira vive uma grave crise de caráter econômico e político. Frente à esta crise, as classes precisam apresentar propostas. A burguesia brasileira, o poder econômico, tem a sua proposta que  é voltar ao neoliberalismo. É Estado mínimo, cortar ministério, cortar gastos sociais, elevar juros, e realinhar nossa economia aos Estados Unidos. Nós, como classe trabalhadora, somos contra a este projeto porque achamos que isso não vai tirar o Brasil da crise. Estamos aqui hoje para construirmos uma proposta da classe trabalhadora.”
Grupos de debate



Após a mesa de abertura os delegados e delegadas da Conferência se organizaram em oito grupos para debater os temas abordados para o enfrentamento político. Os eixos debatidos entre os grupos foram: a defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos sociais; defesa da democracia e por outra política econômica; soberania nacional e processos de integração latino-americanos; reformas estruturais e populares.




Entre os participantes dos grupos de trabalho, a militância e dirigentes da CTB, parlamentares do PT, PCdoB, PMDB e PSB. Para a coordenadora geral do Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) e dirigente da CTB, Gilda Almeida de Souza,  a unidade é uma necessidade histórica para os movimentos sociais. “A CTB se integra totalmente a esta Frente, participando e sendo protagonista no processo de construção desse movimento.”
O jornalista e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, Altamiro Borges, destaca a importância dos dois pontos centrais que unificam a criação da Frente, além do respeito irrestrito ao resultado das eleições de 2014.   
“Daqui saem as principais bandeiras contra o retrocesso deste cerco midiático e judicial das organizações fascistas que poluem a sociedade brasileira. Outro ponto de unidade é de pressão por mudanças na política econômica, contra a ortodoxia neoliberal da política de juros e austeridade fiscal.”
Ao final do dia foi realizado um ato político com o pronunciamento dos representantes dos movimentos que integram a Frente. Novamente a defesa da democracia e a pressão por mudanças na política econômica foram lembradas pelas lideranças. O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana esteve no palco acompanhado pelos representantes de diversos segmentos. “Para combater as maquinações golpistas e defender a democracia é o melhor caminho para avançar no atendimento das nossas reivindicações. Para construir uma política econômica que valorize o trabalho, que distribua renda e que tenha como norte uma estratégia de desenvolvimento e não de ajustes recessivos”.   


Organizam a Frente a CTB, CUT, MST, Via campesina, MPA, MMC, MAB, MAM, MCP, FUP (Federação Única dos Petroleiros), CONEN, UNE, Levante Popular da Juventude, FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) , Consulta Popular, Marcha Mundial das Mulheres, Rede de Médicas/os Populares, Associação de Juizes pela Democracia, RENAP, SENGE-Rio, Sindicato de Professores, Metalúrgicos do RS, Pastorais Sociais, igrejas, Central de Movimentos Populares-CMP.
Música e cultura
Em diversos momentos do dia, as intervenções culturais embalaram as bandeiras de lutas. No início da noite, para encerrar a Conferência, foi lida uma poesia de cordel sobre a criação da Frente construída coletivamente. Logo após o compositor mineiro Pereira da Viola ecoou a canção que também dá vida a criação da Frente. “Esse é o nosso país. Essa é a nossa bandeira. É por amor a essa pátria, Brasil. Que a gente segue a fileira” diz um trecho da música. 

Cordel da Frente da Frente Brasil Popular
A conjuntura é complexa 
É difícil a situação 
Pra enfrentar essa peleja 
Tem que ter disposição 
Com coragem e ousadia 
Com força e união 
A burguesia não suporta 
Ver o povo brasileiro 
Do sulista ao nordestino 
Do caipira ao pantaneiro 
Construindo o seu destino 
E escrevendo o seu roteiro 
É pra isso que estamos 
Reunindo tanta gente 
De todo o nosso Brasil 
Com sotaque diferente 
De várias organizações 
Para lançar essa Frente 
Nessa frente popular 
Não fica ninguém pra trás 
Vem do campo e da cidade 
Das entidades sindicais 
Dos batuques juvenis 
Dos movimentos sociais 
Vamos pintar essa frente 
Com as cores do arco-íris
Contra o fundamentalismo 
Com o preto do nosso povo 
Pra enfrentar o racismo 
Com o lilás das mulheres 
Pra derrotar o machismo 
O nosso primeiro motivo 
É importante anotar 
É a defesa da democracia 
E do voto popular 
Que deu seu recado nas urnas 
Não há o que contestar 
Mas essa frente se criou 
Não foi só para a defesa 
É preciso ir pra cima 
Temos que virar a mesa 
Pois se já roemos o osso 
Agora é bife à milanesa 
Queremos mais igualdade 
E menos ajuste fiscal 
Se a economia está feia 
E a situação é infernal 
Vamos ajustar de quem tem 
Mais moedas no bornal 
Tem medida provisória 
E tem terceirização 
Rasgando nosso direitos 
Lá na Constituição 
Pra prejudicar o trabalho 
E beneficiar o patrão 
Queremos Reforma Agrária 
E melhor alimentação 
Queremos Reforma Urbana 
Com transporte e habitação 
Queremos mais saúde 
Mais emprego e educação 
O nosso país precisa 
De um grande mutirão 
De mudanças profundas
Com o comando do povão 
Que sob o céu de BH 
Se ajuntou pra lançar 
A semente da vitória 
A FRENTE BRASIL POPULAR


A escolha da capital mineira para sediar o lançamento nacional da Frente Brasil Popular também coloca na trincheira os projetos de disputa do País. O presidente da CTB-Minas, Marcelino Rocha, chama atenção para o poder simbólico de Minas Gerais, “um estado que derrotou fragorosamente o retrocesso e a busca avanços democráticos” sinalizou. 

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